GOVERNADOR VALADARES – O 2º Seminário do Coletivo Abayomi aconteceu nesta quarta-feira (26), no campus II da Univale, reunindo educadores, estudantes, pesquisadores e instituições para discutir o enfrentamento ao racismo e a promoção da cidadania plena. O evento contou com palestras, rodas de conversa, oficinas e intervenções culturais, abordando temas como juventude negra, violência e interseccionalidade de raça e gênero.
O papel da educação no combate ao racismo
A coordenadora do Coletivo Abayomi, Érika Benigna, destacou que o racismo estrutural impede que grupos minorizados, como negros e indígenas, tenham acesso pleno à cidadania, especialmente em áreas como educação e saúde. Segundo ela, esse processo discriminatório começa na infância.
“A gente percebe, a partir de dados estatísticos, que o racismo no Brasil começa na primeira infância, e principalmente dentro da escola. Sou professora e acredito que a educação é o principal pilar para, de fato, conseguir combater o racismo desde a educação infantil, trabalhando com as crianças para ensiná-las sobre a igualdade. Todos somos diferentes, mas temos direitos iguais”, afirmou Érika, que também é historiadora e integrante do Núcleo Interdisciplinar de Educação, Saúde e Direitos (Niesd).
Mudanças estruturais e a necessidade de empatia
Durante a roda de conversa sobre direitos humanos, cidadania e raça, a pesquisadora Letícia Imperatriz, do Observatório Norte-mineiro em Violência de Gênero, ressaltou a importância de mudanças estruturais para a transformação da sociedade.
“A estrutura pode mudar de lugar, nós podemos transformar a sociedade. A gente sai do nosso lugar e consegue experienciar o lugar do outro. Com essa mudança, a gente percebe também que vamos saindo da nossa zona de conforto”, afirmou Letícia.
Ela ainda destacou as diversas camadas de opressão que recaem sobre minorias sociais e a importância de dar voz a quem é historicamente silenciado.
“A gente percebe que algumas questões acontecem porque as pessoas que precisam de voz são silenciadas. Será que a gente se coloca no lugar do outro? Porque só pode falar das suas dores a pessoa que conhece suas cicatrizes”, pontuou.
História do Coletivo Abayomi e o fortalecimento da luta antirracista
O Coletivo Abayomi surgiu como resposta a uma demanda coletiva apresentada ao Ministério Público em 2023 sobre o racismo recreativo em escolas de educação básica. Desde então, o grupo vem atuando na valorização da cultura afro-brasileira e na busca por equidade racial e de gênero. Com o apoio de instituições como a Univale, foram construídas ações efetivas de enfrentamento ao racismo, consolidando o Seminário como um espaço de debate e fortalecimento da luta antirracista.