Valadarenses se preocupam e buscam soluções com suspensão de procedimentos cirúrgicos eletivos pelo SUS

Enquanto alguns ainda ficam na espera, outros tentam buscar alternativas para solucionar os problemas que têm

Entra em vigor nesta quarta-feira (9) a suspensão de agendamento e realização de procedimentos cirúrgicos eletivos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e filantrópicos e/ou privados credenciadas ao SUS. O novo decreto divulgado no Diário Oficial Eletrônico da Prefeitura de Valadares, na última sexta-feira (4), preocupa pacientes de Governador Valadares que dependem do SUS para realizar os procedimentos cirúrgicos.

Ainda no decreto, consta que apenas as cirurgias oncológicas, cardiovasculares, hemodiálise, quimioterapia, radioterapia e os procedimentos cirúrgicos de trauma-ortopedia de urgência encaminhados ao Hospital Municipal continuam disponíveis para realização.

Com cirurgia marcada para o dia 28 de janeiro, Maria de Lourdes Gonçalves, 65 anos, cabeleireira, está muito preocupada. Ela conta que pelejou um ano e meio para conseguir a marcação. “Eu sou hipertensa e tenho vários problemas de saúde, porém, os que se tornaram mais sérios foram problemas na bexiga e intestino. Então, desde o início o médico me falou que eu tenho que operar o mais rápido possível, mas já tem um ano e meio que estou nessa luta de conseguir tudo para liberação da cirurgia, já que não tenho condição de pagar particular. Se tivesse, com certeza já tinha pago. A minha sobrinha pagou uma consulta particular e o médico me disse o que precisava fazer. Eu procurei o SUS e fui enviada para o Hospital São Vicente. Fui várias vezes lá, mas sempre faltava alguma coisa. Até o risco cirúrgico, eles alegaram que eu tinha que fazer, mas nunca me chamaram”, disse.

Maria de Lourdes disse que as coisas começaram a mudar quando ela foi direcionada para a Secretaria Municipal de Saúde, após sua pasta de documentação sumir no hospital. “Eu fui ao hospital pegar toda a minha pasta de documentação, pois uma cliente do meu salão havia falado da possibilidade de pagar a cirurgia para mim no particular, mas não acharam meus documentos. Aí fui orientada a ir à Secretaria de Saúde e expliquei a minha situação. Estava ficando bem ruim para mim, pois não estou podendo ficar em pé demais e nem posso pegar peso, já que a minha bexiga estava cedendo. Aí marcaram uma consulta no Ambulatório Ruy Pimenta, e dessa vez marcaram minha cirurgia para dia 28 de janeiro de 2021 no Hospital Regional.”

Com essa situação de suspensão das cirurgias eletivas, Maria de Lourdes fica em dúvida de como ficará sua situação. Inclusive, revela que vai amanhã tentar ir atrás para ver como ficará a situação da cirurgia que já estava marcada.

“Tenho que ver o que pode ser feito, apesar de que, quando marcaram a cirurgia, não estava nessa crise de onda vermelha. Estou em uma situação difícil. Sei que tem a pandemia, é realmente perigoso, mas eu tenho que operar, não posso ficar nessa situação, até porque financeiramente não tenho condições de fazer no particular.”

Samuel Ribeiro precisa de um transplante de córneas (Foto: Arquivo Pessoal)

Samuel Ribeiro é designer gráfico e tem 34 anos. Ele precisa fazer um transplante de córnea. Após tentar pelo SUS e ver a demora que seria a marcação de exames com alguns profissionais, ele desistiu e optou por buscar solução através do plano de saúde, mas a carência ainda o faz esperar um pouco. Além disso, segundo o oftalmologista que o acompanha, a média de espera para conseguir o transplante é de dois anos, por causa da pandemia.

“Tive que escolher fazer pelo plano de saúde, mas como consta como doença pré-existente, tenho que esperar a carência de dois anos. Pelo SUS demoraria muito, eu teria que passar em um clínico para ele me indicar a um oftalmologista, depois marcar os exames, fazer consulta, dentre outras coisas. Para esse tipo de cirurgia, teria que ir a cada seis meses consultar com cardiologista e anestesista para fazer o risco cirúrgico. Imagina o tempo de demora pra conseguir tudo isso. Quando aparece o doador, tem que estar com tudo em mãos, e se houver duas recusas volto pro final da fila. O oftalmologista que está me acompanhando e que será o responsável pela cirurgia, Guilherme Fraga Torres Pascoal, me deu muita segurança. Não dava para ficar esperando pelo SUS, pois, se minha vez da fila chegasse e eu não tivesse com toda a documentação em mãos, voltaria para o final, e isso me atrapalharia demais.”

Em nota, a Prefeitura de Valadares informa que, se houver alteração no cenário epidemiológico do município, o decreto sobre a suspensão e marcação de cirurgias eletivas poderá ser novamente alterado.

“A Secretaria Municipal de Saúde informa que a suspensão dos procedimentos eletivos foi uma precaução devido ao aumento do número de casos e internação. Assim que se estabilizar a situação ‘epidemiológica x internação’, iremos retomar com os procedimentos e os pacientes agendados serão remarcados. É importante destacar que para estabilização da situação epidemiológica é necessário o esforço de todos.”

Secom/PMGV

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