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Professores relatam desafios da profissão no século XXI

FOTO: Yan Krukau

GOVERNADOR VALADARES – A realidade da educação no Brasil, em todos os níveis, apresenta desafios cada vez mais complexos para os professores. Na atualidade, questões como a distração causada pelo uso de celulares em sala, a dificuldade dos alunos em manter a concentração e o imediatismo cada vez mais presente entre os jovens estão moldando a forma como o ensino é conduzido. Para entender melhor esses desafios, o DIÁRIO DO RIO DOCE conversou com três profissionais da área: Mary Sathler, professora de redação; Deborah Vieira, professora universitária; e Wildma Mesquita, coordenadora do curso de Pedagogia da Univale.

Mary Sathler, Mestre em Linguística e Língua Portuguesa, destaca um dos principais obstáculos que encontra ao ensinar seus alunos: o imediatismo. “Os alunos de maneira geral querem tudo muito rápido. Eles não conseguem compreender que o processo de aprimoramento da escrita é lento e precisa ser constante”, explica. Segundo ela, a ansiedade e a falta de paciência em esperar pelos resultados comprometem o desenvolvimento de habilidades essenciais, como a escrita. Mary também ressalta que a falta de hábito de leitura e o desinteresse pela escrita são grandes barreiras no aprendizado.

Mary Sathler, Mestre em Linguística e Língua Portuguesa. FOTO: Arquivo Pessoal

Para lidar com essas dificuldades, Mary adota uma postura crítica em relação ao uso de celulares, que frequentemente dispersa a atenção dos estudantes. Ao invés de proibir, ela busca conscientizá-los sobre como os aparelhos podem prejudicar a concentração. “O que eu tenho tentado demonstrar para os alunos é ter uma postura mais crítica em relação ao celular, para que eles percebam como o celular está nos dominando”, afirma. Segundo a professora, promover essa reflexão ajuda a melhorar o rendimento dos alunos durante as aulas.

No ensino superior, a situação não é menos desafiadora. Deborah Vieira, docente universitária e Doutora em Comunicação, destaca que um dos grandes problemas atuais é o mau uso da inteligência artificial (IA) pelos alunos. “Alguns alunos tendem a achar que podem aprender e desenvolver suas habilidades apenas com o uso da IA, o que leva a um aprendizado com pouca criticidade sobre os conteúdos e superficial”, aponta. Segundo Deborah, a inteligência artificial deve ser vista como uma ferramenta auxiliar, e não como um substituto do esforço no processo de aprendizagem.

A docente também enfrenta o desafio do uso de celulares em sala de aula. No entanto, ela adota uma abordagem equilibrada, utilizando a tecnologia como uma aliada em momentos específicos, como em atividades práticas. “De toda forma, acredito que o uso consciente e direcionado, em especial, para complementar informações, buscas ou para fins didáticos, seja uma ferramenta importante”, destaca.

Para estimular a participação ativa de seus alunos, especialmente em disciplinas teóricas, Deborah aposta na aproximação com o universo dos alunos. Ela utiliza filmes, séries e produtos culturais que geram identificação, iniciando as aulas com reflexões sobre o tema que será abordado. Essa interação contínua, segundo ela, é essencial para manter o engajamento dos alunos e promover debates. “A interação entre aluno e professor nunca é unidirecional. Dou aula, ao mesmo tempo que aprendo com cada turma. Isso é o mais bonito da profissão”, reflete.

Wildma Mesquita, coordenadora do curso de Pedagogia da Univale e Mestra em Educação, aponta que o celular, muitas vezes visto como uma distração, pode ser transformado em uma ferramenta pedagógica eficaz. Para isso, é necessário que os professores integrem o uso dos dispositivos ao processo educativo de maneira crítica. “Em vez de proibi-lo, é importante orientar o seu uso para finalidades educacionais, criando atividades interativas e colaborativas que envolvam pesquisas, resolução de problemas, criação de conteúdo e compartilhamento de informações”, sugere Wildma.

Ela também defende metodologias ativas que promovam o engajamento dos estudantes, como a aprendizagem baseada em projetos e discussões em grupo. Essas estratégias permitem que os alunos sejam protagonistas do próprio aprendizado, aumentando o interesse e a participação nas atividades. “O diálogo, na perspectiva de Paulo Freire (patrono da educação brasileira), promove o engajamento dos estudantes ao valorizar suas vozes e experiências”, afirma.

Além disso, a pedagoga recomenda que os professores adotem uma postura de escuta ativa e promovam um ambiente de diálogo aberto, especialmente quando enfrentam problemas de comportamento. “O professor pode mediar o diálogo entre os estudantes, promovendo a empatia e o respeito mútuo, ao invés de apenas adotar medidas punitivas”, orienta.

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