Contrariando orientações sanitárias e de segurança, manifestantes pedem reabertura do comércio

Manifestantes farão uma carreata em Governador Valadares neste sábado (28), pedindo a reabertura do comércio na cidade. Por causa dos riscos de proliferação do coronavírus, estabelecimentos estão de portas fechadas, para evitar a disseminação da doença, que em Valadares já tem um caso confirmado e um óbito em investigação. Autoridades de saúde e de segurança mantêm a recomendação do isolamento social.

A carreata é organizada pelo QG Conservador, grupo valadarense de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que nesta semana se manifestou pela reabertura de estabelecimentos comerciais, escolas e templos religiosos, com isolamento e quarentena apenas para pessoas em grupo de risco e com maior possibilidade de contaminação, como idosos.

Medidas semelhantes foram consideradas em outros países, como Itália e Inglaterra, mas foram descartadas à medida que aumentaram os números de infectados e mortos pelo coronavírus.

“Nós estaremos lá, solicitando o isolamento vertical, que é onde ficam isolados apenas aqueles que fizerem parte do grupo de risco. Cada família em seu veículo. Tomando os cuidados necessários contra a infecção. Muitos brasileiros estão perdendo seus empregos e os meios de sustentar suas famílias”, afirma o QG Conservador, ao divulgar a carreata em publicações nas redes sociais.

Desde quarta-feira, apoiadores do presidente têm organizado carreatas em diversos municípios em todo o país.

Comércio fechado por tempo indeterminado

No início da tarde desta sexta-feira (27), o prefeito André Merlo (PSDB) reafirmou que o comércio em Valadares permanecerá fechado por tempo indeterminado. Após reunião do Sistema de Comando em Operações (SCO), o prefeito salientou que essa orientação está mantida por orientações técnicas dos órgãos de saúde, e foi acatada por unanimidade pelos representantes de entidades empresariais.

“Alguns criticam as restrições para não abrir o comércio, mas estamos obedecendo uma hierarquia. Nós temos recomendações do Ministério da Saúde, da Secretaria Estadual da Saúde e uma lei, que temos que seguir, do nosso Estado. Temos o poder de restringir ainda mais, mas não podemos afrouxar mais do que o Estado orienta e determina. Vamos seguir o que o Estado de Minas Gerais determinar. Enquanto o Estado não orientar diferentemente, não vamos abrir o comércio. Por unanimidade acertamos isso, com as entidades empresariais, inclusive”, afirmou André Merlo.

Segurança

Apenas estabelecimentos essenciais para serviços de saúde e abastecimento estão autorizados a permanecer de portas abertas – como farmácias e supermercados, por exemplo – e, ainda assim, com orientações para higienização e para restringir aglomerações.

O secretário municipal de Saúde, Enes Cândido, frisa que as forças de segurança têm poder para evitar que se formem aglomerações. “Está faltando bom senso da grande maioria da população, principalmente de pessoas na faixa de risco acima de 60 anos. Se continuar assim, o policiamento precisará ser mais ostensivo, por causa da falta de bom senso”, lamentou o secretário.

Punição

Conforme a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), o descumprimento de medidas de enfrentamento ao coronavírus são passíveis de punição penal. O desrespeito às normas vigentes pode configurar infrações que preveem prisão e multa. Em nota, a PCMG enfatiza que, para frear o contágio pelo Covid-19, a população deve seguir rigorosamente as orientações e de segurança, principalmente a aglomeração de pessoas.

“É importante ressaltar que descumprir o que determinam as normas vigentes, além de acarretar risco à saúde, pode configurar infrações penais que preveem prisão e multa. Este é um momento de consciência coletiva, devendo cada um fazer a sua parte, para que juntos possamos sair o mais rápido dessa situação”, ressalta o texto enviado pela PCMG.

Polícia Militar

Em nota, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) afirma que continuará atuando para que sejam cumpridos os decretos estaduais e municipais relativos às recomendações de prevenção ao coronavírus.

“Com relação às carreatas promovidas em algumas cidades mineiras nesta sexta-feira (27), a PMMG esclarece que tem garantido o direito à manifestação, desde que sejam cumpridos os decretos estabelecidos nas prefeituras e no Estado. Qualquer alteração verificada, a Polícia Militar informará ao Ministério Público, que tomará as devidas providências”, diz trecho da nota enviada pela PMMG.

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