Na manhã deste sábado (6), a Escola Estadual Bom Pastor, localizada no bairro Santo Antônio, em Valadares, tornou-se um espaço inteiramente voltado à conscientização. Estiveram presentes na ação social pais, mães, familiares, alunos (entre crianças e adolescentes) e diversas autoridades que compõem a Segurança Pública do município.
Assim sendo, estiveram à frente da iniciativa órgãos como: Polícia Militar, Polícia Civil, Promotoria de Justiça, Defensoria Pública e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Mas, apesar da seriedade do assunto tema, a programação destinada ao público presente foi leve e muito bem aproveitada.
Quem passou pela escola nesta manhã pôde contar com bazar solidário, cortes de cabelo, rodas de conversa (escuta ativa) e até mesmo assistência jurídica familiar e de proteção à mulher. Além disso, o público se divertiu bastante com apresentações do Clube do Circo e apreciou uma peça teatral do grupo de Teatro Katarriso.
Assistência jurídica
Por meio do serviço jurídico, inclusive, as mulheres já poderiam sair do evento com uma concessão de medida protetiva, em caso de denúncias. O Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) também marcou presença no evento e seus representantes explicaram sobre o trabalho realizado pelas unidades:
“A gente cuida de várias ações, de uma maneira gratuita e que seja mais fácil. A gente busca um meio alternativo, para que a justiça seja feita mais rápido. Então, além dos acordos por meio de audiências, a gente consegue fazer com esse processo não seja tão demorado como na justiça comum. A gente faz vários tipos de ações, como guarda, pensão alimentícia, divórcio, investigação de paternidade. Tudo isso a gente faz por meio de uma audiência de conciliação ou de mediação. Um meio que seja rápido e bom para a população que, às vezes, não tem condição de arcar com um advogado e começar um processo do zero”, detalhou Mateus Martins Ribeiro, colaborador do Cejusc.
“Se, por exemplo, a vítima quer retirar medida ou quer denunciar que a medida existente está sendo descumprida, a gente faz essa mediação entre a vítima e o Judiciário”, complementou a psicóloga vinculada ao Cejusc Thaís Cristina.
Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica (PPVD)
A cabo da Polícia Militar Cassiene Lopes aproveitou a ocasião para ressaltar o trabalho realizado pela Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica (PPVD). A militar também falou sobre sua vivência enquanto mulher e profissional que age no combate à violência. “Enquanto mulher, as ocorrências com que a gente se depara são tristes, difíceis. Mas, enquanto policial, a gente precisa ser profissional. E no profissional, a gente busca a solução do conflito e prestar o devido auxílio a essa mulher vítima de violência”, destacou.
Ainda segundo a PM, após acionada, a equipe presta atendimento não somente à vítima, mas vai ao encontro do autor para conscientizá-lo e alertá-lo sobre as consequências do crime.
Segurança da mulher
Neste domingo (7), a Lei Maria da Penha completa 16 anos. Segundo a promotora da Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Carla Salaro, a campanha Agosto Lilás tem o propósito enfatizar a existência e o papel importante da lei no que diz respeito à segurança da mulher. “A gente promove essas ações com o objetivo de divulgar a Lei Maria da Penha, o conceito de violência doméstica, as formas de violência, a natureza cíclica da violência doméstica e também nossos canais de atendimento, para que as mulheres saibam onde buscar um socorro, um atendimento, em caso de necessidade”, informou a promotora.
Sobre a escolha do ambiente escolar para a ação, Carla Salaro afirma ser em razão do acesso às mulheres, que em grande parte são mães e, muitas vezes, não têm com quem deixar os filhos. Desse modo, a estratégia dos órgãos foi levar à comunidade uma programação capaz de incluir toda a família. Já a escolha dos primeiros bairros a serem atendidos está relacionada ao índice de registros de ocorrências de violência doméstica. “A gente tem eleito bairros onde o índice de violência doméstica é elevado”, pontuou.
Por fim, o juiz da Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Vinícius da Silva Pereira, falou sobre o trabalho incessante da Justiça em defesa das mulheres vítimas de violência: “Polícia Civil e Defensoria Pública também se fazem presentes neste evento, para encurtar esse caminho, sem que seja necessário procurar um juiz plantonista ou mesmo aguardar a segunda-feira. Nós vemos que, infelizmente, há uma escalada da violência contra a mulher, não só em Governador Valadares, mas em todo o país. E é necessário que, neste mês, venhamos combater esse tipo de violência e trazer uma maior conscientização para a população a respeito disso”.