Afastado no “Mar de Lama” e agora liberado para entrar em prédios públicos, Adauto quer se candidatar novamente

Mesmo reconhecendo o desgaste com as investigações da Operação Mar de Lama, Adauto acredita na possibilidade de se eleger novamente - FOTO: Thiago Ferreira Coelho

por THIAGO FERREIRA COELHO
thiago@drd.com.br

Presidente da Câmara Municipal à época em que foi afastado do mandato de vereador, em 2016, por conta das investigações da Operação Mar de Lama, Adauto Pereira da Silva, o Adauto Carteiro, quer retornar ao Legislativo. O processo da Mar de Lama ainda está em andamento, mas uma sentença permite que Adauto e outros ex-vereadores possam entrar em prédios públicos. O ex-presidente da Câmara tem a intenção de concorrer a uma vaga no Legislativo nas eleições municipais deste ano.

“Não tem sentença nenhuma. Eu só tinha um impedimento [de entrar em prédios públicos]. Não tem cassação da Câmara e sentença nenhuma no processo. Estou apto a me candidatar, e a assumir caso eleito”, declarou Adauto. Em 31 de julho de 2019, uma determinação do juiz Famblo Santos Costa, da 3ª Vara Criminal de Governador Valadares, liberou o acesso de Adauto e dos também ex-vereadores Geovanne Honório e Leonardo Glória a prédios públicos municipais. Conforme Adauto, os ex-parlamentares Cabo Isá e José Iderlan foram beneficiados em outra sentença semelhante.

Durante o ano de 2016, 13 vereadores foram afastados durante as investigações, sob a acusação de recebimento de propina para aprovar projetos de interesse da concessionária de transporte público, a então Valadarense [atual Mobi]. Adauto espera ser inocentado ao final do processo, pois, ele afirma, o aumento da tarifa do transporte não passou por votação na Câmara Municipal.

“A acusação de que recebíamos propina para votar aumento da passagem não procede, porque o aumento da passagem não passa pelo crivo da Câmara, como está no processo. O aumento da passagem é por decreto de poder do prefeito, e o Conselho de Trânsito define o valor da passagem, que não passa pela aprovação da Câmara. Não procede essa questão de receber dinheiro para votar aumento da passagem”, disse o ex-vereador. Ele destaca ainda que, como presidente da Câmara, normalmente não tinha direito a voto nas votações do Legislativo – o presidente só vota em caso de empate.

Desgaste

Nas eleições de 2016, apenas um dos 13 vereadores afastados conseguiu se eleger – Leonardo Glória, que, no entanto, sequer chegou a tomar posse, devido à proibição de entrar em prédios públicos municipais. Adauto reconhece que o envolvimento nas investigações gera desgastes: “Existe um desgaste natural com essa questão do afastamento. No calor daquele momento, foi muito difícil conseguir reverter a situação. Mas já se passaram quatro anos e voltei a trabalhar na rua, como carteiro. Estou visitando as pessoas todos os dias, as pessoas fazem uma outra leitura do processo”.

Morador do bairro Santa Rita, onde há outras lideranças com possibilidade de se candidatar à Câmara, o ex-vereador confia na chance de se eleger novamente. “O Santa Rita sempre elegeu três vereadores. Dá para disputar e ganhar as eleições”, disse.

Filiado ao PROS já há alguns anos, Adauto tem a intenção de se filiar à Rede. Ele acredita que a eleição para prefeito será bastante disputada, com vários partidos lançando candidatos.

“Com o fim da coligação [em chapa proporcional] e o fundo eleitoral, todos os partidos, se tiverem nomes, lançarão candidaturas majoritárias. Não sei se a Rede vai se preparar para lançar candidatura ou apoiar outro candidato, mas creio que a maioria dos partidos vai lançar candidaturas majoritárias. Isso vai refletir nas eleições de 2022, para deputado estadual e para federal, porque os partidos precisam criar novas lideranças e aumentar o poder do fundo eleitoral”, comentou.

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