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Dia dos Povos Indígenas marcado pela resistência em meio a pandemia

Celebrado nesta segunda-feira (19), o “Dia do Índio” ou “Dia dos Povos Indígenas” acontece em meio à pandemia do novo coronavírus pelo segundo ano consecutivo, que agravou ainda mais a vulnerabilidade das comunidades indígenas e a forçou mudanças de hábitos preservados há séculos.

O DRD conversou com a Fundação Nacional do Índio de Governador Valadares (Funai) e com representantes indígenas da região Leste, que falaram sobre os desafios enfrentados nesta pandemia e como a data tem sido comemorada ao longo dos anos, além do alcance da vacinação contra a covid-19 até o momento.

De acordo com o agente indigenista da Funai em Valadares, Pablo Mattos Camargo, a programação comemorativa do “Dia do Índio” sofreu alterações devido a pandemia. “Estamos vivendo um contexto bem diferente por causa da pandemia, então tá bem atípico. A Funai ao longo do dia estará realizando eventos virtuais, nada presencial. Antes da pandemia, esta data era comemorada nas aldeias; cada grupo realizava suas apresentações culturais. Mas por questões de segurança eles decidiram acompanhar os eventos da Funai. A pandemia fez com que muitas comunidades se resguardassem mais em suas aldeias”, explicou.

Segundo Pablo, mas do que preservar a cultura dos povos indígenas é preciso garantir o direito e proteção das terras indígenas. “A Funai tem como objetivo resguardar e garantir o território indígena. Ali é a base de tudo para dar suporte para aquele povo nas questões de saúde e educação. Claro que, com muita dificuldade, por questões orçamentárias, a gente tem se desdobrado para garantir essas políticas públicas. A Funai reafirma o seu compromisso com a proteção e promoção dos direitos das populações indígenas e com a autonomia das diferentes comunidades, sempre respeitando os usos, costumes e tradições de cada etnia. O desafio continua o mesmo: o fomento da cultura dos povos indígenas, fornecendo condições, ainda, para que estas comunidades possam continuar a se desenvolver no período pós-pandemia”, diz.

Cultura indígena no Vale do Rio Doce

Em Minas Gerais existem 14 aldeias indígenas: Aranã, Catu-Awá-, Arachás, Kaxixó, Kiriri, Krenak, Maxakali, Mucuriñ, Pankararu, Pataxó, Pataxó Hã-Hã-Hãe, Puris, Tuxá, Xacriabá, Xukuru-Kariri, além dos indígenas não aldeados. Só na região do Vale do Rio Doce são três etnias, os Krenak, Mucuriñ e Pataxós, e no Vale do Mucuri, os Maxakalis.

Uma das aldeias mais conhecidas é a Krenak, localizada no município de Resplendor, a 139 quilômetros de Governador Valadares. O povo krenak vive em um espaço com aproximadamente 4 mil hectares de área e realiza atividades diárias relacionadas à proteção ambiental, como plantio de árvores e recuperação de nascentes.

Shirley Krenak, liderança da aldeia Krenak, fez uma reflexão para o atual momento, lembrou dos impactos da pandemia e criticou atos de desmatamento e mineração. “Estamos perdendo muita gente na pandemia, mas também tem acontecido outras mortes, mortes da nossa terra e do nosso rio. Nós somos resistência no Vale de Minas Gerais há muitos anos. Esse progresso que visa destruir o mundo não vai nos cortar, porque as nossas raízes são tão profundas que não seremos vencidos. Somos um povo empoderado na luta 24 horas por dia. Essas empresas de mineração entram na nossa terra e destrói as nossas vidas. A nossa mata foi totalmente devastada pelo progresso que esses políticos tanto falam e defendem. Que tipo de progresso é esse que mata? A sociedade esquece rápido do que aconteceu conosco depois do rompimento da barragem da Samarco. Será que a sociedade não pode avançar sem destruir? É esse questionamento que eu quero deixar para o dia de hoje”, reclama.

“A luta maior dos povos indígenas hoje é sobreviver. A gente resiste para poder existir”.

Shirley Krenak
Shirley Krenak fez uma reflexão sobre o Dia do índio

Vacinação contra a covid-19

Dos grupos considerados prioritários pelo Ministério da Saúde, o dos povos indígenas vivendo em aldeias foi o segmento que recebeu maior cobertura vacinal contra a covid-19 em Minas, conforme a Secretaria do Estado de Saúde.

Apesar da vacinação dos povos indígenas estar bem avançada em Minas, não são todos que estão sendo vacinados. Pablo lembra que o Plano Nacional de Vacinação contra a covid-19 excluiu do grupo prioritário os indígenas que não vivem em terras indígenas, mas na cidade. “A vacinação contra a covid-19 tem quase alcançado 100% das comunidades indígenas da região. A gente pede que esta vacinação se estenda também para os não aldeados, que moram nas cidades e em acampamentos próximos à cidades. Qualquer grupo indígena é considerado como grupo em situação de extrema vulnerabilidade”, defende Pablo.

Indígenas pedem ampliação da imunização contra a covid-19 para os povos não aldeados

Recentemente, no dia 13 de abril, o Ministério Público Federal (MPF) também recomendou ao Distrito Sanitário Especial Indígena de Minas Gerais e Espírito Santo (DSEI/MGES), à Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais e à Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte que incluam, imediatamente, como grupo prioritário para vacinação contra a covid-19 todos os indígenas que vivem no estado de Minas Gerais, inclusive aqueles que residam em áreas urbanas.

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