Por causa da pandemia, escolas de ensino infantil se desdobram para manter funcionamento

Corte de funcionários e despesas secundárias, além de descontos nas mensalidades, foram algumas ações aplicadas por escolas em Valadares

Por Fábio Velame

Desde o início da pandemia, as escolas deixaram de ter aulas presenciais e isso trouxe incertezas, tanto para os administradores escolares como para os pais de alunos. Com o objetivo de se manter, algumas escolas tiveram que optar por corte de gastos e dispensa de funcionários.

A coordenadora pedagógica do Espaço Educacional Mickey e Minnie, Silvana Araújo, conta que a pandemia fez a escola perder muitos alunos. Todos da faixa-etária de 0 a 3 anos (creche) saíram. Quanto aos de educação infantil, ficou a metade.

“Em nossa escola tínhamos matriculados cerca de 80 alunos, mas hoje estamos com metade deles. Foi uma situação que pegou de surpresa, pois não esperávamos que as escolas fossem fechadas de repente, como aconteceu. E, para piorar a situação, o Procon sinalizou que os pais com filhos na educação infantil poderiam quebrar o contrato com as escolas. Tivemos que dispensar quatro estagiárias, além de cortar algumas despesas secundárias. Só as turmas do ensino fundamental que continuaram com o mesmo número”, relata.

“Vejo que o problema vai além do financeiro, pois tem o lado dos alunos que sentem falta das aulas e estavam acostumados a vir à escola. Foi importante a nossa relação direta com as famílias para manter esse vínculo”, ressalta Silvana.  

Como a escola não pode receber os alunos, a solução foi a aula online. Silvana explica como tem sido esse trabalho. “Abrimos um canal para ter contato com as crianças que sentiam muita falta da escola. Iniciamos no whatsapp. Depois passamos por outras plataformas, até surgir a proposta da Editora Conquista. Ela disponibilizou uma plataforma, o Meet Institucional, e tem nos ajudado demais no trabalho que estamos desenvolvendo. Conseguimos reproduzir a maior parte do que acontecia em sala de aula, claro que há uma diferença entre presencial e online, mas temos visto o desenvolvimento dos alunos”, explana.

Sandra de Souza tem um filho de seis anos matriculado no Espaço Educacional Mickey e Minnie. Ela conta que a rotina foi modificada por causa do filho em casa. “Foi bem complicado, a nossa rotina mudou completamente. Eu pagava escola de tempo integral, pois todo mundo da nossa casa trabalha. Tive que arrumar uma pessoa para ficar com meu filho na parte da manhã, enquanto, na parte da tarde, eu e meu esposo nos revezamos, até mesmo para poder acompanhar as aulas. Como o nosso filho tem seis anos, precisa de um adulto para acompanhar essas aulas com ele. Com isso, preferi eu mesma fazer esse acompanhamento e ver como estava o desenvolvimento”.

Descontos nas mensalidades e cortes de gastos secundários

No Instituto Pequeno Príncipe, a perda de alunos foi menor. Desde o início da pandemia, dos 122 alunos matriculados, apenas oito deixaram a escola. De acordo com a coordenadora pedagógica Ana Luiza, a primeira ação foi dispensar alguns funcionários.

“Desde o início da pandemia tivemos que dispensar algumas monitoras que tinham contrato de estágio, já que no online não funcionariam para nós. Em abril tivemos esse corte de seis funcionários e, com o projeto do Governo de redução de carga horária, sendo que a assistência online não é a mesma do presencial, até o fim do mês vamos dispensar mais quatro funcionários. Tivemos perda de alunos sim, mas foram daqueles que os pais não tinham condições de dar assistência aos filhos nas aulas online, pois muitos trabalham o dia todo. Diminuímos o quadro de funcionários e ficamos só com o essencial. Todos os funcionários que exerciam uma função secundária foram dispensados, até porque não tem demanda de trabalho”.

Ana Luiza explica que os descontos de mensalidades também foram importantes neste momento. “Com o faturamento reduzido, ficou muito complicado manter toda a estrutura que tínhamos. De abril a agosto disponibilizamos um desconto de 25 por cento para a educação infantil, e do mês de agosto até o retorno das aulas, as mensalidades estão suspensas. Reconheço que realmente para a escola que trabalha com educação infantil ficou bem difícil administrar. Já no nosso ensino fundamental, estamos trabalhando com desconto, porém, a aula online do ensino fundamental já é validada”, ressalta.

Ana Luiza destaca ações importantes para a continuidade no trabalho. (Foto: Fábio Velame)

O bom relacionamento com os pais dos alunos foi outro fator importante no gerenciamento de crise, segundo Ana Luiza. “O trabalho nunca parou por aqui, pois temos dado assistência aos alunos com as aulas online. Os pais acolheram bem essa situação, a direção da escola tomou medidas rápidas, como descontos e suspensão de pagamentos. As decisões da escola foram pensadas para todo mundo dividir a fatia, sem que os alunos saíssem prejudicados.”

Sandra de Souza é mãe de aluno que teve a rotina modificada (foto: Fábio Velame)

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