Setembro Roxo: neste mês de conscientização sobre Alzheimer, entenda o que é a doença e como prevenir

O alzheimer é uma doença crônica e degenerativa que interfere diretamente nas funções cognitivas do corpo humano. Ou seja, a pessoa acometida por este mal vai perdendo, pouco a pouco, as habilidades coordenadas pelo cérebro, como a memória e o raciocínio.

De acordo com a médica geriatra Érica Prata, a patologia se manifesta em pessoas acima dos 60 anos de idade. No entanto a profissional ressalta que uma pessoa pode conviver até dez anos com o alzheimer até que a doença apresente o primeiro sintoma. Por isso, já que ainda não há um tratamento que cure efetivamente a doença, a médica afirma que o melhor método de combate é a prevenção.

Érica Prata (médica geriatra) | DRD/TV Leste

“Em se tratando de alzheimer, qualquer queixa de memória, mesmo que subjetiva, aquela queixa do próprio paciente merece um segmento, uma atenção. Porque, às vezes, queixas subjetivas evoluem para comprometimento cognitivo leve, que evolui para o quadro demencial na sua fase inicial. Então queixas de memória valem a pena serem consideradas. Principalmente se o familiar percebe e o paciente não tem essa percepção”, avaliou.

Quanto aos quadros intitulados pela ciência como demenciais, a geriatra esclarece: “Toda vez que tem acometimento de funções cognitivas, memória e outras funções cognitivas como linguagem, atenção, concentração, função executiva, a gente fala que a gente tem um quadro demencial. O diagnóstico é clínico. É a família perceber que esse familiar já está tendo algumas dificuldades, esquecimentos, e procurar uma avaliação geriátrica, neurológica, para a gente poder aplicar testes de rastreio e fazer uma série de exames. Através de uma anamnese bem feita e de exames complementares, a gente fecha um diagnóstico”.

Quem pode ser acometido pelo alzheimer?

Segundo a médica, o alzheimer pode vitimar qualquer pessoa idosa, mas quem já possui casos registrados na família precisa redobrar a atenção, pois há maiores chances de acometimento. Contudo este indício não é uma sentença.

“Quem tem casos de alzheimer na família tem uma maior predisposição, uma alteração cromossômica, um alelo que aumenta. A gente fala que o paciente tem aquela predisposição genética, mas não quer dizer que esteja fadado a ter alzheimer. Então não quer dizer que se tenho um pai ou uma mãe com alzheimer vou ter. Mas tem uma chance maior. Principalmente se na família tiver aqueles casos de alzheimer de início precoce, que são os pacientes que começam a ter sintomas clínicos de demência antes dos 60 anos”, pontuou Érica Prata.

Aceitação da família

Além disso, vale ressaltar que a participação da família na vida de uma pessoa com alzheimer não se dá apenas em um contexto genético. Afinal é no seio familiar que o paciente convive na maior parte do tempo, o que muitas vezes se torna um obstáculo para o diagnóstico ou o tratamento; visto que muitas famílias se recusam a aceitar, logo no início, que o ente querido está com a doença. É o que relata o cuidador de idosos Sinésio Matos.

“A pessoa sai por aí para fazer alguma coisa na rua, se perde na rua e vem embora a pedido de alguém que pede por informação. São lapsos de memória. Aí a família não aceita, acha que é cansaço, vai indo… E se vão anos, dois, três anos. Quando diagnosticado, quando a família vem aceitar, o alzheimer já está em um avanço máximo”, relatou.

Atualmente, o técnico em enfermagem tem entre seus pacientes, um idoso com alzheimer. O que, para Sinésio Matos, tem sido um desafio diário. “Eu estou trabalhando com um paciente que tem alzheimer. E a família tem alta rejeição, não aceitam e isso acaba atrapalhando o nosso trabalho. Tudo o que envolve o paciente é meu dever. Então eu invisto muito na alimentação, faço muita reposição com sucos naturais, de legumes. Quando o paciente não deglute mais, ele perde um pouco de tudo. É difícil, mas é um difícil que dá para lidar, a partir do momento em que a família aceita”, destacou.

Sinésio Matos (Cuidador de idosos) | DRD/TV Leste

Como prevenir o alzheimer?

De acordo com Érica Prata, 46% dos casos de alzheimer são preveníveis. Então já que o principal método de combate é a prevenção, a médica geriatra detalha quais cautelas devem ser tomadas para evitar o surgimento da doença. No topo da lista, está o exercício do intelecto. “Começa lá na infância. A boa educação faz com que aquela pessoa tenha uma estimulação cognitiva melhor desde a infância. Isso é reserva cognitiva. Então a educação, a atividade física, a alimentação saudável, evitar tabagismo, etilismo, tudo isso isso em conjunto trouxe prevenção de até 46% dos casos”, comentou.

VÍDEO: DRD/TV Leste

Entre as atividades que exercitam a cognição, a médica citou: palavra-cruzada, caça-palavras, leitura, artesanato e participação de grupos sociais.

Idosos em ação

DRD/TV Leste

Aliás já tem gente na ativa, com foco total em manter uma boa qualidade de vida e as funções cognitivas atuando perfeitamente. Em um centro que oferece técnicas de estimulação cerebral – localizado no bairro Esplanada em Valadares – idosos comprometidos com a saúde da mente marcam presença pelo menos uma vez por semana. No local, eles participam de aulas que envolvem cálculos matemáticos, interação social e atividades físicas.

As alunas Sandra De Carvalho Gomes e Leila Eller Marra frequentam o centro educacional e afirmam ser uma excelente escolha para a melhor idade.

Sandra de Carvalho Gomes e Leila Eller Marra (alunas do centro educacional)

“Eu não esperei ter os lapsos, de ‘onde está minha chave’, ‘eu ia fazer o que aqui’, não, eu não queria isso. Eu queria preservar a minha caixa de palavras, minha boa memória. Você preocupa com o corpo. E ele [o cérebro], que comanda tudo?”, indagou Sandra De Carvalho Gomes.

“Nos atende plenamente. Nós fazemos o ábaco, joguinhos, brincadeiras, as aulas são excelentes. A mente fica em movimento”, disse Leila Eller.

No Brasil, o Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer é celebrado em 21 de setembro. De acordo com a Biblioteca Virtual em Saúde – do Ministério da Saúde -, estima-se que existam 1,2 milhão casos no país. A maior parte deles ainda sem diagnóstico.

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