Desde os primórdios da civilização, a pimenta tem sido utilizada para tempero, conservante de alimentos, planta ornamental e fins medicinais. Cerca de um quarto da população mundial consome pimentas nas formas fresca e processada.
A maior concentração de cultivo de pimentas em todo o mundo está no Continente Asiático, tendo como principais países produtores Índia, Coreia, Tailândia, China, Vietnã, Sri Lanka e Indonésia. No Brasil, a produção de pimentas vem crescendo muito nos últimos anos, com mercado estimado em mais de R$ 100 milhões ao ano. As principais regiões produtoras de pimenta são a Sudeste e a Centro-Oeste, tendo como maiores produtores os estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, São Paulo, Ceará e Rio Grande do Sul.
O cultivo de pimentas, considerado até pouco tempo uma atividade secundária, tem sofrido grandes transformações e assumido maior importância no país. Essas transformações visam atender às demandas internas e externas do mercado consumidor. Hoje, o agronegócio de pimentas está entre os melhores exemplos de integração entre todos os atores dessa cadeia produtiva. Grande número de agricultores familiares, de pequeno porte, faz conservas de pimentas e comercializa diretamente em feiras livres, mercados de beira de estrada, pequenos estabelecimentos comerciais e atacadistas. Por outro lado, em geral, empresas de porte médio comercializam conservas, molhos, geleias, conservas ornamentais em supermercados e até em lojas de decoração.
Grandes empresas exportam a pimenta na forma desidratada, páprica, pasta e conservas ornamentais. Há grande variedade de tipos, nomes, tamanhos, cores, sabores e ardume. O clima é fator fundamental para o cultivo das pimentas, pois exerce influência na germinação, no desenvolvimento e na frutificação das plantas. Por serem espécies tropicais, sensíveis às baixas temperaturas e intolerantes a geadas, as pimentas devem ser cultivadas nos meses mais quentes do ano ou em ambiente protegido.
A técnica de cultivo protegido é utilizada em épocas e locais onde as condições climáticas, principalmente temperatura, distribuição e intensidade das chuvas e velocidade dos ventos, podem afetar o desenvolvimento das plantas ou a qualidade do produto. Todavia, dadas as características continentais do território brasileiro, o cultivo é realizado praticamente o ano todo, estando a época de semeadura condicionada às peculiaridades climáticas locais.
A implantação da cultura pode ser por semeadura direta ou, preferencialmente, por transplantação. As mudas podem ser produzidas em diversos sistemas, sendo a semeadura em bandejas de isopor ou em bandejas plásticas (450 células) de polietileno injetado a mais recomendada. Os espaçamentos são definidos de acordo com a cultivar, manejo cultural, região de plantio e ciclo da cultura, sendo utilizados de 0,33 a 1,00 m entre plantas e de 0,80 a 1,50 m entre fileiras. O uso de corretivos e de fertilizantes agrícolas representa, naturalmente, custo significativo na produção das culturas.
Dessa forma, deve-se visar a utilização eficiente desses insumos, buscando maior relação custo/benefício possível. A pimenta, com suas variedades, é uma ótima opção de cultivo para os produtores rurais de Governador Valadares e toda a região do Vale do Rio Doce.
Marcelo de Aquino Brito Lima | Engenheiro-agrônomo e teólogo; Secretário Municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Abastecimento de Governador Valadares.