Retrocesso no aprendizado pós-pandemia

Após dois anos de pandemia, alunos e profissionais da educação têm passado por diversas dificuldades para repor o aprendizado que não foi obtido de forma remota. Segundo o Governo de Minas, a queda do nível de aprendizagem no Estado foi menor que o esperado.

De acordo com o Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica (Proeb), houve um regresso no aprendizado dos alunos durante a pandemia, principalmente na área de matemática. Os alunos mais afetados foram os do ensino fundamental, que estão em processo de alfabetização.

“As crianças da educação infantil foram as mais prejudicadas, porque no convívio da escola elas têm o melhor para desenvolver os aspectos cognitivos e de interação. A escola não é somente o conteúdo”, disse a psicóloga e pedagoga Eliene Nery.

Já segundo a psicopedagoga Denise Borges, a pandemia colaborou com o retrocesso na aprendizagem, mas não foi o fator principal: “Acredito que essa geração está enfrentando dificuldade na aprendizagem, interfere na questão psicoemocional e transtorno de aprendizagem, que às vezes vem de genética. Algumas crianças precisam de terapia e acompanhamento”.

Estratégias

De acordo com a psicopedagoga, uma das melhores formas de acelerar a aprendizagem é com o reforço escolar. O objetivo é complementar os conteúdos em que os alunos têm dificuldades.

“O reforço precisa ser individual, não tem como adotar as mesmas estratégias para todas as crianças. Por isso fazemos uma avaliação individual para conhecer e saber a limitação de cada um. Dentro do resultado vamos traçar um plano, muitas vezes tem que começar do zero, do brincar, massinha, tinta, terra, mas a alfabetização começa no brincar”, explicou.

Ainda segundo Denise, para saber se a criança está com dificuldades na alfabetização, é preciso que os responsáveis observem a fala e os hábitos do aluno. “A fala da criança é o principal sinal que a aprendizagem está comprometida. A criança que fala muito errado demonstra para a área educacional que não está dando conta do aprendizado para a idade”, disse.

Saúde Mental

De acordo com o Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), pelo menos uma em cada sete crianças foi diretamente afetada por lockdowns, enquanto mais de 1,6 bilhão de crianças sofreram alguma perda relacionada à educação. As salas de aula, brincadeiras e convivência com outras crianças são elementos-chave para a saúde mental dos alunos.

“A área mais afetada foi a saúde mental, porque os conteúdos rapidamente as crianças podem aprender, já a afetividade não consegue repor”, afirmou a psicóloga Eliene. Segundo ela, é preciso recuperar o conteúdo não trabalhado durante a pandemia, mas entendendo que cada criança tem um tempo para a alfabetização.

“Não podemos culpabilizar as crianças, a alfabetização é variável para cada uma, é normal algumas crianças demorarem um pouco mais. Todos nós precisamos trabalhar juntos para compensar a perda que deixamos com a pandemia”, afirmou.

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