por THIAGO FERREIRA COELHO, AGNALDO SOUZA e MASSILLON NEVES
A partir de sábado, 1º de agosto, a flexibilização ou não do comércio fica por conta do Governo de Minas Gerais. Assim, o prefeito de Governador Valadares, André Merlo (PSDB), resumiu a adesão do município ao programa estadual Minas Consciente.
Conforme acordo feito com o Ministério Público, Valadares fará a adesão ao programa nesta sexta-feira (31), após determinação do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Pelas atuais regras do Minas Consciente, apenas serviços essenciais deverão permanecer abertos no município.
Em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (30), o prefeito afirmou que o acordo com o Ministério Público será cumprido. Mas, com a expectativa de que novas regras sejam publicadas no sábado, André Merlo avalia que ainda há dúvidas quanto aos protocolos para cumprimento do Minas Consciente.
“Ontem (29), na live do governador, onde estavam presentes o secretário estadual da Saúde e o secretário de Governo, eles tentaram explicar que estão lançando um novo Minas Consciente, mas até este momento ninguém entendeu nada”, disse o prefeito.
Apenas serviços essenciais
Mesmo com as restrições ao funcionamento do comércio, André Merlo descarta, neste momento, a possibilidade de lockdown, o confinamento total. Com a entrada no Minas Consciente, Valadares entra na classificação de “Onda Vermelha”, na qual permanecerão abertos apenas serviços essenciais, como supermercados, farmácias e postos de combustíveis, entre outros.
Favorável à flexibilização da abertura do comércio, o prefeito valadarense ressalta que a adesão ao programa acontecerá para cumprir uma determinação judicial. Mas, para Merlo, as novas restrições ao comércio são consideradas um retrocesso que deve gerar impactos negativos na economia.
“Até sexta-feira, Valadares está cumprindo o decreto municipal ainda vigente. A partir de sábado, toda essa questão fica por conta do governo do Estado, através do Minas Consciente, mas ninguém sabe ainda o que fazer e o que seguir”, complementou o prefeito.
Municípios do entorno
Embora tenho feito uma análise de que as regras do Minas Consciente ainda não estão totalmente esclarecidas, André Merlo demonstrou preocupação com os protocolos do programa que permitam maior flexibilização dos municípios do entorno de Valadares. André Merlo teme que uma maior abertura em cidades de pequeno porte provoque sobrecarga no sistema de saúde valadarense.
“Pelo que foi explicado ontem muito rasamente pelo governador, as cidades de até 30 mil habitantes praticamente ficariam abertas, porque elas não têm transporte público ou grandes aglomerações. Mas, como uma cidade polo, que recebe essas todas, ficaria fechada, e essas cidades abertas? É uma preocupação, inclusive com a saúde pública”, admitiu o prefeito.
Opiniões
Nas ruas de Valadares, o Diário do Rio Doce ouviu opiniões dos moradores em relação aos novos protocolos que serão adotados no município. Confira:
“Eu acho que, no momento, valeria mais a conscientização das pessoas. Não acho que fechar o comércio resolverá muita coisa, já que as pessoas vão continuar se reunindo e fazendo festas, como temos visto. Talvez, se tivesse uma forma de multar as pessoas que estão transitando sem necessidade, ou de saber o motivo de elas estarem fora de casa, ajudaria a reduzir o número de pessoas na rua”, disse Girlene Ferreira, de 38 anos, técnica de saúde bucal.
“Se os patrões tivessem mais apoio para pagar os funcionários, acho que o comércio deveria, sim, fechar. Mas, como não tem, não acho que deva. Infelizmente, as contas vão continuar vindo e, querendo ou não, as pessoas vão continuar se reunindo. As pessoas tinham que ter a consciência de sair de casa só quando necessário”, opinou Nauany Quézia, de 23 anos, trabalhadora do comércio.
“Eu não acho que o comércio deva fechar, porque tem muita gente que precisa trabalhar. Em minha opinião, as pessoas deviam tomar mais cuidado e colocar a mão na consciência. Muita gente está saindo de casa sem necessidade, e sem nenhuma preocupação com a realidade em que estamos vivendo”, afirmou Valdirene Marins, de 46 anos, funcionária de um banco.
“Eu acho que o decreto do dia 1° deveria mesmo fechar o comércio, é necessário. Valadares está numa situação já bem caótica, e eu concordo plenamente em fechar o comércio, para ver se acaba com essa pandemia. A situação em que estamos está bem difícil, não só para os jovens, mas principalmente com os idosos”, declarou Janize Pereira Barbosa, de 39 anos, manicure.
“Eu sou a favor do comércio aberto, desde que as pessoas mantenham o distanciamento e o uso máscaras. As empresas que têm muitos funcionários deveriam revezar porque, senão, eles mesmos se contaminam”, disse Arleuza das Graças, de 67 anos, aposentada.
“Sinceramente, eu fico dividida, pois eu concordo que tenha que ser fechado, mas entendo que tem famílias que necessitam do trabalho. Acho que o erro não é nem tanto sobre o decreto, mas a população que não está se conscientizando, não está respeitado as recomendações. Eu acho que deveria sair mesmo só quem está precisando. Eu não culpo o governador e nem o prefeito, mas acho que eles poderiam ser mais duros desde o início. Então, minha opinião é meio a meio”, Marília Pinheiro, de 26 anos.
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