por NATÁLIA CANCIAN (FOLHAPRESS)
– Balanço do Ministério da Saúde, divulgado nessa terça-feira (4), aponta que caiu de 14 para 13 o número de casos de suspeita de infecção, pelo novo coronavírus identificado na China. Não há registros confirmados até o momento.
Já o número de casos descartados passou de 13 para 16 casos. Os dados correspondem a informações enviadas por secretarias de Saúde até as 12h.
Do total de casos em investigação, seis foram registrados em São Paulo, quatro no Rio Grande do Sul, dois em Santa Catarina e um no Rio de Janeiro.
Destes, cinco já tiveram casos descartados para outros tipos de vírus, que levam a sintomas respiratórios e passam, agora, por exames específicos para confirmar se a infecção corresponde ao novo vírus identificado na China ou outro agente não testado. A previsão é que o resultado esteja disponível em até sete dias.
O governo declarou, nessa terça-feira, emergência em saúde pública por causa do novo coronavírus. A medida visa facilitar o retorno de brasileiros que vivem em Wuhan, epicentro da epidemia, e permitir a adoção de outras medidas, para organizar a rede de saúde diante de possíveis casos, como solicitar contratação temporária de profissionais de saúde.
“Não temos nenhum caso confirmado no Brasil. Mas dado o cenário internacional, entendemos que tínhamos que dar celeridade aos processos”
Afirma o secretário de vigilância em saúde, Wanderson Oliveira, sobre a declaração de emergência.
A última vez que essa emergência havia sido declarada, no país, ocorreu em 2015, em meio ao aumento de casos de microcefalia relacionados ao vírus zika.
Uma reunião foi realizada na tarde dessa terça, para verificar como será o transporte dos brasileiros que estão em Wuhan e detalhes da quarentena. Inicialmente, o governo trabalha com a possibilidade de que o grupo seja mantido em uma base militar em Anápolis (GO), por 18 dias.
Enquanto as ações ainda são definidas, brasileiros que vivem em Wuhan começaram a receber nessa terça um formulário para ser preenchido, com informações e condições para retorno ao país – como ausência de sintomas e concordância por quarentena, ao chegar no Brasil. Ao menos 15 pessoas já enviaram informações.
A previsão é que os brasileiros fiquem em quarto individual, com exceção de familiares, que poderão ficar juntas no mesmo espaço. Nesse período, visitas serão proibidas. Equipes também devem aferir dados três vezes ao dia. Também serão coletadas amostras respiratórias no primeiro e no 14º dia, diz o documento, assinado pelo Ministério da Defesa, Saúde e Relações Exteriores.
Nessa terça, também foi enviado um projeto de lei ao Congresso que define medidas a serem adotadas para impedir a disseminação do coronavírus no país, entre elas, a quarentena e o isolamento de doentes. De acordo com o secretário-executivo do ministério, João Gabbardo dos Reis, o governo poderá analisar outras alternativas, para organizar a vinda dos brasileiros, caso o projeto não seja aprovado.
“Não vamos criar aqui nenhum tipo de pressão sobre o Poder Legislativo. Temos convicção, tanto pelo presidente da Câmara, quanto pelo do Senado, de que o assunto terá prioridade máxima. Não vamos interferir, nesse processo; é decisão do Legislativo, e vamos aguardar. Mas devemos estar preparados para as duas situações. Se for aprovado, ótimo; se não for aprovado, teremos as nossas alternativas”, afirma.
Uma equipe médica está prevista para ir à China avaliar a condição de saúde do grupo. “As pessoas que estiverem doentes, pelo próprio protocolo da China, não poderão embarcar”, diz Oliveira.
No mundo, dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) apontam que já foram confirmados 20.630 casos de infecção pelo vírus n-cov-2019. Desses, 20.471 ocorreram na China e 159 em outros países.