Gramíneas forrageiras tropicais para a produção de leite a pasto

Apesar das dimensões continentais do Brasil, é cada vez maior a pressão ambiental contra a abertura de novas fronteiras agrícolas. Associado a isto, a expansão da cultura da cana-de-açúcar e da silvicultura, promovida pelo crescimento do programa brasileiro de agroenergia, tem provocado impacto sobre as áreas de pastagem e a atividade agropecuária como um todo, quer pela competição direta entre estas atividades, quer pela valorização fundiária, que eleva o custo de oportunidade da terra. Entretanto, especialistas têm apontado que, com o aumento de 10% na produtividade dos sistemas pecuários, é possível manter as atuais produções de leite e carne, mesmo com substituição de pastagem por áreas de culturas de cana, soja, milho etc. Outro aspecto a ser considerado é que, na pecuária, os sistemas intensivos de produção de leite têm mostrado maior rentabilidade, desde que administrados de forma eficiente. O uso de espécies com alto potencial forrageiro tornou-se uma realidade a partir do processo de intensificação da produção de leite a pasto. Gramíneas dos gêneros Brachiaria, Panicum, Pennisetum e Cynodon têm sido introduzidas em sistemas de pecuária leiteira, por suas características de elevada capacidade de produção de matéria seca e bom valor nutricional. Sob o ponto de vista de nutrição animal, não basta elevada produtividade, e sim alta proporção de folhas na biomassa do pasto. Este fato tem relevância, considerando o maior valor nutritivo e a preferência dos animais em consumirem folhas em relação aos colmos. Nesse contexto, diferentes estudos têm revelado o elevado potencial de produção de folhas das principais gramíneas tropicais usadas para o pastejo de bovinos leiteiros. As taxas de acúmulo de lâminas foliares, com base na matéria seca, têm variado entre 94 e 164 kg/ha/dia, durante a época chuvosa, dependendo da espécie e do manejo adotado. Dentre as forrageiras cultivadas, as gramíneas do gênero Brachiaria são as mais usadas no Brasil. A espécie B. decumbens disseminou-se em função de suas características: boa adaptabilidade aos solos ácidos e pobres, fácil multiplicação por sementes, alta capacidade de competição com plantas invasoras e bom desempenho animal, quando comparado às pastagens nativas. Entretanto, problemas associados com a suscetibilidade às cigarrinhas-das-pastagens e à fotossensibilização estimularam a busca por outras espécies. A B. brizantha cv. Marandu vem substituindo as áreas de B. decumbens, em decorrência de sua boa produtividade e resistência às cigarrinhas dos gêneros Notozulia e Deois. Outras duas cultivares de B. brizantha foram liberadas visando à diversificação de pastagens. O capim-xaraés é uma cultivar que se destaca pela elevada capacidade de suporte, enquanto o capim-piatã proporciona alto desempenho por animal, em decorrência de seu elevado valor nutritivo. O capim-elefante é uma das forrageiras que têm contribuído para a alimentação animal em sistemas intensivos de produção de leite. Além de sua comprovada superioridade para formação de capineiras, diversos especialistas demonstraram seu potencial para uso sob pastejo de lotação rotativa. A espécie Panicum maximum é uma das mais importantes para a produção de bovinos nas regiões de clima tropical e vem ganhando importância em sistemas de produção leiteira intensivos. Entre as cultivares, destacam-se a Tanzânia e a Mombaça, que apresentam características favoráveis ao processo de intensificação do manejo da pastagem, tais como elevada produção de matéria seca e bom valor nutritivo da forragem.

Marcelo de Aquino Brito Lima | Engenheiro-agrônomo e teólogo; Secretário Municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Abastecimento de Governador Valadare

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

[the_ad_placement id="home-abaixo-da-linha-2"]

LEIA TAMBÉM