Covid-19: com baixo estoque de medicamentos, Hospital Bom Samaritano reduz atendimentos

Estoque baixo compromete realização de cirurgias marcadas. Direção do hospital pede intervenção do governo estadual

A falta de medicamentos e insumos usados para o tratamento de pacientes com covid-19 tem preocupado a direção de hospitais públicos e privados em Governador Valadares. Em comunicado divulgado nesta segunda-feira (12), o Hospital Bom Samaritano (HBS) informou que irá reduzir, temporariamente, as internações para cirurgias, bem como os atendimentos a pacientes que precisam de leitos UTI Covid. O motivo, segundo explicou a direção do hospital, é o desabastecimento de medicamentos utilizados para intubação e manutenção da sedação dos pacientes acometidos pela covid-19, chamados de ‘kit-intubação’.

O HBS ressalta que nos próximos dias só estará atendendo os casos de cirurgias oncológicas e cardíacas de extrema gravidade e classificadas como emergência. “A redução dos demais atendimentos vai durar até que o Hospital Bom Samaritano tenha restabelecido seu estoque de medicamentos essenciais para o seguro tratamento dos usuários, em quantidade mínima de 10 dias/usuário”, informou.

Nota do Hospital Bom Samaritano

De acordo com a direção técnica e clínica do hospital, uma das dificuldades para adquirir medicamentos são os valores inflacionados em mais 850% cobrados pela maioria dos fornecedores no estado. O hospital já entrou com uma denúncia no Ministério Público de Minas Gerais para fiscalizar a prática abusiva na venda desses medicamentos no estado.

“Hospital está com estoque para mais cinco dias”, diz superintendente do HBS

De acordo com o superintendente do HBS, Elvis Davis, em entrevista nesta segunda-feira (12) ao programa Balanço Geral, na TV Leste, o estoque de ampolas de sedativos está quase chegando ao fim. Se não houver imediata reposição, a situação pode piorar nos próximos dias. “O Samaritano conta com 28 leitos de UTI Covid 100% ocupados e estamos mantendo contato com todas as esferas públicas sobre essa situação. Esse desabastecimento de medicamentos chegou ao nosso limite. Se não houver por parte do governo do estado a efetivação do envio de medicamentos, a gente vai fazer a redução de atendimentos com base no estoque de medicamentos que tem hoje”, afirma.

Segundo Elvis, a queda no estoque de medicamentos tem comprometido outros tratamentos, além da covid. “Tem comprometido algumas cirurgias que estavam programadas, pela falta desses mesmos medicamentos. São pacientes que precisam fazer cirurgias de urgência. Acredito que o Hospital Municipal também esteja passando por essa mesma situação”, diz.

Hospital Municipal

Procurada pela reportagem do DRD, a Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), informou que, em relação a medicamentos, o Município realizou um pregão eletrônico n°168 de 2020, que foi finalizado em março de 2020. Ele tinha como objeto o registro de preço de medicamentos e materiais para o enfrentamento da covid-19. Dentre os medicamentos estão os itens que compõem o kit intubação.

A pasta afirma que o estoque de medicamentos até o momento tem sido mantida, mas tem sido adquirida de forma fracionada. “Desde então, a Secretaria tem intensificado as solicitações aos fornecedores para realizar a entrega desses medicamentos. Mas, devido ao desabastecimento nacional dos itens no mercado, os medicamentos têm sido entregues de maneira fracionada”.

No momento, o Hospital Municipal ainda conta com os sedativos, mas esse quadro pode ser alterado devido à gravidade dos pacientes. O uso dos sedativos no HM tem sido feito de acordo com protocolo de sedação instituído pelos coordenadores médicos da UTI Covid. Importante ressaltar que este protocolo sempre é atualizado com os novos protocolos da Sociedade Brasileira de Anestesiologia, que tem produzido alguns debates sobre utilização do uso racional dos agentes sedativos, anestésico e hipnótico na tentativa de otimizar cada vez mais os estoques, garantindo a assistência a todos os pacientes”, diz a nota.

Governador Valadares permanece até o momento com ocupação máxima em leitos de UTI Covid nas redes pública e privada de saúde. Conforme atualização da manhã desta segunda-feira (12), 27 pessoas aguardam a regulação do Governo do Estado, via SUS/Fácil-/MG, para um leito de UTI Covid.

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