Psicólogos explicam como isolamento e pandemia podem causar depressão

Procura por serviços de saúde mental aumentaram em GV durante a pandemia

GOVERNADOR VALADARES – Com o início da pandemia da Covid-19, a procura por serviços especializados de saúde mental aumentou de forma significativa. A perda de pessoas queridas ou conhecidas, as mudanças na economia e o excesso de informações, entre outros fatores, contribuíram para o aumento dos quadros de ansiedade e de depressão, especialmente.

Em Valadares, as clínicas de psicologia e psiquiatria intensificaram os atendimentos, e os profissionais têm recorrido às videochamadas.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que cerca de 10% da população brasileira é de pessoas ansiosas. Já são quase seis meses que o país vive um regime de isolamento. Incertezas, mudanças na rotina e perda de entes queridos só potencializam os sintomas ligados à saúde mental.

Psicólogos falaram com o DRD sobre o assunto, e explicaram também como familiares e amigos podem ajudar aqueles que foram acometidos com algum tipo de doença mental nos últimos meses.

Atendimentos online aumentam

Na clínica do psicólogo Sérgio Fonseca, especialista em Terapia Cognitiva, Terapia dos Esquemas e EMDR, o número de atendimentos aumentou 30%. Ele ressalta que, devido à pandemia do coronavírus, a procura dos seus pacientes tem sido pelo atendimento online.

“O Conselho Federal de Psicologia (CFP) e o Conselho Regional de Psicologia já tinham autorizado a fazer atendimentos online. Com a pandemia, o número de solicitações aumentou muito. A gente vem atendendo três vezes mais do que antes. A gravidade desta pandemia é tão grande, que estou atendendo uma estudante de medicina que vive na Rússia, uma médica no Pará, duas pessoas no Sul de Minas e até uma senhora na Inglaterra”, comentou o psicólogo.

Fonseca afirmou que tanto a ansiedade quanto a depressão já eram inimigos da saúde mental antes da pandemia. O que houve foi o agravamento da situação de quem convivia com as doenças.

“A humanidade já vem ficando ansiosa e depressiva neste século 21, principalmente a ansiedade. Com o início da pandemia e com o passar dos meses de isolamento, isso afligiu o ser humano com respeito ao medo, insegurança e ao futuro, comprometendo também a falta de esperança das pessoas. Quando o Ministério da Saúde informou que o pico da doença iria passar, as pessoas criaram uma esperança. Mas ainda não passou”, explica.

Como perceber se uma pessoa está depressiva?

A pessoa com depressão apresenta alguns sinais que podem ser identificados por familiares ou pessoas próximas, que podem procurar ajuda. O quanto antes melhor.

“A pessoa que muda muito o comportamento, ficando mais isolada durante o dia, calada, chorando e perdendo o sono, apresenta sinais de que não está bem. Se isso persistir por mais de 14 dias, é aconselhado procurar ajuda (psicólogo e psiquiatra)”, recomenda Fonseca.

Psicólogo Sérgio Fonseca

“Se a pessoa já tinha tendências depressivas, vai piorar. O medo do desconhecido desse vírus, a perda de pessoas queridas, economia e outros fatores precipitam um número maior de pessoas depressivas e ansiosas”

Psicólogo Sérgio Fonseca

Desde o início da pandemia já era prevista uma mudança de rotina de quem trabalha na área da saúde. Afinal, são os que estão na linha de frente da pandemia, que aos poucos foi chegando e exigiu mais de quem trabalha na área. Seja na clínica ou online, a psicóloga Érica Lopes tem procurado atender todos os seus pacientes.

Érica Lopes

“O atendimento online não é uma novidade para mim. Já vinha realizando isso há muito tempo, mas não esperava esse aumento. A gente sabe que é devido à pandemia, mas é algo preocupante na humanidade”, comenta Érica.

Os riscos da automedicação

A pandemia tem reforçado um hábito comum e cultural do brasileiro: a automedicação. Um perigo na visão de especialistas e da própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Um perigo maior ainda para quem apresenta sintomas de depressão e ansiedade.

“No que tange a automedicação na psiquiatria, o uso de psicotrópicos inadvertidamente nos preocupa; um risco à saúde do indivíduo. O Brasil é o país com o maior índice de automedicação do mundo – 72% dos brasileiros automedicam. As pessoas são imediatistas. Por qualquer necessidade, mesmo sem diagnóstico estabelecido, deseja tomar um ‘remédio’. Tomam medicamentos para aliviar sintomas psíquicos e que por vezes agravam outros problemas de saúde, pela medicação excessiva”, explicou o Dr. Francis Moreira Silveira, membro da Sociedade Mineira de Neuropsiquiatria.

Dr. Francis Moreira Silveira

Cuidados com quem pertence ao grupo de risco

Érica chamou a atenção para quem pertence ao grupo de risco. “Tem pessoas que estão em isolamento porque se encaixam no grupo de risco, e vivem sozinhas em casa. Isso é um gatilho para a depressão, por exemplo. Tem casos de crises de pânico de pessoas que pensaram que estavam com a Covid, foram correndo para o hospital, mas era uma crise de ansiedade. Portanto, cuidado redobrado com essas pessoas”, explicou.

Para a psicóloga, é importante a família buscar um serviço de apoio, para entender melhor as doenças e a importância do tratamento. Algumas atitudes que podem ajudar são: ser paciente, saber ouvir, respeitar o momento da pessoa, oferecer carinho, incentivar a iniciar e não abandonar o tratamento, ficar próximo, dar atenção.

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