Seja industrializado, eletrônico ou feito a mão, o cigarro faz parte da rotina de muitas pessoas que buscam aliviar a tensão, ainda que momentaneamente. Aliás, fumar é um hábito que, na maior parte das vezes, chega despretensioso. Um momento de lazer com os amigos ou uma situação estressante já é suficiente para expor o não fumante à possibilidade do primeiro trago.
Foi o que aconteceu com o Rodrigo Carvalho, de 31 anos. O consultor de vendas conta que seu contato inicial com o cigarro foi bem cedo, aos 14 anos. Segundo ele, o motivo da decisão por fumar era sua falta de autoestima. Rodrigo Carvalho desejava pertencer ao grupo considerado “popular” pelos colegas de escola. Para isso, adotou os mesmos hábitos do grupo. Então, dentro de um ano, o jovem se tornou dependente e passou a consumir um maço e meio de cigarro por dia.
“Eu comecei a fumar na média dos meus 14 anos de idade. No começo foi na brincadeira, na onda de amigos, companhias, até como uma forma de tentar me enturmar também. E nessa brincadeira eu acabei me viciando. Então eu comecei a fumar com 14 e com 15 realmente já estava viciado e fui até alguns anos depois”, lembra.
Hábito ou doença?
De acordo com o médico pneumologista Eduardo Carvalhido, fumar deixa de ser um hábito e se torna uma doença dentro de pouquíssimo tempo. Segundo o profissional, a nicotina – substância presente no cigarro – é a principal responsável pelo prazer do vício. Além da nicotina, há centenas de substâncias cancerígenas que são inaladas todos os dias por quem fuma com frequência.
Numa ordem cronológica, o hábito (que, por si, já é prejudicial) gera rapidamente o vício, que resulta nas doenças. Logo, os profissionais da saúde já consideram o fumo uma patologia: “O cigarro, basicamente, é composto por duas substâncias: a nicotina, que causa a dependência química (por isso o tabagismo, hoje, é considerado uma doença, não um hábito) e o alcatrão, que não é uma substância única. Ali [no alcatrão] tem mais de 400 substâncias cancerígenas. São essas substâncias que vão levar às lesões no organismo e causar as doenças provocadas pelo cigarro”, explica o médico.
Como o cigarro age no organismo
Ainda segundo o pneumologista, ao ser inalada, a fumaça do cigarro é absorvida juntamente com as substâncias tóxicas, por completo, pelos pulmões. Dessa forma, o fumante “abre portas” para todos os outros danos que o fumo causa no corpo humano, o que não se resume somente ao aparelho respiratório. “O pulmão é uma via de entrada. Um eficiente órgão de absorção de substâncias. Ele absorve as toxinas, todas. Essas substâncias caem no sangue. Então aí, por isso, você [fumante] vai ter efeitos em vários órgãos”, completa Carvalhido.
Diante dos riscos oferecidos pelo cigarro, muitos fumantes têm recorrido a meios considerados “menos prejudiciais”, como o cigarro eletrônico. Mas o médico afirma que não existe fórmula segura para o cigarro e, apesar da diversificação, há nicotina. Portanto, qualquer uma das opções – mesmo que compostas por substâncias diferentes – oferece riscos graves à saúde. “Eles são vendidos como seguros, mas não são”.
Condicionamento físico
Há um ano sem fumar, Rodrigo Carvalho se lembra bem de como era sua rotina e das atividades simples que não conseguia mais realizar por conta dos efeitos do cigarro.
“Eu não conseguia correr com os amigos, fazer um exercício, dar uma volta na Ilha. Eu não tinha fôlego para nada. Esses foram apenas alguns dos sintomas. Hoje, sem sombra de dúvidas, tenho mais disposição. Tanto que voltei a praticar esportes”, comemora.
Para quem deseja sair da dependência do cigarro, o médico Eduardo Carvalhido recomenda buscar ajuda dos profissionais da saúde física e mental, a começar pelo pneumologista. Por fim, será feita uma avaliação e o repasse das orientações necessárias, de acordo com a necessidade e o bem-estar de cada paciente.