Então hoje é Dia das Mães.
Eu gostaria muito de poder dar para todas as mães do Brasil o melhor presente neste momento: a vacina e o impeachment. Mas, infelizmente, eu sozinho não consigo fazer disso uma realidade.
Porém, resolvi usar as poucas capacidades que estão dentro do meu poder para trazer aos leitores um presente (que na verdade está mais para uma “lembrancinha”) neste Dia das Mães: um conselho de mãe.
Hoje não sou eu quem vai dar as indicações da semana. Na verdade, serão a minha mãe e a minha avó (mãe da minha mãe). Ei liguei para ambas e perguntei um filme/livro/série que elas gostam (e de preferência um que eu já tenha visto/lido para poder conseguir falar sobre). E é isso que eu trago para vocês.
Vamos começar pela matriarca-mor, a mãe da minha mãe. Talvez pela diretriz que especifiquei (que de preferência seja algo que nós dois já tenhamos visto), minha avó elegeu dois grandes clássicos da Sessão da Tarde: “Mudança de Hábito” (no original “Sister Act”) e “Ghost”. Eu achei muito curioso que, apesar da grande diferença de tom dos dois, a ligação entre ambos é a maravilhosa Whoopi Goldberg. Aparentemente, minha avó é uma fã dela, e se esse for o caso, é algo que temos em comum.
Eu amo o trabalho da Whoopi Goldberg desde que era criança e a via nos filmes da Sessão da Tarde e em “Star Trek – The Next Generation”. Inclusive, ela faz aquela que é potencialmente minha personagem preferida em toda a franquia Star Trek, chamada Guinan. Eu acho que Whoopi Goldberg é uma atriz que merece todo reconhecimento do mundo, porque, mesmo que o filme em que ela esteja não seja isso tudo, ela sempre se destaca com atuações impecáveis. Sem falar que o alcance do talento dela transcende os gêneros cinematográficos: ela arranca lágrimas em dramas como “A Cor Púrpura” (no original “The Color Purple”) ou arranca risos em comédias como “Segredos de uma Novela” (“Soapdish”); destaca-se em ficção científica como “Star Trek Generation” ou em fantasias como “Pagemaster – O Mestre da Fantasia” (coincidentemente os dois do mesmo ano). Ela pode ser uma hiena ajudante do vilão em Rei Leão (“Lion King”) ou deus em “It’s a Very Merry Muppet Christmas Movie”, e roubar a cena em ambos.
Mas eu divago…
Por mais fã que eu seja da Whoopi Goldberg, eu deveria estar falando dos filmes que minha avó sugeriu: “Mudança de Hábito” e “Ghost” (dois dos maiores sucessos da Whoopi, que só mostra o quanto ela brilha em tipos diferentes de filmes; ela, inclusive, ganhou um Oscar por “Ghost”… Tudo bem, parei…). Mas, realmente: eu preciso falar desses clássicos? Tem alguém aqui que não viu algum dos dois? Seja a hilária comédia musical ou o dramático romance sobrenatural? Se você é uma das raras pessoas que não os viu, devia remediar isso imediatamente. Se, por outro lado, você viu, devia procurar rever nesse Dia das Mães… E não sou nem eu que tô dizendo, é minha avó.
Já falei da escolha da minha avó. Então, deixe-me falar da escolha da minha mãe.
Eu tendo a ter um gosto de filmes diferentes dos meus pais. Tenho uma eterna discussão com cada um deles por motivos diferentes: meu pai se recusa a assistir qualquer Star Wars (e eu não vejo outro motivo para isso que não para “ser do contra” comigo… Sem contar que essa semana passada foi o “May The 4th”… Mas esse é outro caso…); já minha mãe se recusa a ver qualquer Senhor dos Anéis porque eles são “muito escuros”.
Mas, apesar dessas diferenças fundamentais, ao longo das décadas eu consegui influenciar minha mãe a gostar de algo que é uma grande paixão minha: animações. É uma obra que está constantemente em progresso, é claro. Atualmente, estou tentando a introduzir a “drogas mais pesadas”. Por exemplo, acabei de convencê-la a ver “Irmão do Jorel” e o novo “Ducktales”. Já no futuro espero conseguir levá-la aos grandes nomes como “Steven Universo”, “Avatar – The Last Airbender” e coisas assim.
Então, não me surpreendeu nada quando a resposta dela para minha pergunta (um filme/livro/série que você gosta que eu também já tenha visto) foi “desenho animado”. Ela lembrou de muitos desenhos que víamos juntos quando eu era criança, como “Thundercats” (e até hoje ela ainda me chama de “Mumm-Ra”). Logo depois começou a falar de filmes da Disney e/ou Pixar.
Só um adendo que não tem relação com a resposta da minha mãe, mas tem com o tema: eu me lembro quando ela me levou ao cinema pela primeira vez. Foi em 1994, na época que ainda havia cinemas propriamente ditos, não apenas as salas dentro dos shoppings, como é o caso hoje em dia. Nós fomos ver o Rei Leão no extinto Cine Fênix… Mas, novamente, eu divago.
Enquanto falávamos sobre animações da Pixar, minha mãe acabou por destacar uma como preferida. Uma que na minha opinião é figura entre as melhores da Pixar, para não dizer entre os melhores filmes como um todo: “Up – Altas Aventuras”.
Para quem não viu (e porque você deixaria de ver algum filme da Pixar? Tudo bem que eles de vez em quando dão uma bola fora tipo “Carros 2” ou o “O Bom Dinossauro”, mas via de regra os filmes deles são obras de arte), “Up” conta a história de Carl Fredericksen, um ex-vendedor de balões, agora um idoso viúvo que, em vias de perder a casa onde morava com sua finada esposa, tenta realizar o sonho deles de conhecer o “Paraíso das Cachoeiras” usando balões. Mas, em sua viagem, ele acaba tendo companheiros inesperados, como o jovem escoteiro Russell e o cão Dug.
Eu não vou contar o roteiro todo aqui, para te dar a chance de ver (ou rever) e se emocionar com esse filme lindo. Sendo bem sincero, desafio alguém a não ter se emocionado com aquela sequência de abertura… Se você viu o filme sabe exatamente do que estou falando; se não viu, veja. Essa sequência é uma aula de o que é cinema em seu potencial pleno.
Eu vou admitir que fiquei feliz da minha mãe ter elegido esse filme, porque não acho que haja algo melhor a ser escolhido. Algo de igual qualidade? Certamente. Algo melhor? Acho difícil. Essa demonstração impecável de bom gosto da minha mãe até me dá esperança de que um dia vou fazer ela entender que “Senhor dos Anéis” é uma das melhores coisas já filmadas na história (não que aqueles horríveis filmes do “Hobbit” tenham ajudado qualquer coisa no meu argumento… Mas, mais uma vez, eu divago…).
Então, neste Dia das Mães, deixo com vocês as indicações cinematográficas da minha mãe e da minha avó (a mãe da minha mãe). E é tipo quando sua mãe/avó te diz que você deveria levar um casaco ao sair, um conselho que é melhor seguir.
E para todas as mães que estão me lendo, deixo meu desejo (para além da vacina e impeachment) de um feliz Dia das Mães.
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