Casos são de vitória e superação, após processo de intubação
A pandemia tem deixado marcas e muitas pessoas ainda sofrem com as consequências da Covid-19. Atualmente, o Brasil tem cerca de 8,3 milhões de casos confirmados da doença, com mais de 208 mil mortes. Em contrapartida, o número de recuperados é grande, mais de 7,3 milhões. O DRD conversou com Jussara, Mário e Glória, exemplos de pessoas que passaram por momentos muito difíceis, com internação e processo de intubação, mas venceram a doença e estão se recuperando, após receberem alta hospitalar.
A luta contra o inimigo invisível causa pânico e assusta idosos, hipertensos, asmáticos, além dos profissionais de saúde que atuam na linha de frente no combate à doença. Diante disso, todo o cuidado é necessário para não correr o risco de contrair a doença. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a utilização de máscaras, de álcool em gel e o distanciamento social são alguns dos protocolos aplicados para tentar frear a Covid-19. Ainda assim, muitas pessoas têm sido infectadas.
Com tantas perguntas e incertezas desde que começou a pandemia, o que estava distante começou a ficar cada vez mais perto e comum, passando a fazer parte do dia a dia das pessoas. Em meio a tantas notícias e matérias sobre a Covid-19, número de mortes crescendo, casos e histórias tristes, ainda há esperança e mensagens positivas de gente que venceu a doença, após passar por situação de alto risco.
Jussara Nunes da Silveira, 55 anos, coordenadora de RH, testou positivo para a Covid-19 no dia 19 de setembro. No mesmo dia deu entrada no Hospital Municipal de Governador Valadares, onde ficou internada por três dias. Entretanto, ela foi transferida para um hospital particular da cidade e logo em seguida foi comunicada de que seria intubada, pois estava muito mal.
Ao receber a notícia, Jussara ficou apreensiva e temerosa, pensando que algo de pior poderia acontecer. “Não vou voltar, vou morrer, acabou, é meu fim… O pensamento era de impotência”, confessa.
Após quase três semanas intubada, Jussara melhorou e teve alta no dia 20 de outubro. Logo que saiu do hospital, disse que se sentiu como se estivesse dormindo um sono profundo, além de estar muito frágil e sensível. Recuperada e sem sequelas, ela já voltou a trabalhar. “Tive muito medo, mas me sinto vitoriosa de conseguir ter saído sem sequelas. Sou muito grata a Deus pela nova chance de vida, por me devolver o fôlego de vida”, disse.
Mauri Nunes da Silveira é irmão de Jussara e também contou ao DRD como foi sua experiência no processo de acompanhar a irmã. Ele disse que teve um atendimento espetacular no Hospital Municipal, quando Jussara deu entrada e ficou três dias internada na UTI. Após esse período, houve uma busca para transferi-la para o Hospital Samaritano, entretanto, conseguiram a transferência para um outro hospital particular, com a ajuda de um vereador amigo da família, da Fiemg e da direção do Hospital Municipal.
Segundo Mauri, um dia antes da transferência de Jussara, a mãe deles faleceu, devido a problemas cardíacos. Após essa notícia triste, receberam a informação da necessidade de a irmã passar pelo processo de intubação. Mauri revela que foram momentos de aflição, com boletins diários de que a irmã estava pior em um dia, melhor em outro, em um quadro instável. E ainda sem saber da morte da mãe.
“É muito difícil. Além disso, a família sofre, e os amigos também sentem. É muito triste. Então, a família se apegou à fé de que tudo daria certo. Foi um choque para nós. A gente não conseguiu nem viver o luto da mamãe, mas graças a Deus a Jussara conseguiu sair”, disse.
A notícia da saída de Jussara do hospital foi uma alegria para a família, que ainda vivia o luto da mãe. “Você não sabe o que é receber a notícia de que uma pessoa venceu a Covid-19”, completa Mauri.
Outro exemplo de superação é do comerciante Mário Lúcio de Oliveira, 72 anos. De acordo com o filho, Daniel Borges de Oliveira, o pai teve diarreia, respiração ofegante, perda de olfato e paladar. Diante disso, foi levado para um hospital particular no dia 5 de agosto, onde ficou em observação por uma semana. Conforme foi se agravando a saturação do oxigênio sanguíneo, teve que ir para a UTI e passar pelo processo de ventilação não invasiva (VNI).
Com uma série de complicações por causa da doença já no hospital, Mário foi intubado. Ele chegou a ter 80% do pulmão comprometido. Da internação, processo de intubação e alta, foram no total 87 dias dentro do hospital. Mário não se lembra muito do período de internação e só tem lembranças de quando estava no apartamento, dias depois de tirarem os tubos. “Quando saí de lá, todo dia pedia para Deus mais um dia de vida”, recorda-se.
Para o filho Daniel, foi uma aflição ver o pai ficar esse tempo todo no hospital. “A sensação era de medo, pois imaginava que não iria mais ver meu pai. O receio era de ele não resistir e vir a óbito, já que teve gente conhecida que foi intubada e não voltou. Foi emocionante demais, é até difícil de explicar. A sensação de ver o pai sair de uma situação dessa é de muita felicidade. Muitos que entram nessa situação vêm a óbito, e meu pai conseguiu superar. É uma alegria imensurável.”
Outro caso de vitória é o da servidora pública Glória da Consolação Ferreira, 51 anos, que mora em Belo Horizonte. Após contrair a doença, através de uma amiga, ela explica que os sintomas a deixaram muito cansada. Não tinha vontade de fazer nada, além de só querer ficar deitada.
Como não estava tendo uma melhora, deu entrada no Hospital Vera Cruz, na capital mineira, no dia 26 de setembro. Um dia depois, recebeu a notícia de que seria intubada. Essa situação a deixou bastante preocupada; chegou a pensar que isso significaria o fim de sua vida.
Após 18 dias intubada, o quadro de Glória apresentou melhora e ela saiu do CTI, ficando mais três dias internada até receber alta. Apesar de ter vencido a doença, ela ainda tem algumas sequelas e está fazendo fisioterapia. “Saí meio que perturbada. Não dizia coisa com coisa. Saí do hospital na cadeira de rodas, não falava e, além disso, perdi minha musculatura total do corpo”, relata.
Após passar um período acompanhada de uma cuidadora, Glória veio para Valadares, após o Natal, e permanece aqui, na casa de amigos. Ela ainda está em processo recuperação.