Quando falamos sobre mulheres e tatame estamos falando de garra, força, determinação e equilíbrio. Conhecidas também como as artes da guerra, as artes marciais são esportes praticados, predominantemente, por homens, mas que vêm conquistando cada vez mais um espaço especial no universo feminino.
Embora tenha aumentado a preferência do jiu-jítsu entre as mulheres, o cenário ainda é masculino. Em 2019, o Ministério da Saúde realizou uma pesquisa na qual constatou que, no Brasil, 0,40% das mulheres era praticante do esporte, enquanto, no caso dos homens, o número era próximo de 2,20%. A prática chegou ao Brasil em 1914.
Thainara Vandesteen é faixa marrom e pratica jiu-jítsu há quase 19 anos. De acordo com Thainara, o esporte é bastante abrangente. E, mesmo com os obstáculos do dia a dia, pode auxiliar em outras atividades cotidianas. “O jiu-jítsu é um esporte inclusivo para as mulheres, muito bom para o condicionamento físico e mental, capaz de fortalecer nosso corpo e nossa alma. Quem pratica aprende filosofia de vida. Claro que há muitos obstáculos para mulheres que praticam o esporte, como as nossas obrigações com o lar, gravidez, família, trabalho, faculdade. Mas a mulher que persiste na arte suave não se arrepende”, garante.
Autodefesa
Assim como grande parte das atletas, ela iniciou na arte suave para aprender sobre autodefesa e acabou se apaixonando pela atividade. “Eu comecei a treinar jiu-jítsu em 2004. Estava buscando aprender uma defesa pessoal para me defender de uma garota que treinava muay thai e jiu-jítsu e que batia em várias meninas nas portas das escolas. Aí resolvi me antecipar e um amigo meu (Jean Carlos, hoje ele é faixa preta e professor em Abu Dhabi) me apresentou a arte suave. Depois que iniciei, nunca mais tive problemas”, lembra Thainara.
Atualmente, Thainara é casada com o também lutador Patrick Vandesteen e tem dois filhos: Derek, de 10 anos, e Clark, de 10 meses. Especialista em jiu-jítsu em família, ela assegura que todo o esforço feminino inicial para se desenvolver no esporte vale a pena. “O jiu-jítsu não é fácil para nós mulheres. O corpo todo dói; os treinos são duros. Às vezes não conseguimos nos concentrar direito pensando em várias tarefas a serem cumpridas, mas quando persistimos, saímos muito mais fortes e preparadas para encarar qualquer desafio”, disse.