Produto indispensável na mesa do consumidor, o leite UHT registrou aumento nas prateleiras dos supermercados. Em Governador Valadares, o valor do litro oscilou entre R$ 3,28 e R$ 3,70 na semana passada, deixando os consumidores apreensivos. Um dos fatores para a elevação dos preços pode ser a valorização do produto no campo, causada pelos impactos do novo coronavírus.
Em supermercados no centro de Valadares o litro do leite pode ser encontrado por R$ 3,28, o mais em conta. Consumidores tentam encontrar o motivo da alta. O preço pago ao produtor gira em torno de R$ 1,45.
“A última vez que fui ao supermercado, eu achei o preço do leite muito alto. Sempre compro por ser um dos ingredientes principais para fazer as panquecas cariocas, que eu vendo em delivery. Mas, nesta época do ano, o leite, queijo e derivados sempre sofrem aumento nos preços; dizem que é por causa da seca”.
Iolanda Berçacollo – 47 anos
Para o ipatinguense José Geraldo Camilo, de 43 anos, que vive em Valadares há 11 anos, está difícil manter o leite dentro da lista de compras do mês.
“Neste mês eu senti que o preço de muita coisa aumentou, tanto da luz ou água, quanto do leite. Aqui em casa nós somos quatro pessoas e está ficando difícil manter a quantidade de leite que compramos mensalmente”, reclamou.
Coronavírus põe em risco o faturamento da cadeia leiteira
Em entrevista ao DRD, o gerente de politica leiteira da Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce, Alexandre Negri, falou de fatores que causaram impactos na cadeia produtiva do leite na região.
“A redução do fluxo de pessoas nas ruas nos primeiros 15 dias da quarentena (março), para evitar a propagação do vírus, reduziu a demanda de alguns derivados lácteos no mercado. Houve queda na procura do queijo muçarela para o comércio, como bares, restaurantes e pizzarias, que respondem por mais de 25% da alocação do leite nas indústrias. Reduziu também a venda de leite em pó e requeijão. Em alguns países na Europa o leite quase que não tinha consumo. O produtor foi penalizado com isso, mas, depois da primeira quinzena de maio, o preço começou a reagir no comércio, porque houve aumento na demanda”, explicou.
De acordo com Alexandre, esses fatores, associados à alta do dólar, desestimulam a importância do produto, assim como os fatores climáticos, e a queda no PIB deverá inflacionar ainda mais o valor do alimento nos próximos dias.
“Subiu no mês de maio e deverá subir nos próximos meses também. A gente não sabe até que ponto isso vai durar. É muito difícil fazer uma previsão de queda no preço”, comentou o gerente.
Ações
Segundo Neri, a Cooperativa tem promovido algumas ações para facilitar a compra de insumos ao produtor. “Antes de tudo, nosso objetivo é manter o produtor bem informado, e adiantar os reajustes no preço do leite. A segunda ação foi tentar colocar uma ração em um preço mais adequado possível para os produtores”, ressaltou.