Se você fizer uma busca rápida na internet sobre “como retirar espinhas e cravos” vai encontrar inúmeras sugestões caseiras que prometem “resolver” tudo em 5 dias, uma semana, 24 horas. O tempo acaba variando um pouco, dependendo dos métodos utilizados.
A busca por soluções alternativas e, até mesmo, mais baratas chama a atenção e é muito fácil. É usar açúcar para esfoliar a pele, clara de ovo para remover cravos, abacate para fazer máscara no rosto. A variedade e a criatividade são infinitas.
Nessas horas, muito mais que achar uma solução para aquela espinha que insiste em marcar o rosto, é preciso ter cautela e pesquisar bem essas receitas e os produtos da internet, que em muitos casos não foram feitos por especialistas nem direcionados para as necessidades dermatológicas, com a possibilidade de causar risco à saúde.
Se a ideia é usar produtos mais naturais e que tragam benefícios para a pele ou o cabelo, é importante diferenciar produtos feitos de forma artesanal de produtos feitos de forma caseira.
“Tem diferença entre produto natural e produto caseiro. Esses produtos que são orgânicos, veganos, que são mais naturais, passam por um processo de fabricação. Então tem todo um preparo para realmente entregar para o nosso organismo aquilo que a gente almeja como resultado, seja na pele ou para a saúde. Tem que usar produtos que são reconhecidos, que tenham a marca de produto orgânico, e não só ficar usando coisas naturais assim sem discriminação”, explica Karine Lima, professora do curso de estética em uma universidade de Governador Valadares.

Segundo a professora, o grande atrativo para os cosméticos naturais ganharem cada vez mais espaço é justamente porque somam vários benefícios: são produzidos com ativos extraídos da natureza, não possuem na sua fórmula a inclusão de substâncias químicas, além de serem produtos reconhecidos por órgãos de fiscalização, como a Anvisa.
“As grandes vantagens dos produtos naturais é que eles não têm produtos tóxicos, não têm metais pesados, além também de os corantes serem naturais, e não têm parabenos [conservantes químicos]. Então isso diminui muito o índice alergênico dos produtos. Pensando na promoção da saúde, a gente tem que realmente usar produtos naturais”, disse Karine Lima.
Mercado de beleza e estética
O Brasil é, segundo a Forbes, o 4º maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo, mercado que, em terras brasileiras, cresceu quase 6% só nos primeiros meses de 2021. Some a isso alguns dados sobre o nicho de mercado nacional para cosméticos naturais, que, de acordo com a BioBrazil Fair, cresce 20% ao ano no Brasil e já movimenta R$ 3 bilhões; empresas nacionais de cosméticos sustentáveis chegaram a triplicar o faturamento recentemente.
O interesse em produtos cosméticos sempre teve um apelo muito grande com o consumidor brasileiro, como é o caso do Maycon Pereira Rosa, que há um ano faz uso de produtos naturais para os cuidados com a pele. “Meu pai comprou pra mim, porque eu comecei a dar muita espinha. Aí ele comprou para eu experimentar o produto e eu acabei gostando; até hoje eu uso. Depois de um mês usando eu já consegui ver o resultado, e quando eu parei de usar o sabonete voltaram as espinhas, aí não tem como ficar sem agora.”

De olho nesse mercado, cada vez mais empresas e empresários têm investido na produção de cosméticos naturais, como é o caso de Cinthya Luiza Rezende, que, junto com a irmã, resolveu investir no próprio negócio, em Governador Valadares.
A ideia de produzir e vender cosméticos naturais começou em 2019, durante o momento mais crítico da pandemia. Com uma carteira de clientes já estabelecida nesses dois anos, o microempreendimento individual se tornou maior do que Cinthya imaginava. Hoje, com o aumento da demanda, a família trabalha junto nos negócios. Além da colaboração da irmã, dos pais e da prima, somam mais de 90 revendedores de produtos naturais em todo o Brasil e fora do país também.
“Eu já fazia para mim os produtos, porque eu sempre tive muita espinha. Aí eu tive essa ideia de fazer esses produtos para vender, porque a minha cachorrinha, a Mel, estava com câncer e eu precisava de dinheiro para pagar a cirurgia dela. No início era só o sabonete mesmo, de argila verde e argila preta. Aí eu comecei a fabricar e com uma semana eu consegui juntar o dinheiro para arcar com a cirurgia da Mel. Na outra semana eu mandei os produtos para uma influencer digital, e o negócio começou a crescer”, contou Cynthia.

Para atender as vendas no atacado, para as revendedoras e para os clientes em Valadares, a produção dos cosméticos acontece uma vez por semana, quando todas as tarefas são focadas em reforçar o estoque da empresa.
Jucianny Rezende, irmã e sócia da Cynthia, conta que são produzidos desde sabonetes para rosto até creme para pele feitos de argila e base 100% vegetal, com elementos naturais. “Cada cor de argila possui um benefício. Então, no ato do atendimento, a gente envia um questionário para poder conhecer melhor a pele do cliente e indicar um produto que vai atender à necessidade dele.”
