Deputados mineiros denunciam fura-filas e professores contaminados em Ipatinga

A decisão da Secretaria de Estado de Saúde (SES) de furar a fila da vacinação contra a Covid-19 em favor dos próprios funcionários administrativos e a determinação da Prefeitura de Ipatinga (Vale do Aço) de abrir as escolas municipais e privadas no auge da pandemia foram alvos de pronunciamentos indignados dos parlamentares na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na Reunião Ordinária de Plenário dessa quinta-feira (11).

As críticas ao secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, surgiram a partir de Reunião Especial realizada pela ALMG na quarta-feira (10), em que o próprio dirigente da pasta de saúde admitiu que aproximadamente 500 servidores administrativos do setor foram vacinados, por sua decisão. Muitos deles não têm contato com o público e portanto não seriam prioridade, de acordo com o Plano Nacional de Imunização.

Presidente da Comissão de Saúde da ALMG, o deputado João Vítor Xavier (Cidadania) cobrou providências do governador Romeu Zema (Novo) sobre os fura-filas da Secretaria de Saúde. “Até o dia de hoje, o problema do fura-fila é um problema do secretário de Saúde. A partir de agora, se não for resolvido, é um problema do governo”, afirmou o deputado.

João Vítor Xavier disse considerar correto que o próprio secretário de saúde tenha sido vacinado, pelo fato de ele visitar com frequência locais de atendimento aos doentes. “Ele de fato compõe a linha de frente (de combate à Covid)”, admitiu o parlamentar.

O presidente da Comissão de Saúde disse não aceitar, no entanto, que assessores de comunicação e secretárias que não têm contato com o público tenham sido vacinados, enquanto há idosos de 80 anos em Minas que não foram imunizados. João Vítor Xavier afirmou que o secretário tentou justificar algo imoral e que espera um comportamento diferente do governador. “Acredito na boa fé do governador. Ele não defende o que está errado”, declarou o deputado.

Outros parlamentares, como Cleitinho Azevedo (Cidadania) e Virgílio Guimarães (PT) defenderam explicitamente uma investigação da ALMG sobre a questão e, ao final da reunião, um pedido de instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o caso foi acatado pelo presidente da Casa, deputado Agostinho Patrus (PV).

Virgílio Guimarães ressaltou que o Plano Nacional de Imunização permite a priorização de servidores administrativos, desde que eles tenham contato com o público. Mas a Secretaria de Estado de Saúde não teria observado essa regra. “Houve uma interpretação abusiva da regulamentação. A Assembleia tem obrigação fiscalizatória”, afirmou o deputado petista.

Professores infectados pelo vírus

Denúncias graves relacionadas à pandemia também foram feitas pela deputada Beatriz Cerqueira (PT), segundo as quais a Prefeitura de Ipatinga teria determinado a volta ao trabalho de professores que testaram positivo para a Covid-19, mas que permaneciam assintomáticos. “Pasmem, alguns foram orientados a continuar trabalhando”, escandalizou-se a deputada.

Beatriz Cerqueira ressaltou que a rede de saúde de Ipatinga apresentou, nos últimos dias, índice de ocupação de 100% e até 103% das vagas para doentes de Covid-19, evidenciando colapso. “Ainda assim, o prefeito mantém a decisão de aulas presenciais”, afirmou a parlamentar. Isso abrangeria um total de 35 mil alunos das redes municipal e privada do município.

As denúncias, segundo a deputada, foram encaminhadas por profissionais de educação da rede municipal de Ipatinga. Foram enviadas fotos de aglomerações nas escolas e queixas de que a prefeitura não cumpre o próprio protocolo de saúde por ela determinado, não fornecendo equipamento de proteção individual aos profissionais de educação, entre outros pontos.

Desabafo – Na mesma reunião, o deputado Doutor Jean Freire (PT), que é médico e atua na linha de frente, fez um desabafo em nome dos profissionais de saúde. “Eu não aguento mais ver gente morrendo”, afirmou, “não banalizem a morte”. Ele ressaltou que o País registrou 2.286 mortes nesta quarta-feira (10/3/21), um novo recorde diário.

Doutor Jean Freire atacou gestores públicos que adotaram uma posição de negacionismo e ignorância em relação às necessárias providências para conter a pandemia, por meio do isolamento social, conforme orienta a ciência. Também elogiou a atuação de prefeituras como a de Belo Horizonte, onde o isolamento foi fundamental para conter a pandemia em seu estágio inicial.

Comércio – Já o deputado Cleitinho Azevedo defendeu mais apoio dos governos aos setores econômicos prejudicados pelo isolamento social, tais como o comércio. “Temos que ter um equilíbrio e parar de punir o comércio”, afirmou. Ele cobrou que os poderes públicos deem uma contribuição maior, contendo os próprios gastos. “Mas o que vemos são vereadores, como em Itaúna (Centro-Oeste), brigando para aumentar os próprios salários”, lamentou.

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