Na prática, a nova gasolina significa maior eficiência energética nos veículos, porém, com valor mais alto
Desde o dia 3 de agosto a gasolina comum vendida nos postos de combustíveis do Brasil terá de atender a novas especificações definidas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Em Valadares, a nova gasolina ainda não chegou. De acordo com a ANP, os postos de combustíveis terão 90 dias para vender os produtos que receberam antes de as especificações se tornarem obrigatórias.
A Petrobras, maior fornecedora do combustível no país, já começou a adaptar suas refinarias para atender às especificações desde a publicação da resolução e está cumprindo as exigências da ANP. Em nota, a estatal resumiu as qualidades do novo combustível.
“Sua especificação foi desenvolvida especialmente pelos cientistas e pesquisadores do nosso Centro de Pesquisas e técnicos e profissionais das nossas refinarias, e incorporou parâmetros superiores de octanagem e densidade – fazendo seu carro rodar mais com menos combustível. Um salto em direção a uma maior eficiência e ao aumento da vida útil do seu motor e do seu carro. A nova gasolina tem maior densidade e torna o motor mais eficiente”, informou a Petrobras.
De acordo com a Petrobras, com maior densidade e durabilidade do que a gasolina atual, a economia pode girar em torno de 3% a 6% no bolso do motorista.
A octanagem da gasolina também foi elevada. O termo corresponde à resistência à queima. A gasolina de baixa octanagem tende a entrar em combustão antes que a vela emita a faísca, que detona a mistura ar-combustível e faz com que o motor funcione. Atualmente, a gasolina comum tem cerca de 87 octanas, e as do tipo premium, 93 octanas. Com a nova fórmula, a mais simples subirá para 92.
Opinião dos motoristas
Enquanto a nova gasolina não chega às bombas dos postos de combustíveis de Valadares, os motoristas e frentistas opinam sobre as especificações do novo combustível.
“Parece ser um avanço pra nós que trabalhamos em veículos. Pelo que fiquei sabendo, essa nova gasolina durará mais. Isso, por si só, já é bom demais”, comentou o mototaxista Rafael Jorge.
Alvo de críticas, a gasolina vendida nos postos do município é apontada por motoristas como “a mais cara da região”, sendo, inclusive, alvo de denúncias no Procom. Atualmente, o preço do litro da gasolina comum na cidade está na faixa de R$ 4,43 a R$ 4,45.
Para Rafael Jorge, tudo será questão de adaptação com os futuros reajustes. “A gasolina daqui ainda está muito cara, mas, com o tempo, acho que acabamos nos acostumando com o preço, fora que muitos motoboys fizeram o reajuste dos preços das corridas também; isso deu pra fazer com que não fiquemos no prejuízo”, diz.
Para o motociclista Eliezer Fortunato, os reajustes que virão não se justificam. “Não sei ainda sobre essa nova gasolina. Mas se for mais cara mesmo, será uma sacanagem com o brasileiro, que paga caro demais por um litro de combustível. Tinha que ser mais barato e eficiente”, comentou.
Opinião do Sindicato
Em nota, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Minas Gerais ( MINASPETRO), deu orientações aos donos de postos de combustíveis sobre a análise da gasolina com as novas especificações.
“O Minaspetro tem recebido solicitações de revendedores para entender como deve ser feita a análise do combustível de acordo com os novos parâmetros. Para se resguardar quanto ao recebimento da nova gasolina em suas especificidades, a orientação do Departamento Jurídico do Minaspetro é analisar o combustível antes do efetivo recebimento e descarregamento, não só nos parâmetros que anteriormente já lhe eram exigidos (aspecto/cor, teor de álcool e massa específica), mas necessariamente observando-se o novo valor referente à massa específica, que passou a exigir o limite mínimo fixado de 715 Kg/m3, seja para a gasolina comum ou para a premium”, informa a nota.
Caso o revendedor, durante a análise da massa específica, não encontre tal valor mínimo (715 Kg/m3), a orientação do Minaspetro é não receber e descarregar o produto nos tanques, devendo devolvê-lo para a distribuidora, abrindo um registro junto à ANP.
“Além disso, é indispensável que o revendedor continue coletando e armazenando as três últimas amostras testemunhas de cada compartimento do caminhão tanque, para se resguardar quanto aos outros parâmetros modificados não detectáveis no ato da análise (destilação, octanagem), antes do descarregamento da gasolina”, orienta.