Bolsonaro edita MP e decreto para definirem atividades essenciais

Medidas devem uniformizar ações que, até o momento, eram estaduais

O presidente Jair Bolsonaro editou na noite dessa sexta-feira (20) um decreto e uma medida provisória que garantem ao governo federal a competência sobre serviços essenciais, entre os quais, a circulação interestadual e intermunicipal. De acordo com o governo, os dispositivos têm como objetivo “harmonizar as ações de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus”.

Com os dispositivos, que têm força de lei e passam a vigorar imediatamente, caberá ao presidente da República indicar quais serviços públicos e atividades essenciais não podem ser interrompidos, em meio à pandemia provocada pelo novo coronavírus. O texto, segundo o governo, busca impedir que a circulação de insumos necessários para a população seja afetada, pelas restrições sanitárias e biológicas, em vigor, em vários estados.

Além de delegar ao presidente a definição de serviços e atividades essenciais, a Medida Provisória 926/2020 determina que qualquer interrupção de locomoção interestadual e intermunicipal seja embasada em normas técnicas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A MP altera a Lei 13.979/2020, sancionada em fevereiro por Bolsonaro, que trata do enfrentamento ao coronavírus no país.

A MP entra em conflito com medidas de restrição à locomoção editadas por estados. Na quinta-feira (19), o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, editou um decreto que determinava a suspensão do transporte interestadual de passageiros, entre o Rio e estados com circulação confirmada do coronavírus, ou situação de emergência decretada. Paraná e Maranhão tomaram decisões semelhantes.

Outro ponto da MP: simplifica procedimentos, para a compra de material e de serviços necessários ao combate à pandemia. O texto flexibiliza e burocratiza a licitação, para a aquisição de bens para o Sistema Único de Saúde (SUS).

O decreto detalha os serviços públicos, assim como as atividades “indispensáveis ao atendimento das necessidades” do país. O texto cita a assistência à saúde (incluídos os serviços médicos e hospitalares), o transporte intermunicipal e interestadual de passageiros e os serviços de táxi ou de aplicativo. Em contraste com medidas tomadas por diversos países, na prevenção ao coronavírus, o decreto inclui o transporte internacional de passageiros na lista de serviços, que não podem ser interrompidos.

De acordo com o decreto, a suspensão desses serviços e dessas atividades essenciais “põe em perigo a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população”. O decreto proíbe restrições à circulação de trabalhadores, que possam afetar os serviços e as atividades, e à circulação de cargas de qualquer espécie, que resultem em desabastecimento de gêneros necessários à população.

Caberá ao comitê de combate ao novo coronavírus, criado pelo governo federal, definir outros serviços públicos e atividades considerados essenciais, e editar atos para regulamentar e operacionalizar as normas. O decreto estabelece, ainda, que os órgãos públicos e privados mantenham equipes devidamente preparadas e dispostas à execução, monitoramento e à fiscalização dos serviços públicos e das atividades essenciais, com canais permanentes de diálogo com órgãos federais, estaduais, distritais, municipais e privados.

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