Suicídio precisa ser tratado como questão de saúde pública, defende especialista

FOTO: Óbvio Comunicação Integrada

Apesar de diferentes tabus estarem relacionados ao suicídio, o tema foi tratado de forma franca e transparente pela quinta edição da Jornada da Psiquiatria, realizada no último fim de semana, em Governador Valadares (MG). Aliás a sugestão de especialistas que organizaram e participaram do evento é que a sociedade converse mais sobre o tema, que precisa ser encarado como questão de saúde pública no País.

O presidente da Associação Mineira de Psiquiatria, Dr. Humberto Correa, defendeu a criação de uma estratégia nacional de prevenção ao suicídio no Brasil. “Nós temos várias formas de prevenção, tanto no nível da saúde pública quanto individual. O Brasil é um dos poucos grandes países do mundo que não tem estratégia nacional de prevenção ao suicídio, por isso aqui os números crescem enquanto no resto mundo caem”, afirmou Correa, ressaltando que “há formas adequadas de se falar sobre o suicídio, do ponto de vista técnico e educativo, que vão contribuir para reduzir o estigma e a mortalidade por suicídio”, concluiu.

Especialistas em saúde mental abordaram o tema na V Jornada da Psiquiatria. FOTO: Óbvio Comunicação Integrada

Outro tema abordado durante o simpósio foi como tratar os enlutados. De acordo com a psicóloga Vívian Zicker o suicídio afeta profundamente a família e o enlutado precisa ser tratado de forma única. “O enlutado por suicídio apresenta uma série de características que os difere dos demais, pois experimentam sentimentos que antecedem a dor em si, principalmente de culpa, de raiva, de vergonha, de sensação de abandono, além de se fazer muitas perguntas não respondidas, na pósvenção precisamos tratar da família”, explicou.

O publico, grande parte formada por profissionais e estudantes da área da saúde, participaram entusiasmados dos debates. Estudante do 7º período do curso de Medicina UFJF, Robson da Costa falou sobre a importância do tema. “Desmistificar o suicídio é uma questão importante na nossa sociedade, principalmente no momento que a gente vive, onde existe um grande número de adoecimento. Então, trazer uma visão totalmente diferente, entender o processo e o contexto é relevante para nós, futuros profissionais da área”, ressaltou.

O estudante de Medicina Robson da Costa considera o tema importante para a classe médica. FOTO: Óbvio Comunicação Integrada

Entender o processo do luto por suicídio foi o que levou Luciana dos Santos a participar do evento. A assistente social, atende famílias em situação de vulnerabilidade social, o que segundo ela, contribui para o aumento dos casos. “Minha rotina de trabalho gira em torno de pessoas com grandes vulnerabilidades não somente sociais, mas também psicológicas. O curso vem agregar ainda mais no acolhimento daquelas pessoas que ficam, das pessoas que vivem o luto de culpa e muita dor”, concluiu.

Além do evento, um grupo de apoio aos enlutados por suicídio foi criado no sábado. O psiquiatra e organizador do evento, Pedro Colen falou sobre a importância de ajudar os familiares em relação ao luto por suicídio. “É um grupo de mútua ajuda, formado por familiares e amigos de pessoas que têm complicações em relação ao luto por suicídio, que é um luto diferente. Demos inicio ao grupo em Valadares e creio que isso pode ajudar muitas pessoas a entender o que aconteceu e seguir em frente”.

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