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Só um novo fato envolvendo coronavírus vai mexer com a Bolsa, afirmam especialistas

por ISABELA BOLZANI (FOLHAPRESS)

Os efeitos do coronavírus nos preços dos ativos na Bolsa de Valores brasileira devem diminuir, afirmam especialistas.

Apesar da queda de 7,88% na Bolsa de Xangai, nessa segunda-feira (3), a injeção de dinheiro na economia, por parte do banco central chinês, como forma de garantir a liquidez no mercado e apoiar as empresas afetadas pelo novo vírus, foi vista com bons olhos pelos investidores.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) foi alertada sobre a existência de um vírus desconhecido em Wuhan, província de Hubei, na China, em 31 de dezembro de 2019. Até esta terça (4), 427 mortes foram confirmadas. Pelo menos 27 países confirmaram casos da doença em pessoas que vieram de Wuhan. Também há casos de transmissão dentro dos próprios países.

O BC chinês já havia afirmado que usaria ferramentas de política monetária, incluindo operações de mercado aberto (compra e venda de títulos públicos pelo BC), para manter a liquidez do sistema bancário em nível razoavelmente amplo.

De acordo com o estrategista-chefe da Genial Investimentos, Filipe Villegas, o fato de o governo chinês ter se mostrado bastante focado em amenizar os efeitos do coronavírus, e a postura de que tenta reverter essa situação de contágio, passa uma mensagem positiva para o mercado.

Veja: o que se sabe até agora sobre o coronavírus chinês – “ainda que não tenhamos uma definição envolvendo o vírus, só de ter o governo [chinês] atuante já passa tranquilidade. Além disso, tivemos apenas uma morte fora da China, até o momento, e o número de recuperações, agora, está em um crescimento muito mais forte do que o de mortes”, afirma.

O caso de morte pelo vírus fora da China confirmado, até agora, foi nas Filipinas.

Segundo o analista da Guide Investimentos, Henrique Esteter, outro fator que ajuda a arrefecer os efeitos do coronavírus, é o fato de que as Bolsas da Europa, dos EUA e do Brasil já estavam abertas na semana passada – diferente da Bolsa da China, que teve o feriado do Ano Novo Lunar prolongado, e só voltou a operar nessa segunda.

“O mercado apanhou bastante e já na semana passada tinha feito a correção a respeito do coronavírus. O próprio Ibovespa chegou a bater os 112 mil pontos. No Brasil, apesar de as empresas terem sofrido nos últimos dias, temos um cenário bastante positivo para o país, ao longo deste ano, com a expectativa de volta do consumo e o impacto positivo nos papéis do setor varejista”, afirma Esteter.

Para ele, uma ou outra ação de empresas importadoras ainda pode sofrer, uma vez que a China tem um papel importante na balança comercial brasileira. “Mas é só uma questão de cautela sobre como a economia chinesa pode se comportar”, diz.

No pregão de segunda-feira, as ações da Braskem responderam pela maior alta do índice, com avanço de 3,34% – reflexo da notícia que se espalhou no mercado de que a companhia pode migrar para o Novo Mercado da B3, segmento de listagem com o padrão mais elevado de governança corporativa, onde as empresas adotam, voluntariamente, práticas adicionais às exigidas pela legislação brasileira.

“Talvez ainda estejamos no início de tudo isso e é difícil precificar até onde o coronavírus deve perdurar. Isso pode trazer alguma volatilidade, mas o que importa é o governo atuante em buscar uma solução para o problema”

afirma Villegas.

Sobre o dólar, os especialistas afirmam que o maior otimismo, no cenário internacional, colabora para uma realização da moeda. [Nessa] segunda-feira (3), o dólar encerrou a sessão com queda de 0,86%, cotado em R$ 4,25. Foi o maior recuo da moeda americana ante o real, desde 30 de dezembro, quando caiu 0,91%.

Segundo o analista da Terra Investimentos, Maurício Battaglia, outro fator que também colabora para o movimento de baixa da divisa, é a sinalização por parte do Banco Central brasileiro de que fará intervenções na moeda.

“Tivemos, mais uma vez, a melhora nas perspectivas para a inflação e podemos ter um novo corte da taxa básica de juros, nesta quarta-feira, [com as reuniões do Copom]. É um realinhamento do prêmio de risco”, diz.

“Toda essa sinalização [de interferência por meio de swaps cambiais] para a mensagem de que o BC está de olho no que está acontecendo e isso é importante”, afirmou Villegas.

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