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“Nosso chão”: Teatro Universitário estreia espetáculo sobre a história de Valadares

— FOTO: Divulgação

Era uma vez, a história não contada pelos vales do Rio Doce. Uma narrativa de dor e luta territorial que marcou a formação da cidade hoje conhecida como Governador Valadares. E, pela primeira vez, essas memórias serão despertadas em uma encenação teatral. O espetáculo “Nosso chão”, produzido pelo Teatro Universitário, projeto de extensão da UNIVALE, tem sua estreia marcada para o dia 31 de agosto, às 20h20, no Teatro Atiaia.

A história

Para desenterrar as camadas esquecidas do passado da região, os responsáveis pela dramaturgia, o professor e coordenador do Teatro Universitário, Valdicélio Martins dos Santos, e as professoras Patrícia Falco Genovez e Joana de Paula Ataíde, se inspiraram na obra literária “Nas terras do rio sem dono”, do jornalista Carlos Olavo Pereira da Cunha, e em pesquisas históricas do mestrado em Gestão Integrada do Território (GIT).

Assim, em um processo artístico-científico, nasceu “Nosso chão”, uma peça que narra o encontro de um jovem casal imerso na realidade da luta pela terra no Vale do Rio Doce. Dentre diversos conflitos, a família experimenta na pele o cansaço da terra que não produz, a morte e a chegada de um grileiro interessado em explorar o local. Por fim, a solução encontrada por eles é sair em busca de um novo chão para semear suas vidas.

A dramaturgia recorda as memórias da cidade de Governador Valadares. — FOTO: Acervo/Teatro Universitário

Diferente da história popularmente propagada a respeito do surgimento da “princesinha do Vale”, o espetáculo teatral mostra que essa ocupação não tem uma trajetória de glória e realeza. A origem do vale do Rio Doce tem em suas mãos o extermínio e a exploração da população indígena. E, com um ato de resistência, “Nosso chão” acolhe essas vozes por tanto tempo silenciadas.

Valdicélio Martins, responsável também pela direção, cenografia e iluminação da peça, conta que o seu propósito com a obra é gerar o sentimento de pertencimento ao público, a fim de que reconheçam a história real desse território. “Queremos mostrar que nós já travamos várias lutas por essa terra e ainda estamos lutando por ela. E, sobretudo, que as vozes que foram silenciadas ao longo dos anos, possam ter visibilidade”, explica.

Processo de criação

A relação espiritual com a terra, tema central do espetáculo, foi cultivada pelo elenco e produção durante os 8 meses de preparação. Com atividades e ensaios à beira do Rio Doce, os atores desenvolveram uma conexão íntima com a natureza, estando em contato físico e emocional constante.

“Não tem como a gente falar do nosso território, sem vivenciar esse chão. Então, temos trazido de alguma forma a junção com os elementos da natureza para a gente poder de fato sentir a terra, a água, o fogo e o ar”, conta Valdicélio.

Para o diretor, esse é um processo íntimo que muitas vezes revela cicatrizes ancestrais enraizadas no corpo e na alma dos atores. No entanto, é crucial para que as emoções expressadas em cena sejam as mais viscerais possíveis. “Temos que levar para o público o mesmo sentimento que nós também estamos tendo durante esse processo”, revela.

Com figurinos feitos de algodão cru, material típico da região na época de seu surgimento, e elementos tingidos com materiais orgânicos, o cenário traz grande parte da essência do que é, literalmente, nosso chão. Segundo Valdicélio, a ideia é levar para o palco a própria terra para que a plateia possa se sentir imersa no espetáculo.

O repertório musical se entrelaça com a trilha sonora dos vales. Embalada por canções da Música Popular Brasileira (MPB) e cantos dos povos originários, é definida pelo diretor do espetáculo como um “personagem em cena” e surgiu a partir da escuta e diálogo com representantes de comunidades indígenas. “Elas [as músicas] vão transmitir toda a dor e a essência que é estar nesse chão, como se elas estivessem conversando conosco”, descreve.

“Esse espetáculo é um grito de dor que pode ser mudado”

Para o Teatro Universitário, formado por estudantes da UNIVALE, egressos dos cursos de graduação e mestrado e comunidade externa compõem o elenco do espetáculo, a expectativa é que o público se identifique em cena e conheça um pouco mais da verdadeira história da cidade que chama de lar.

“Esse espetáculo é um grito de dor. Mas, um grito que só pode ser mudado se essa juventude, que vai estar interpretando os personagens, de fato mostrar para todo mundo o que é estar nesse chão”, explica Valdicélio. “E o público, eu acho que vai sentir muito em cada música, em cada movimento, em cada lágrima, a dor de se estar nesse lugar”.

Elenco e equipe técnica do espetáculo “Nosso chão”. — FOTO: Acervo/Teatro Universitário

Apresentações confirmadas

O espetáculo estreia no próximo sábado (31), às 20h20, no Teatro Atiaia, com entrada gratuita. Além disso, acontecerá uma apresentação para os alunos e colaboradores da UNIVALE no dia 4 de setembro, às 19h, no auditório Hermirão, campus II da instituição.

A classificação indicativa é a partir de 12 anos de idade e a apresentação terá tradução simultânea em LIBRAS. 

Os ingressos para a apresentação deste sábado já estão esgotados, mas o Hermirão também estará aberto no dia 4/09 para os visitantes externos.

Contribua com as ações do Teatro Universitário e doe o valor que desejar através do Pix solidário: 06181000674 (CPF de Valdicélio Martins dos Santos, diretor do espetáculo).

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