Trabalhos em academias se intensificam após Valadares entrar na onda amarela do Minas Consciente

Profissionais de educação física e professores de artes marciais puderam retomar as atividades, mesmo com as restrições

Por Fábio Velame

A pandemia do Covid-19 tem mudado a realidade do mundo em vários âmbitos. Para os profissionais que trabalham em academias e professores de artes marciais, a situação ficou bem difícil com as restrições aos treinos realizados por eles. Mas como Governador Valadares entrou na onda amarela do Minas Consciente no dia 13 de agosto, as coisas começaram a andar.

Patrick Vandesteen é professor faixa-preta de jiu-jítsu e proprietário da Relson Gracie Vandesteen Brothers. Ele conta como tem sido passar por esses momentos de muita incerteza. “Como professor de arte marcial e trabalhando com o pensamento de proporcionar de saúde, tive essa preocupação com nossos alunos. Quando começou a pandemia parei as aulas por necessidade, pois entendo que estamos na área de grande risco, por ser esporte de contato. Voltamos parcialmente em julho, seguindo todos os protocolos. Mas, com o crescimento dos números de pessoas com Covid em nossa cidade, fechamos de novo. Retornamos há uma semana atrás. Os alunos foram avisados que voltaríamos a trabalhar com todos os protocolos necessários, mas entendo que o medo de voltar ainda exista. Isso é preocupante, pois as contas não param de chegar, como aluguel do espaço da academia, contas de casa, dentre outras coisas. Espero que a situação retorne ao normal. Tenho 16 anos de trabalho correto aqui na cidade, mas entendo que a vida vem sempre em primeiro lugar. Não vou desistir e sigo trabalhando, mas tem sido difícil. As coisas começaram a melhorar, mas com restrições dentro da nossa modalidade. Enquanto não tiver total liberdade, como era antes, sempre será mais difícil de trabalhar. Tínhamos uma média de 100 a 120 alunos, e hoje temos um fluxo de apenas 10 por cento do que era antes da pandemia”.

O personal trainer Roberto Amaral tem trabalhado em academias e também em domicílio (Foto: Arquivo pessoal Roberto Amaral)

Roberto Amaral é personal trainer e explica como tem sido passar por esses momentos difíceis em relação ao trabalho. “A pandemia teve dois momentos marcantes. O primeiro no mês de março, e ficamos 30 dias sem trabalho. Academias fechadas e a população com muito medo. Momento mais difícil, em que educação física deixou de ser considerada uma prática de promoção de saúde para uma prática de proliferação do vírus. Com a retomada das atividades no final do mês de abril, tivemos que fazer todo um trabalho de reconstrução de nossa classe, mostrar nosso valor perante a sociedade e difundir a necessidade que as pessoas precisavam ter em cuidar da saúde em seu âmbito geral (social, econômico, físico e mental). Os trabalhos voltaram de forma bem tímida e com muito cuidado em relação a higienização. Álcool em gel e máscara passaram a ser itens indispensáveis aos treinamentos, além da higienização dos aparelhos utilizados antes e depois do uso e sem o revezamento de pessoas por aparelhos. Também comecei a atender um público em suas casas, já que muitos ainda têm receio e medo dessa pandemia”.

Prisciliana Maciel com alunos em ambiente externo (Foto: Arquivo pessoal Prisciliana Maciel)

Prisciliana Maciel é professora da academia Nak La Muaythai. Ela destaca que as mudanças na forma de trabalhar foram necessárias para manter o funcionamento da academia. “Inicialmente, a incerteza quanto ao período exato de fechamento, bem como seria a reabertura, deixou-nos bem apreensivos quanto ao futuro. Em pouco tempo, percebemos também que o mal causado pela ausência do exercício físico esteve presente, e precisávamos atuar. Logo, criamos treinos externos, tanto ao ar livre, em espaços públicos, em locais indicados pelos próprios alunos, como casa ou ambiente de trabalho. Já com a reabertura autorizada, trabalhamos em adaptar para que os atendimentos ocorram com a segurança necessária. Fez-se necessário investir em higienização terceirizada do espaço, bem como o cumprimento de protocolo instruído pelos órgãos competentes. Outra mudança importante é que atualmente funcionamos quase todo o dia, assim, é possível revezar os alunos, de maneira a atender bom número de pessoas e manter, ao mesmo tempo, o espaço mais vazio. Já os atendimentos domiciliares continuam para aqueles que preferem a segurança de estar em casa. É um novo mercado. Uma nova forma de consumir. É uma nova vida. Adaptar todas essas novas necessidades é fundamental para que a população mantenha a prática de exercícios físicos, que, inclusive, é uma das principais formas de fortalecer o corpo e aliviar a mente para lidar melhor com tempos tão desafiadores”.

David Prates é professor faixa-preta de judô e comanda a Associação Prates de Judô. Ele relata que as aulas retornarão só a partir de semana que vem. “No início da pandemia não acreditávamos que nos prejudicaria tanto. Com a agenda de competições já marcadas para o ano, e focados no trabalho a longo prazo, queríamos manter os treinos. Mas aí veio a proibição pelos decretos, e nós que somos do esporte de contato tivemos dificuldades. Como os nossos atletas são em sua maioria crianças e adolescentes, é preciso ter os planos bem estabelecidos, a fim de tentar mantê-los motivados nos treinos. Ainda não voltamos com as atividades, pois precisaremos fazer algumas adequações e atender os protocolos estabelecidos”.

Fluxo de alunos na academia dirigida pelo professor Patrick Vandesteen tem sido de 10 por cento comparado ao número que tinha antes da pandemia. (Foto: Thainara Vandesteen)

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