Cidades da microrregião de Ipatinga definem ações unificadas contra Covid-19

Prefeitos elaboram documento cobrando do governo do Estado apoio de equipamentos e profissionais, para enfrentar quadro dramático sinalizado para os próximos dias

Representantes dos municípios que compõem a microrregião de saúde de Ipatinga se reuniram na manhã dessa terça-feira (2), no prédio-sede da PMI, a fim de refletir sobre os riscos a que a população está exposta no momento, diante do preocupante quadro de contaminação pelo coronavírus. Na oportunidade, eles deliberaram sobre medidas unificadas que possam surtir maior efeito no combate à doença.

Além de Ipatinga, polo para onde convergem os atendimentos, fazem parte da microrregião as cidades de Açucena, Belo Oriente, Braúnas, Bugre, Dom Cavati, Iapu, Ipaba, Joanésia, Mesquita, Naque, Periquito, Santana do Paraíso e São João do Oriente. A principal definição do encontro foi a elaboração de um documento para pleitear ao governo do Estado apoio técnico e assistencial, para fazer frente à grave situação emergencial sinalizada para os próximos dias.

Conforme foi exposto durante a reunião, da qual participaram também as principais autoridades de saúde pública de Ipatinga, a lotação dos leitos de UTI na cidade atingiu 93% nessa terça-feira e, nos últimos dias, chegou a estar em mais de 100%, com pacientes aguardando leitos com respiradores.

Previsões são preocupantes

“A realidade é muito perturbadora. Atingimos um nível em que precisamos urgentemente de ações efetivas e cooperativas entre todos os municípios, para evitar que as ambulâncias dos senhores e senhoras não se tornem rabecão, ou seja, ao invés de carregar vivos, venham a transportar mortos, uma vez que não teremos mais vagas de UTI”, alertou o prefeito Nardyello Rocha.

O corpo técnico da Secretaria Municipal de Saúde apresentou estudos que mostram previsões apocalípticas para a região, caso nenhuma medida de maior impacto seja tomada para conter o avanço da Covid-19. “O governo do Estado alerta para uma possibilidade de 100 mil infectados em 30 dias, um risco de morte para cerca de 5 mil pessoas que precisariam de UTI. Seguindo essa tendência, teoricamente chegaríamos a um total de contaminados de mais de 700 mil pessoas até o dia 15 de julho, ou seja, quase a totalidade da população do Vale do Aço”, informou a secretária de Saúde do município, Érica Dias.

O chefe do Executivo de Ipatinga apresentou aos representantes dos municípios – prefeitos, secretários de saúde e assessores jurídicos – uma série de medidas já tomadas e em adoção para a contenção do vírus na cidade e ampliação da capacidade de atendimento para a região. Entre as ações, destaca-se a construção do Hospital de Campanha na Escola Canuta Rosa, próximo ao Hospital Municipal, que já teve as instalações elétricas concluídas e deve ser entregue ainda nesta semana com equipamentos para Enfermaria, além das barreiras sanitárias que serão implantadas nesta quinta-feira (4).

representantes de cidades da microrregião de Ipatinga
Representantes de todos os municípios da microrregião se reuniram em Ipatinga para deliberar ações integradas

Deliberações

Sensibilizados com o quadro, diversos representantes dos municípios que compõem a microrregião manifestaram-se durante a reunião pela tomada de medidas unificadas e mais rígidas para enfrentamento do coronavírus. O decreto atualmente em vigor em Ipatinga será usado como base para novas deliberações, com itens adaptados à realidade de cada cidade.

De acordo com a Prefeitura de Ipatinga, outra definição importante do encontro é o envio ao governo do Estado de um documento para cobrar o encaminhamento de equipamentos e também profissionais de saúde à região.

“A principal necessidade são os respiradores, que no momento o mercado oferece a preços absurdamente elevados. Precisamos ampliar a capacidade de UTI, bem como adquirir uma série de outros insumos. Contudo tratam-se de valores estratosféricos praticados e, assim, ainda iriam nos acusar de cumplicidade com superfaturamento. Se o Estado tem respiradores, então aguardamos que nos socorra, já que o próprio Estado é que nos adverte que estamos vivendo um momento grave no Vale do Aço, como em nenhum outro lugar em Minas Gerais. Seria impensável termos que deslocar até a capital um doente em situação crítica”, argumentou Nardyello.

Acerca de equipes técnicas, o prefeito de Ipatinga ainda informou: “Estamos tentando contratar, temos o recurso, mas falta o profissional. Outro problema é que muitos desses profissionais, quando aceitam a proposta, ao chegarem ao RH e serem submetidos ao teste para Covid-19, acusam resultado positivo”.

Nos últimos dias, a curva epidemiológica de contaminação pelo coronavírus tem subido entre 17 e 20% em Ipatinga, sendo que vários casos envolvem também pacientes de cidades vizinhas.

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