Com alto índice de acidentes de moto em Valadares, instrutor de trânsito ressalta importância da direção defensiva

Segundo o Corpo de Bombeiros de Valadares, de janeiro até setembro deste ano foram registradas 305 ocorrências de trânsito envolvendo motocicletas

A expressão “para-choque de moto é o motociclista” é conhecida entre aqueles que pilotam motos. Por ser um veículo com menos proteção que um carro, quando ocorre uma batida, o motociclista fica exposto às consequências do acidente, que pode ser fatal. No último fim de semana, duas pessoas morreram em acidentes de moto. O sinal de alerta está ligado para quem tem o costume de andar no veículo.

O Corpo de Bombeiros de Governador Valadares (6º BBM), através do Sistema Integrado de Defesa Social (SIDS), registrou, no período de janeiro a setembro de 2020, 305 ocorrências de trânsito envolvendo motocicletas. Diante do alto número de registros, o Diário do Rio Doce ouviu um instrutor de trânsito, que deu dicas sobre direção defensiva, situação que pode prevenir os acidentes.

Leonardo Santana Rodrigues tem 38 anos e trabalha como instrutor de autoescola há 18 anos. Ele conta que andar de moto exige muita atenção, responsabilidade e seriedade de quem está pilotando. “Andar de moto demanda sempre mais cuidado e atenção redobrada. Sempre é bom evitar o ‘zig-zag’ pelas ruas. Em períodos de chuva não se pode exagerar na velocidade, pois a moto escorrega muito. A pessoa que está pilotando às vezes esquece que a moto só tem dois pneus com atrito no solo, sendo que, quando está em velocidade acima de 20 quilômetros por hora, a roda dianteira tem pouco atrito, dificultando mais a frenagem”, disse.

Leonardo também destaca que o motoqueiro precisa estar atento às leis de trânsito e andar de forma consciente, para não dar brecha e provocar acidentes. “Nos dias de trânsito pesado e muito movimento, é bom evitar a alta velocidade. Além disso, a pessoa que está pilotando a moto tem que estar sempre com os equipamentos de segurança e respeitar as leis de trânsito. Tem circunstâncias perigosas que o motoqueiro vivencia por andar de qualquer jeito, seja por passar em um cruzamento sem olhar, avançando o sinal, passando colado em carro nos corredores. Essas situações podem causar acidentes.”

Com a pandemia, os serviços de autoescola foram paralisados e Leonardo foi para as ruas atrás do “ganha pão”. Ele também trabalha como entregador nos fins de semana e dá conselhos para aqueles que estão entrando nessa profissão. “A dica que dou para quem trabalha com entrega é ter uma logística. Se a empresa não tem uma logística, o próprio entregador pode fazer isso. Sempre antes de fazer a entrega, tem que já traçar o percurso, para quando estar com moto em movimento não ficar mexendo com o celular. Eu sei que o entregador ganha no volume de entrega, então, quando tem corridas em extremidades diferentes da cidade, a pessoa às vezes exagera na velocidade. Outro ponto importante é ter um período de descanso, pois o serviço de entrega é muito cansativo, mesmo não parecendo ser. Os motoqueiros precisam ter esse tempo; não adianta trabalhar sem descanso.”

Wanderson Teixeira, também conhecido como “Xuxa”, tem 41 anos e trabalha com entregas há 20 anos em uma lanchonete. Ele lamenta as mortes de colegas de profissão que têm acontecido nos últimos meses. “O rapaz que morreu no acidente do último sábado no mergulhão, tudo indica que alguma coisa tirou a atenção dele ali, pois não tinha carro e nem moto ao lado dele. Temos que trabalhar com atenção para nós e para os outros. O Edmilson que morreu naquele acidente do mergulhão em junho era um amigão e participou comigo de curso de motofretista. Infelizmente, perdeu a vida por causa de um cara bêbado no volante, que fez uma manobra errada.”

Xuxa trabalha como entregador há 20 anos (Foto: Arquivo pessoal Wanderson Teixeira)

Xuxa entende que as pessoas que vão trabalhar com entregas precisam ter experiência e atenção com tudo que está acontecendo no trânsito, e se preocupa com o aumento do número de entregadores com pouca experiência. “Tem muito motoqueiro rodando por causa da pandemia com trabalhos de entrega, mas tem muito menino novo sem experiência nesse meio. Eu até já sofri um acidente ali nas proximidades do mergulhão, mas graças a Deus estava mais devagar e machuquei só a mão. A gente tem que prestar muita atenção na rua. Sempre tomo algum susto. Temos que tomar cuidado com cachorro, gato, que do nada surge em nossa frente, além daquelas pessoas que não usam a faixa para atravessar as ruas.”

Sobre a necessidade de acelerar mais em algumas situações para dar conta das entregas, Xuxa reconhece que às vezes acontece isso, mas afirma que o mais importante de tudo é chegar em casa vivo, após um dia de trabalho. “A gente de vez em quando dá uma acelerada porque se faz necessário, mas não compensa fazer essas correrias por causa de entrega. A dica que eu dou é andar de forma tranquila, prestando atenção no que acontece ao seu redor durante a viagem, até porque aumentou muito o volume de carro e moto no trânsito. A experiência que eu tenho é sempre ficar atento e ter cuidado ao realizar o trabalho, para poder chegar em casa tranquilo.”

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