Cristiane Mara de Souza, uma moradora de Tarumirim, a 76 quilômetros de Governador Valadares, procurou o DIÁRIO DO RIO DOCE para relatar a falta de apoio da prefeitura, após ter sido desalojada por causa da enchente, que atingiu vários pontos da cidade, no dia 2 de dezembro de 2019, quando a prefeitura da cidade chegou a decretar situação de emergência.
A casa de Cristiane fica na rua Benedito Valadares, bem no local onde uma ponte foi destruída pelas chuvas, deixando um enorme buraco na rua, comprometendo a estrutura do imóvel. A moradora e o filho de 12 anos tiveram que deixar a casa imediatamente, e sem levar nada. Desde então, os dois vivem de favor em casas de parentes e amigos, e dependem de doações para sobreviver.
A imagem da casa de Cristiane chegou a ser usada em várias publicações, e a moradora afirma ter entrado em contato com a prefeitura diversas vezes. No entanto, até hoje, a situação permanece a mesma. De acordo com Cristiane, a prefeitura até chegou a construir uma ponte improvisada, por cima da cratera, para que os moradores pudessem atravessar, mas a estrutura foi derrubada novamente pelas chuvas de janeiro.
Piorando ainda mais a situação, a casa de Cristiane foi arrombada em dezembro. “Os bandidos entraram pelos fundos e levaram tudo o que conseguiram passar pela janela, e eu nem posso entrar na minha casa para ver a situação, porque ela está interditada pela Defesa Civil”, afirma Cristiane.
Ela também afirma não ter recebido nenhum tipo de apoio da prefeitura. “Eu sei que eu tenho direito a um lugar para morar, ajuda no aluguel, alguma coisa. Mas até hoje nada. Eu estou morando de favor e usando roupas doadas, sofrendo humilhações, e a situação fica cada vez mais difícil. Hoje meu filho nem conseguiu ir à escola”.
Outros atingidos também relatam falta de auxílio
Éder, outro morador de Tarumirim, trabalha com sonorização de eventos e manutenção automotiva. Ele mesmo teve que consertar o próprio carro, atingido pela enchente, para tentar retornar com o trabalho, aos poucos. A casa dele fica localizada na rua Antônio Augusto de Assis, outro local que sofreu com as fortes chuvas e enchentes, que destruíram vários pontos da cidade.
Éder perdeu tudo na enchente: roupas, documentos, móveis, eletrodomésticos, e até as ferramentas de trabalho. “Foi uma questão de menos de 5 minutos. A água veio de uma vez e já entrou na casa, não deu tempo de salvar nada. Eu já tinha os materiais para montar minha loja, que estava juntando há mais de dois anos, e perdi tudo”.
Logo após a enchente, Éder afirma ter sido procurado pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) da cidade, que teria contabilizado o prejuízo e enviado as informações para a prefeitura, que, por sua vez, deveria dar o auxílio necessário ao morador. Mais de dois meses depois, no entanto, ele afirma nunca ter sido procurado pela prefeitura. “Nem um carro para ajudar na limpeza da casa eles ofereceram”.
Preocupado com a situação de outros moradores de Tarumirim, que também foram atingidos pela enchente, Éder e alguns amigos se uniram para organizar um evento beneficente em prol das vítimas. O evento arrecadou sacos de cimento, roupas de cama, eletrodomésticos e outros materiais, que foram distribuídos para os atingidos. Foi também nesse evento que Éder conseguiu uma lista com mais de 20 famílias, na mesma situação, que reclamam não ter conseguido nenhuma ajuda da prefeitura.
O que diz a Prefeitura
Procurada pela Redação do DIÁRIO DO RIO DOCE, na tarde desta terça-feira (18) a prefeitura de Tarumirim encaminhou uma nota assinada pela secretária municipal de Assistência Social, Maurisete Fabian, afirmando que o Município prestou amparo a Cristiane e a outros moradores atingidos pelas chuvas. Segundo a secretária de Assistência Social, Cristiane foi contemplada com benefícios como o pagamento de aluguel social e o fornecimento de cestas básicas.
Confira, na íntegra, a nota encaminhada ao DRD:
Serve o presente para informar que em 02 de dezembro de 2019 a cidade de Tarumirim foi atingida por fortes chuvas, que causaram danos materiais em propriedades pública e privada.
Maurisete Fabian, secretária municipal de Assistência Social
O imóvel pertencente à munícipe Cristiane Souza foi atingido e como consequência foi interditado pela Defesa Civil.
A Prefeitura de Tarumirim, através da Secretaria Municipal de Assistência Social, amparou todos os moradores atingidos pela chuva.
A munícipe Cristiane Souza foi acolhida com o fornecimento do aluguel social pela Prefeitura de Tarumirim, sendo que ela está morando na Travessa Padre Pina, 40, aptº 5, Centro, Tarumirim. Ou seja, este aluguel social é custeado pela municipalidade.
Além do mais, a Secretaria Municipal de Assistência Social forneceu cestas básicas à munícipe Cristiane Souza.
Por fim, a Prefeitura de Tarumirim presta estas informações e fica à disposição para ulteriores esclarecimentos.