por NICOLA PAMPLONA (FOLHAPRESS)
A Petrobras afirmou nesta segunda-feira (9) que está monitorando o mercado de petróleo, mas que ainda é prematuro projetar os efeitos da queda das cotações internacionais em suas operações. Segundo a empresa, ainda não há clareza sobre a intensidade ou duração do choque de preços.
A companhia, porém, não fez referência aos preços dos combustíveis, que vêm acompanhando mais de perto as cotações internacionais. Em 2020, a Petrobras já cortou quatro vezes os preços da gasolina e do diesel em suas refinarias – a gasolina teve ainda um reajuste positivo.
As cotações internacionais desabaram após anúncio de que a Arábia Saudita ampliaria a produção, como retaliação à falta de acordo sobre cortes na oferta global em reunião da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).
No fim da manhã, a cotação do Brent, negociado em Londres, rondava os US$ 35 por barril (cerca de R$ 167, ao câmbio atual). Já há analistas projetando que chegue aos US$ 30 (R$ 143), diante dos efeitos do surto de coronavírus sobre a economia, bem como da guerra de preços iniciada pelos árabes.
As ações da Petrobras recuam cerca de 20% na Bolsa brasileira.
“A Petrobras avalia que ainda é prematuro fazer projeções, sobre eventuais impactos estruturais no mercado de óleo e gás associados à recente e abrupta variação nos preços do petróleo, dado que não está claro, nem a intensidade ou mesmo a persistência do choque de preços”
Disse, em nota, a estatal.
No texto, a empresa cita “plano de resiliência” lançado em 2019, com o objetivo de se preparar para enfrentar cenários de baixos preços do petróleo. O plano reforça a estratégia da venda de ativos, e fala em corte de 6,6% nos custos gerenciáveis, entre 2019 e 2023.
Em apresentação para investidores estrangeiros em dezembro de 2019, a empresa estimou que seu custo de produção estaria em US$ 16 (R$ 76) durante o ano de 2020. Deste total, cerca de 80% seriam destinados a despesas operacionais, e o restante a participações governamentais, como royalties e manutenção.
“A ideia é que, sempre que tivermos o Brent a US$ 16 por barril, estaremos aptos a pagar todos os custos operacionais”, disse a diretora-financeira da companhia, Andrea Almeida, durante encontro com os investidores em Nova York.
O valor, porém, não considera os investimentos em busca de novas reservas. Na mesma apresentação, incluindo os gastos em exploração, a companhia fala em custo de US$ 25 por barril (cerca de R$ 120). Considerando apenas os campos do pré-sal, o valor cai para US$ 21 (R$ 100).
A queda do preço, porém, pode impactar no processo de venda de ativos em curso, ao trazer incertezas sobre qual será o comportamento futuro do mercado. No momento, a Petrobras tem negociações abertas para a venda de campos de petróleo, refinarias e fábricas de biocombustíveis, entre outros.