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Atletas profissionais relatam rotina difícil para vencer no esporte

O nadador Fernando Scheffer e o atleta de MMA Filipe Jesus contam um pouco da realidade de como é ser atleta profissional no Brasil

O Dia do Atleta Profissional é comemorado em 10 de fevereiro desde 1998, após a profissão ser reconhecida pela Lei Nº 9.615, sancionada em 24 de março daquele mesmo ano. Diferente de um amador, o atleta profissional precisa se dedicar ao esporte na busca de melhores resultados. O DRD conversou com Fernando Scheffer (atleta da equipe de natação do Minas Tênis Clube) e Filipe Jesus (lutador de MMA que integra a equipe Nova União) sobre como é ser um atleta profissional no Brasil.

Nem todo mundo sabe como é a realidade desses atletas que vivem do esporte. Quando se trata de alto rendimento, a rotina do profissional do esporte está atrelada a horas e horas de treinamento, pressão por conquistas de resultados, privações de festas, família, dentre muitas outras coisas.

Fernando Scheffer, 22 anos, é atualmente um dos principais atletas da natação do Brasil, seja em competição de piscina curta ou longa. Nascido em Canoas, competiu pelo Grêmio Náutico União (GNU), clube de Porto Alegre, até o ano de 2018, quando se transferiu para o Minas Tênis Clube, clube da capital mineira.

Representando o Brasil, Fernando tem medalhas conquistadas no Jogos Sul-Americanos de Cochabamba 2018, Jogos Pan-Americanos de Lima 2019, além de ser campeão com o revezamento 4x200m, no Campeonato Mundial de Piscina Curta 2018, realizado em Hangzhou, na China. Também tem títulos no Troféu Maria Lenk e Troféu José Finkel, as duas principais competições da natação brasileira. E ainda está lutando para integrar a seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

De acordo com Fernando Scheffer, desde cedo teve o privilégio de ser acompanhado por ótimos profissionais, por isso aprendeu que algumas coisas devem ser deixadas de lado. “Claro que quando a gente é mais novo as responsabilidades são menores em todos os aspectos. Conforme fui evoluindo no esporte, fui tendo o entendimento de que para chegar ao próximo nível precisava escolher entre uma coisa ou outra. Hoje, no alto rendimento, vejo como isso faz diferença. Escolher uma alimentação equilibrada, dormir cedo, usar o tempo livre pra coisas construtivas, tudo isso já faz parte da nossa rotina e nossos hábitos diários. Acaba que a gente se acostuma com essa vida”, disse.

Os treinamentos diários fazem parte do dia a dia de um atleta que busca o melhor preparo físico. Fernando Scheffer explica que essa rotina muitas vezes é pesada, mas é necessária para conseguir evolução no esporte. “A rotina no alto rendimento não é fácil. A gente não só chega ao limite todos os dias, mas precisa ultrapassar esses limites diariamente. É necessário estimular nosso corpo e mente ao máximo para poder progredir no esporte. E não adianta fazer apenas nos primeiros dias, ou quando estamos com vontade e motivados. Haverá dias que não teremos vontade de sair da cama, mas temos que ter a mesma disciplina de todos os dias. É justamente essa constância que faz a diferença no fim do processo.”

O nadador do Minas Tênis Clube ressalta que nem sempre é possível conquistar os resultados esperados (Foto: Ricardo Sodré)

Mesmo com toda uma preparação para as competições, nem sempre os resultados aparecem. Dependendo do contexto, podem surgir cobranças, seja de patrocinadores, clube e até do próprio atleta. O nadador do Minas Tênis Clube entende que essa parte é uma das mais delicadas no esporte. “Mesmo quando fazemos tudo certo, o resultado pode não vir. Infelizmente, a gente perde muito mais do que ganha. A cobrança é importante, mas ela deve ser exclusivamente do próprio atleta, e o próprio atleta deve aprender a lidar com isso. A cobrança não pode ser exagerada, pois isso também afeta o resultado. Temos que ter consciência do que podemos controlar, e focar 100% nisso.”

Quando os resultados que o atleta almeja chegam, a alegria é imensa e até passa um filme pela cabeça. Quem está de fora nem sempre sabe ou entende como foi esse processo até chegar a essas conquistas. Fernando Scheffer conta como é esse sentimento. “Acho que a gente treina almejando o melhor resultado possível, mas nem sempre as coisas saem como queremos. Quando a gente finalmente abaixa uma marca, se classifica para uma seleção, sobe ao pódio, por mais que a gente visualize chegar a esses objetivos quase diariamente, que é como um ‘combustível’ que precisamos para chegar lá, quando isso se concretiza, muitas vezes demora um pouco pra ficha cair e realmente entender que todo esforço e trabalho valeu a pena. Isso se torna bem especial.”

Filipe Jesus, 28 anos, é um atleta de MMA que integra a Nova União, uma das principais equipes do mundo e que tem sede no Rio de janeiro. O valadarense tem um cartel de 10 vitórias e três derrotas no MMA.

Segundo Filipe Jesus, foi necessário o entendimento de se privar de algumas coisas para se manter no esporte e ter um rendimento melhor. “Para o atleta faz total diferença ele treinar, comer e dormir, e consequentemente você tem que abrir mãos de outras coisas também. Comecei a ter essa noção quando vi que se quisesse me manter no esporte e ser um atleta de ponta teria que deixar de lado todas as outras coisas para eu ter um rendimento muito melhor nos ringues. Ter uma rotina de treinos faz uma diferença enorme, porque, quanto mais o atleta se dedica, mais ele vai estar preparado para o dia da luta. O rendimento, o ‘gás’ ou disposição certamente é outra.”

De acordo com Filipe Jesus, todo atleta pode ter um dia mau (Foto: Léo Faria/Léo Farias Photos)

No MMA dificilmente uma luta termina empatada, mas, quando isso acontece, é sempre decisão dos juízes. Então, vitória ou derrota é algo que todo atleta pode ter. “É preciso entender que somos seres humanos e podemos falhar, podemos ter um mau dia, e isso é normal. Caso venha uma derrota, é rever as falhas e trabalhar ainda mais duro pra dar certo na próxima vez”, ressalta Filipe Jesus.

O valadarense chegou a passar duas temporadas na Tailândia para treinos específicos. Em 2017 foram três meses, enquanto em 2019 foram sete meses. Na última passagem pelo país asiático, que é berço do muay thai, acabou se lesionando gravemente no joelho, mas já se recuperou. Filipe Jesus está na expectativa de voltar a lutar em abril e, claro, vencer. “Quando eu tenho as minhas mãos levantadas é a melhor sensação do mundo. Eu consigo ver todo sofrimento pelo qual passei e muitas coisas deixadas de lado para aquele momento. É o que faz tudo valer a pena. O sacrifício traz a glória.”

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