Os primeiros meses do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Balde Cheio na propriedade de Vanilson Gonçalves da Silva, na região de Icaraí de Minas, no Norte do estado, são bons exemplos de como o conhecimento bem aplicado pode transformar realidades no campo. Com uma pequena propriedade, de cerca de 30 hectares, o produtor de leite convivia com incertezas, baixa produtividade e dificuldades em ajustar manejos. Isso o fez pensar, até mesmo, em largar a atividade. Mas tudo isso mudou após o programa do Sistema FAEMG chegar.
São 11 vacas, produzindo uma média de 80 a 100 litros por dia, que são entregues em uma cooperativa. Para conseguir atingir esse número, nesses primeiros seis meses de consultoria, foram duas as principais mudanças aplicadas no dia a dia para fazer a fazenda voltar a produzir boa quantidade de alimentos para as vacas. Primeiro, foi feita a correção do manejo do sistema de pastejo rotacionado e, em seguida, controle de uma praga que estava prejudicando o crescimento do pasto. Com as mudanças, foi possível dobrar a capacidade da área do pastejo, produzindo mais alimento.
“Ele estava desacreditado e cogitando abandonar o trabalho. Já estava em uso o sistema de pastejo rotacionado, mas sem o manejo e o cuidado necessários. Fizemos o ajuste do tempo de irrigação, adubação e, o grande divisor de águas, o controle de pragas. Existia uma infestação de cigarrinha e plantas infestantes porque a pastagem estava fraca. Para mostrar que valia a pena seguir apostando no sistema rotacionado, apresentei ao produtor contas e cálculos da alimentação ofertada aos animais, provando que o capim seria a melhor alternativa”, explicou o técnico Luiz Pedro.
“Sem o apoio do técnico, eu já teria acabado com tudo. Eu tinha a irrigação, mas não existia manejo correto e adubação do solo. Como precisava arcar com os custos de um técnico para adubar, era difícil manter esses valores. Então, não conseguia produzir a quantidade de alimentos necessária para as vacas. Trabalhando em fazendas da região, peguei o ritmo de fazer as coisas desse jeito, mas aprender algo novo mudou tudo”, destacou o produtor.
Também foi adotada a análise de solo, que nunca tinha sido feita. A partir de agora, a cada 120 dias, haverá o exame específico das condições do terreno. “Não adianta só adotar o pastejo rotacionado. Muitos produtores acham que o piquete é só jogar água. O capim em piquete rotacionado é uma cultura que você colhe o ano todo e isso requer manejo e cuidados constantes. Como colhe o ano todo, o solo precisa estar sempre com qualidade”, explicou o técnico de campo.
Sorgo entra em cena
Com o plantio adubado e seguindo as recomendações técnicas para um bom manejo, sobrou até mesmo tempo e espaço para a produção de sorgo, volumoso para o período de seca, já pensando meses à frente.
“O sorgo é utilizado no inverno para suplementar a alimentação. Essa foi a primeira vez que o produtor implantou esse volumoso. A adoção visa a manter a produtividade, já que o Vanilson sempre tinha problemas no período de seca, com o gado emagrecendo muito. Com essa alimentação, ele poderá manter o gado com ganho de peso do período das águas”, destacou Luiz Pedro.
Hoje o produtor olha com satisfação para a propriedade e sabe quais caminhos seguir. “O dia que o técnico não vir mais, já sei o que fazer, peguei o ritmo. A metodologia do ATeG é algo que gostei e não vou parar”, finalizou o produtor.