Após consumir cerca de R$ 62 milhões, segundo relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), as obras do campus avançado da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em Governador Valadares estão paralisadas desde 2015. De acordo com esse mesmo relatório da CGU, houve superfaturamento de R$ 13 milhões nas obras, que foram interrompidas e ainda não há previsão para reinício. Sem a sede própria, os estudantes da UFJF em Valadares assistem a aulas em espaços alternativos, o que leva a universidade a alocar recursos para o aluguel de prédios.
No entanto, a instituição tem buscado alternativas para garantir atividades no município, adquirindo prédios, como o edifício onde funcionava a Faculdade de Administração de Governador Valadares (FAGV), o Parque Olímpico e um espaço no bairro Santa Rita, que devem ser utilizados em breve pela UFJF.
Ex-secretário municipal da Fazenda e professor licenciado de Direito Tributário na UFJF, Jamir Calili atuou como interlocutor entre o governo municipal e a instituição de ensino. Ele relata que a Prefeitura tem buscado investidores interessados em começar um novo projeto para a construção do campus.
“Não dá nem para dizer que a obra está parada, porque isso dá a entender que vai recomeçar. Será outro projeto, com outras ideias que estão por vir. A Prefeitura quer atrair investidores para discutir a construção da UFJF, porque vai precisar que alguém assuma esta obra. A situação da Prefeitura é ser um facilitador, porque a gente não é dono da UFJF. Ela é do governo federal. A Prefeitura acompanha, mas as decisões são exclusivamente da UFJF”, disse Jamir.
Instalações
O ex-secretário municipal destaca que, para ajudar a consolidar a UFJF no município, a Prefeitura participou da articulação da compra do prédio da FAGV, bem como cederá o Parque Olímpico para atividades dos cursos de Fisioterapia e Educação Física. Nas instalações do bairro Santa Rita, o professor licenciado relata que haverá aulas dos cursos de Farmácia e Nutrição. Jamir destaca ainda o papel de outras lideranças políticas na consolidação da UFJF, como os deputados federais Hercílio Coelho Diniz (MDB), Euclydes Pettersen (PSC) e Leonardo Monteiro (PT).
Articulador do campus em Valadares ainda em gestões passadas dos governos federal e municipal, Leonardo Monteiro avalia que a presença da UFJF no município contribui para o desenvolvimento econômico e cultural da região.
“É fundamental e continuarei lutando por isto, em função da importância da presença do campus na nossa cidade e os benefícios que promove. São mais de 3 mil alunos, professores e pessoal técnico e administrativo que, mesmo sem estrutura física ideal, tem cumprido um papel relevante na nossa cidade, inclusive na extensão, na sua relação com a comunidade, com atendimentos na área da saúde e também contribuição econômica”, declarou o deputado.
Estudantes
O coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Carlos Viveiros, relata ainda que haverá atividades do Departamento de Ciências Básicas da Vida (DCBV) no bairro São Pedro. De acordo com ele, o prédio da antiga FAGV passa por reformas para melhorar quesitos como acessibilidade e segurança, e há expectativa de que as instalações no bairro Santa Rita sejam entregues até o fim do ano.
“Estamos acompanhando todos os processos. Inclusive sobre o terreno que está sob peça de processo judicial da primeira proposta de obra do campus. Ha também a construção de mais dois espaços físicos. O do DCBV, que será no bairro São Pedro, e já está bem avançado. Nós, como DCE, inclusive fizemos parte de um grupo que iniciou a construir estratégias de ocupação desse espaço assim que ele for entregue”, afirmou o representante dos estudantes.
Procurada, a assessoria do campus informou que assuntos referentes à obra do campus devem passar pela reitoria da UFJF, em Juiz de Fora. Assim que estas informações forem levantadas pela universidade, o Diário do Rio Doce publicará o posicionamento da instituição.
