O drama dos médicos na luta contra o coronavírus em Valadares

Médicos na linha de frente do combate ao novo coronavírus no Brasil têm enfrentado desafios e momentos dramáticos no atendimento e tratamento de pacientes internados em UTI’s.

O Diário do Rio Doce conversou com o médico cardiologista Dr. Sérgio Naves, que é coordenador da UTI Covid-19 do Hospital Municipal e Hospital Bom Samaritano, em Governador Valadares, para entender como tem sido lidar com a rotina de pressão e medo de não haver mais vagas nos hospitais.

Dr. Sérgio Naves é cardiologista. Foto: Valéria Alves.

Perto de completar 10 meses de pandemia, os médicos que estão na linha de frente no combate ao coronavírus são considerados os heróis do século. E não é exagero. Para salvar vidas, eles mudaram drasticamente a rotina, estão longe dos familiares e convivem diariamente com um inimigo que é invisível.

Não é uma “gripezinha”    

A rotina do Dr. Sérgio Naves anda bem puxada. Afinal ele trabalha no Hospital Bom Samaritano (HBS), mantido pela Beneficência Social Bom Samaritano (BSBS), que atende pacientes vindos do SUS, juntamente com Hospital Municipal, que atende não só Valadares mas toda a macrorregião do Leste de Minas.

“É uma doença nova. No começo, os profissionais de saúde não estavam habilitados a trabalhar com ela porque tem várias características diferentes do nosso conhecimento. Nós tivemos muita dificuldade de como manobrar a doença. De março até hoje houve uma evolução muito significativa da medicina e da ciência, através de experimentos e observações científicas, que mudou a nossa conduta; houve sim uma melhoria. Mas mesmo assim é uma doença muito agressiva, que tem uma taxa de mortalidade bem alta.”

Dr. Sérgio Naves

No momento em que Governador Valadares enfrenta o regresso à onda vermelha do Programa Minas Consciente, o Hospital Bom Samaritano tem sido a “válvula de escape” da saúde pública do município, que atende uma alta demanda de pacientes internados em UTI’s.

 Os novos leitos são isolados e equipados com aparelhagem que acompanha de modo constante todos os parâmetros biológicos

Nesta semana, o hospital conseguiu disponibilizar mais 10 novos leitos de UTI Covid. Antes da pandemia, o HBS contava com 10 leitos de UTI, em junho passou a ter mais 18 e agora em novembro, mais 10. Hoje conta com 38 leitos de UTI destinados aos cuidados intensivos para pacientes com quadro grave.

A maior dificuldade tem sido a contratação de profissionais especializados no tratamento intensivo como médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas. 

Dr. Sérgio comentou as principais dificuldades desde o início da pandemia. “Essa transmissibilidade foi o primeiro problema que a gente enfrentou. Apesar de todos os cuidados, muitos médicos começaram a se infectar. O segundo ponto foi o estresse. Por ser uma doença nova que tem uma mortalidade alta, isso traz um desgaste emocional. Não só os médicos mas também os enfermeiros e fisioterapeutas e toda equipe que trabalha nas UTI’s. Controlar o emocional não está sendo fácil. Quando a gente perde o paciente é muito ruim, e afeta os profissionais de saúde”, disse.

Cuidados em casa

Os profissionais de saúde, buscando a recuperação de pacientes, expõem-se direta e diariamente a inúmeras pessoas infectadas todos os dias nos corredores dos hospitais. Ao final do expediente, retornam para suas casas para encontrar com a família. Dr. Sérgio contou como tem sido os cuidados para não levar o vírus para dentro de casa. “Uma vez que estou bem protegido no hospital tem menos chances de levar esse vírus com a gente e infectar outras pessoas. Mesmo assim, nós temos que nos proteger quando chegar em casa. Não usar a mesma roupa que usa no hospital, é uma roupa diferente e privativa, que é descartada. Em casa não entrar com sapatos, higienizar as mãos a todo momento. Portanto são cuidados básicos que a gente tem que ter todos os dias, principalmente quem está na linha de frente”.

Máscara só salva se for usada de maneira correta

O uso da máscara ainda tem sido um tabu, pois muitas pessoas insistem em não usá-la em ambientes aglomerados. Basta ir no centro da cidade e observar. Outra dificuldade é a maneira de usar a máscara, que precisa de alguns cuidados para ser eficaz na proteção. “A forma que a gente tem de evitar a transmissão desse vírus é higienizar as mãos com água e sabão e utilizar o álcool em gel 70%. Essa é a única forma 100% eficaz. Sobre a máscara, ela tem que ser usada da maneira correta, cobrir tanto o nariz quanto a boca porque diminui a transmissibilidade. Se for de pano, tem que lavar todos os dias”, aconselhou o médico.

A busca pela vacina

A busca por uma vacina contra o novo coronavírus está acelerada. Mais de 200 candidatas estão sendo testadas pelo mundo e algumas delas já mostraram resultados promissores. Desenvolver uma vacina normalmente exige anos de pesquisas, mas cientistas acreditam que a imunização contra o vírus causador da Covid-19 pode chegar em um prazo menor do que o esperado. O que é uma ótima notícia. Mas quando será que a cura estará disponível para a população mundial? “A única chance que a gente tem é realmente com a vacina. Todos estão correndo atrás disso. Pode ser que a vacina diminua a incidência desse vírus. Ficar livre do vírus ainda não sei, mas pode se tornar como as outras doenças que as pessoas tomam as vacinas”, disse.

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