Preços de bicicletas e acessórios sobem em Valadares durante a pandemia

A justificativa de representantes do setor é a alta procura durante o período de isolamento social, que causou escassez do produto. A alta do dólar também impactou nos valores.

A alternativa de veículo, que não seja carro e moto, mais comum entre os valadarenses é a bicicleta. Todos os dias, milhares de pessoas utilizam as famosas “bikes” para ir de casa ao trabalho ou à escola, faculdade, curso. Entretanto, com a pandemia da Covid-19, os preços de acessórios, serviços de manutenção e até das próprias bicicletas aumentaram consideravelmente em Valadares.

Em Valadares, as bicicletas tiveram um aumento de pelo menos 10% no valor

Alexandre Venâncio, de 22 anos, mora no bairro Conjunto Sir mas faz estágio no centro da cidade. Todos os dias ele vai e volta do trabalho com sua bicicleta e contou que faz isso porque sai mais barato do que pegar ônibus: “O percurso que eu faço de ônibus ficaria quase 10 reais; de bicicleta é de graça. Apesar de fazer manutenção nela uma vez por ano e gastar um bom dinheiro com isso, ainda é mais barato que o ônibus.”

O estagiário de comunicação disse que notou um aumento no preço de acessórios e da manutenção da bicicleta. Segundo Alexandre, comparado aos anos anteriores, neste ano ele investiu pelo menos o dobro do valor em uma manutenção.

“O preço subiu (de acessórios e manutenção de bicicletas). Antigamente eu fazia a manutenção da minha ‘bike’ por uns 100, 110 reais. Hoje em dia é no mínimo 200 reais para trocar as peças.”

Alexandre Venâncio, estagiário de comunicação

O que provocou o aumento?

Em conversa com o DRD, Carlos Magno Queiroz, proprietário de uma loja de bicicletas situada no centro da cidade, contou que, desde o início do período de isolamento social, com fechamento de academias, quadras de esportes e outros locais para a prática de exercícios, a procura por bicicletas foi muito grande. Tão grande que chegou a causar a escassez de produtos do estoque. Por isso, o aumento no preço das mercadorias foi inevitável.

“Com academias e parques fechados, a bola da vez foi a bicicleta. No final de julho, início de agosto, quando o Minas Consciente foi instaurado, nós tivemos muita procura por bikes e acessórios. Por isso, os produtos começaram a faltar nas fábricas, consequentemente o valor subiu. Uma bicicleta de R$359, por exemplo, foi para R$ 398, porque o preço de compra aumentou em torno de 15%. Isso ocorreu praticamente durante todo o mês de agosto, mas agora (em setembro) os preços estão voltando ao normal.”

Carlos Magno Queiroz, proprietário de loja de bicicletas e acessórios

Outro fator que justifica o aumento no preço de bicicletas e acessórios é a inflação de moedas estrangeiras, como o dólar e o euro. De acordo com Gilmar Soares, gerente de uma loja que, além de vender, também monta bicicletas para trilhas, os preços da montadora dependem do valor do dólar e do euro, visto que as peças são todas importadas. Por isso, com a alta dessas moedas, houve uma dificuldade em pedir os materiais.

“Com a alteração constante do dólar, algumas peças subiram (o valor) entre 12% e 20%. Algumas mercadorias tiveram queda no preço. Por exemplo, o vestuário, as roupas para ciclistas, que são fabricadas no Brasil mesmo, estão até mais baratas”, revelou o gerente de loja.

Em relação às bicicletas, Gilmar disse que, provavelmente, até o final do ano elas não terão aumento. Se comparar com o ano passado, algumas tiveram um aumento no valor entre 10 e 15%. Entretanto, a procura não caiu.

“Durante a pandemia, as vendas de ‘bikes’ aumentaram em média de 50%. Muita gente tinha interesse em praticar o esporte (ciclismo) e viu a pandemia como uma oportunidade. Porém, tem muitas pessoas que compraram bicicletas para locomoção mesmo, até para ir ao trabalho e evitar ônibus, por exemplo.”

Gilmar Soares, gerente de loja

A expectativa dos empresários valadarenses no ramo do ciclismo é que os valores, tanto de peças e acessórios quanto das próprias bicicletas, fiquem estagnados pelo menos até o final do ano. Aos ciclistas, basta torcer para o dólar e o euro não valorizarem mais e, também, para as altas procuras no setor não causarem escassez dos produtos.

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