PAPO DE BOLEIRO: Seu nome é Darcy Meneses: “um valadarense” nascido em Bagé (RS)

Um dia Charles Miller trouxe/introduziu o futebol em nosso país.

Virou uma febre. Criativo, o brasileiro o batizou de “esporte das multidões”. Deu certo. Pegou. Malandra e irresponsavelmente fomos crescendo.

Com uma Europa enfraquecida após a Segunda Guerra Mundial, ocupamos espaço e nós mesmos nos atribuímos o rótulo de “melhor futebol do mundo”. Pode ser que tenhamos sido. Não o somos mais. Mas é certo que, assim como a Seleção Húngara encantou o mundo em 1954 (e não foi campeã), o Brasil (em 1958, 1962 e 1970) encantou o Planeta dos homens. Pudera: Pelé, Mané, Didi, Nilton Santos, Djalma Santos, Zito, Mazola, Carlos Alberto, Tostão, Piaza, Vavá, Gerson, Riva e cia. foram  descomunais. Verdadeiros monstros sagrados. Detalhe: na quase totalidade, imortalizaram-se por anos e anos em um mesmo clube.

E as histórias dessas equipes/clubes passam pelos registros biográficos e as realizações de seus defensores. Vejamos: Santos de Pelé; Botafogo de Mané, Didi, Gerson e Nilton Santos; Flamengo de Zico, Zagalo e Dida; Fluminense de Castilho e Telê Santana; Vasco de Barbosa, Beline, Orlando e Vavá; Palmeiras de Djalma Santos e Julinho; São Paulo de Mauro Ramos de Oliveira; Atlético do Cerezo e Reinaldo; Cruzeiro de Tostão, Piaza e Dirceu “Príncipe” Lopes. Vamos parar por aqui.

Na história de nossos clubes, sejam eles grandes, médios ou pequenos, verdadeiras constelações de atletas, treinadores e dirigentes marcaram época e construíram suas histórias.

Por esta “terrinha”, no limiar de 1980, no Democrata de Almyr Vargas, aportou Darcy Meneses. Exibia, com o passaporte, um cartão de Roberto César (também ex-atleta) com recomendação para “procurar” Luizinho na Prefeitura e informar-se da situação vivida pelo clube à época. É que a “fama” da Pantera  não era recomendável em relação ao cumprimento de encargos e obrigações. Esclarecemos, com clareza, que acabara de assumir a presidência do clube empresário bem-sucedido, responsável e com projetos interessantes. Assim o tranquilizamos. E o Meneses por aqui ficou. Fez história, assim como fizera no poderoso Cruzeiro, em que, dentre outros, conquistara o título de Campeão da Libertadores da América.

Darcy Meneses, casado com dona Maria Elizete e rodeado, em parte, pelos filhos: Erlon, Léo, Bruno, Vinícius e Maira. É bem verdade que alguns estão distantes, mas…

Por volta de 1983, nosso Meneses “pendurou” as chuteiras. Contusões são rotinas na vida de um atleta profissional. Algumas são intransponíveis. Antecipam aposentadorias. Com Darcy não foi diferente. Do lado de fora dos gramados, novos desafios, novas empreitadas, novas realizações. Tornou-se o “faz tudo” no Democrata: técnico de divisões inferiores, auxiliar técnico, técnico do profissional, supervisor, superintendente, diretor, etc., etc., etc. Na  chefia da delegação Democratense em todos os rincões, quer seja de Minas ou fora dela, portas abertas pela presença contagiante do “ídolo” campeão das Américas. Reconhecimento sempre presente em todos os momentos e situações. Há um ditado que apregoa que a unanimidade é burra. Certamente, exceções existem. Darcy Meneses, uma unanimidade como figura humana exemplar e extraordinária, é exceção.

Nosso Legislativo Municipal às vezes se excede, extrapola em suas homenagens. Não foi o caso em relação a Darcy Meneses. Plenário lotado, sob aplausos, nosso Meneses recebeu o título de Cidadão Valadarense. Foi por merecimento.

Aos habitantes de Bagé (RS), onde nasceu Darcy Meneses, um consolo: podem se orgulhar do filho da terra, idolatrado, respeitado e admirado pelo valadarense e sua gente.

“Somente o homem que for pacífico consigo mesmo será pacífico com os demais. E para ser pacífico é preciso ser um homem de boa vontade, pois somente aos homens de boa vontade foi prometida a paz. Mas não esqueçamos que não podemos ser homens de boa vontade se não somos homens de Deus, se não cumprirmos sempre, em tudo, a vontade de Deus”.

Assim vemos Darcy Meneses, amigo de todos, distribuindo sorriso e paz. Um Valadarense, SIM, vindo do Rio Grande do Sul.

* ex-atleta

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