Números de suicídios e automutilação é cada vez maior, dizem especialistas

FOTO:Divulgação.

Segundo informações das Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada 45 minutos é registrado um suicídio no Brasil. No mundo, estudos indicam que ocorre uma tentativa a cada três segundos e um suicídio a cada 40 segundos. No total, chega-se a 1 milhão de suicídios no mundo por ano. Provocar o fim da própria vida está entre as principais causas de mortes entre jovens de 15 a 29 anos, e também entre crianças e adolescentes. Em Valadares há uma preocupação dos especialistas em relação ao número de suicídios, principalmente entre os jovens. Outra preocupação é com a automutilação, que é a tentativa da pessoa de trocar a dor emocional pela dor física, mais comum entre meninas de 12 a 18 anos. No Brasil não há estatísticas oficiais, mas todos os estudos internacionais chegam ao mesmo número e indicam que 20% dos jovens sofrem desse mal.

Para o psicólogo Sérgio Fonseca, o caminho para mudar esses números é adotar medidas preventivas de ajuda e auxílio. “É uma maneira de salvar vidas, porque os suicídios poderiam ser evitados se as pessoas tivessem acesso rápido ao tratamento e pudessem tratar a doença que leva ao suicídio. Se a pessoa falar da possibilidade de cometer o suicídio, ela precisa ser ajudada.

Hoje temos profissionais especializados; temos que quebrar o tabu de que quem procura um psicólogo ou um psiquiatra tem problemas mentais. Isso não é verdade. É importante buscar ajuda no início, porque a pessoa precisa ser compreendida e orientada”, explica.

De acordo com o psicólogo, as principais causas de suicídio estão ligadas aos transtornos de humor (depressão, esquizofrenia e bipolaridade) e também ao uso desenfreado de drogas. Estas últimas têm o poder de mexer com o humor e a personalidade das pessoas, levando-as a um quadro de depressão e remorso.

“O maior fator de suicídio é a depressão, por isso é preciso curar esse mal, para diminuir seus indícios. Devemos tratar a depressão para diminuir o quadro suicida, pois temos de ir à raiz do problema e prevenir a doença, para que ela não aconteça. Se não tratada, a depressão pode desencadear problemas suicidas”.

O especialista alerta que o comportamento das pessoas precisa ser observado, além de outras mudanças, como a verbalização, a maneira de se vestir e a repentina alteração de humor, pois o possível suicida pode estar querendo afastar as pessoas para cometer tal ato. “As pessoas que dão esses sinais, provavelmente, podem se suicidar, pois, na maior parte dos casos, é a única solução que eles encontram para a crise emocional que estão passando”, ressalta Fonseca.

AUTOMUTILAÇÃO AFETA JOVENS

A automutilação é um problema silencioso, que atinge vários adolescentes no Brasil e no mundo. 20% dos jovens brasileiros se mutilam, um problema que já os afeta mais do que as drogas. O Brasil não tem estatísticas oficiais, mas todos os estudos internacionais chegam ao mesmo número e indicam que 20% dos jovens sofrem desse mal.

Embora pareça estranha, a automutilação entre os jovens pode ocorrer como uma espécie de “moda”: quando algum amigo começa a fazê-lo, acaba por ser seguido pelos outros. Sendo uma experiência dolorosa, a maioria dos adolescentes acaba por interromper o comportamento. No entanto, quando a automutilação persiste, geralmente é porque estamos perante um jovem que vive em grande sofrimento emocional, que busca na dor do corpo uma “justificação” para a dor emocional.

De acordo com a psicóloga Luciana Sabino, a automutilação afeta principalmente as mulheres entre 12 e 18 anos. “Nesta fase as alterações hormonais são intensas e geram alterações de humor. Também é uma época de muita insegurança, devido às mudanças corporais e de identidade. A adolescência em si já traz muita vulnerabilidade, e ainda existem sites e blogs que ensinam e estimulam. A automutilação é uma tentativa de a pessoa tirar a dor emocional pela dor física. A dor física é mais fácil de suportar que a dor emocional”, explica a psicóloga.

Manter a calma é um importante passo adotado pelos pais quando descobrem que o filho se mutila. Alguns pais reagem com pânico e desorientação, o que poderá agravar ainda mais a sensação de desconforto do adolescente. Dizer apenas para parar de fazer terá pouco efeito. No entanto, retirar do alcance do jovem objetos com que se possa machucar pode ajudar bastante.

Paralelamente, será fundamental uma postura de disponibilidade para escutar o que preocupa o jovem e o que está sentindo. Assim, mostre interesse por aquilo que o jovem pensa e sente, dando-lhe espaço para (mas não o  brigando a) partilhar. Porém, é de extrema importância o encaminhamento a um profissional qualificado, como um psicólogo.

Essa medida é importante no sentido de aprender e desenvolver outras estratégias de regulação emocional, com alternativas mais adequadas.

A comunicação é outro fator eficaz dentro da família. É importante para que o adolescente se sinta seguro, valorizado e confiante, pelo que se sugere a existência de um momento diário, nas rotinas da família, em que todos se sintam livres e compartilhem ideias, dúvidas, preocupações e conquistas.

CENTRO DE VALORIZAÇÃO DA VIDA

Existe em Valadares, desde 2017, o Centro de Valorização da Vida (CVV), que tem como objetivo ouvir, levar apoio emocional e prevenir o suicídio. O CVV conta hoje com 36 voluntários. Os atendimentos são realizados por telefone, através do 188.

De acordo o coordenador do Centro na cidade, Antônio Martins, o trabalho é sigiloso e busca o tempo todo uma relação de ajuda, mantendo sempre o diálogo.

“Nosso objetivo é ouvir a pessoa no momento de dor, tudo om muito sigilo. Se precisar pode ligar 188, que estamos à disposição 24 horas por dia”.

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