GOVERNADOR VALADARES – A Polícia Civil de Minas Gerais prendeu, nessa terça-feira (4), duas pessoas suspeitas de envolvimento na morte de um casal homoafetivo, de 60 e 65 anos, ocorrida em junho deste ano, em Governador Valadares (MG). Foram detidos a irmã de uma das vítimas, de 52 anos, e um homem de 35 anos, suspeitos de terem planejado o crime por motivação financeira.
De acordo com a Delegacia Especializada em Crimes Contra a Vida, as mortes, inicialmente tratadas como naturais, passaram a ser investigadas após familiares levantarem suspeitas sobre irregularidades no registro de óbito do norte-americano Thomas Stephen Lydon, que foi sepultado sem exame no Instituto Médico Legal (IML). Seis dias depois, o companheiro brasileiro, Everaldo Gregório de Souza, também morreu, com causa indeterminada.
Os investigadores apuraram que, nos dias que antecederam as mortes, as vítimas apresentavam comportamento confuso, fraqueza e falta de equilíbrio. Após a exumação dos corpos, exames laboratoriais confirmaram a presença de fenobarbital, medicamento controlado que atua no sistema nervoso central e pode causar depressão no sistema nervoso central e morte quando usado em doses elevadas. A compra do remédio, conforme a apuração, foi feita em nome da irmã de uma das vítimas, poucos dias antes da primeira morte. O resultado do segundo exame toxicológico ainda é aguardado.
Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão, os policiais encontraram receituários em branco do SUS, carimbos de profissionais de saúde, procurações, comprovantes de saques e documentos financeiros das vítimas.
Esses materiais indicam, segundo a Polícia Civil, falsificação documental e movimentações bancárias suspeitas, que podem ter sido usadas para resgatar valores e transferir bens das vítimas. A investigação revelou ainda que, após as mortes, houve o resgate de cerca de R$ 380 mil, além de uma apólice de seguro em que a irmã figurava como beneficiária vitalícia.
Homem preso já era investigado por outro caso semelhante
O homem preso também é investigado por outro caso, registrado em 2023, referente ao desaparecimento da mãe de seu filho, que apresenta semelhanças com o atual, incluindo o uso de procurações e documentos falsos.
De acordo com o delegado responsável, o suspeito apresentou um laudo de autismo possivelmente falso para obter benefícios assistenciais. Os profissionais cujos nomes aparecem no documento negaram ter assinado o laudo. Apesar de atuar como professor da rede estadual, ele mantinha um patrimônio considerado incompatível com sua renda, incluindo três veículos novos e terrenos registrados em seu nome.
Crimes imputados e prisões confirmadas
A irmã de uma das vítimas e o homem preso deverão responder por homicídio duplamente qualificado, diante dos indícios de que o casal tenha sido morto por motivo financeiro. Além disso, o homem também é investigado pelos crimes de falsidade documental, estelionato e possível coação de testemunhas.
A mulher poderá ainda ser indiciada por uso de documento falso.
A Polícia Civil informou que as investigações continuam, com análise de dados bancários, laudos periciais e movimentações patrimoniais, para confirmar o alcance financeiro do crime e identificar possíveis outros envolvidos ou vítimas.















