Indígenas fazem último ato de protesto na BR-116

Pelo segundo dia consecutivo, indígenas voltaram a protestar em Governador Valadares, no entroncamento da BR-116 com a BR-259, na tarde desta quinta-feira (28). O ato é contra a proposta do Governo Federal de municipalização dos serviços de saúde da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Líderes do movimento afirmaram que ontem foi o último dia de manifestação. O próximo passo será buscar articulação em Brasília (DF).

O protesto começou na quarta-feira (27), por volta das 9 horas, e a rodovia só foi liberada no final da tarde. Para o bloqueio da pista foram usados pneus, troncos de árvores e faixas. No segundo dia de protesto, cerca de cinco tribos indígenas distintas estiveram presentes: Maxacalis, de Teófilo Otoni; Krenak, de Resplendor; Pataxó, de Açucena; Kaxixó, de Martinho Campos; e Tupiniquim, do Espírito Santo.

Conforme informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), houve liberação da via por curtos intervalos, de 15 a 20 minutos. Durante o dia houve congestionamento em ambos os sentidos, sob negociação para liberação total da via. Por volta das 9 horas, um motorista que tentou furar o bloqueio foi agredido pelos manifestantes. Segundo a PF, o protesto acontecia de forma pacífica, mas o condutor acelerou e tentou passar. Ele parou o carro após perder o controle e bater em uma mureta. Depois disso ainda foi agredido pelos índios. O homem teve ferimentos leves e foi encaminhado ao hospital por terceiros. Ninguém foi preso no local.

O presidente do Conselho de Saúde Indígena, Roberto Tupiniquim, argumenta que os municípios não têm condições financeiras para arcar com os gastos extras na saúde. “Não vemos mais a necessidade de fazer um terceiro dia de protestos; fizemos a nossa parte. Outras tribos foram ignoradas no Ministério da Saúde, em Brasília. Isso sinaliza o que o governo pensa sobre a nossa reivindicação. Temos necessidade porque todos os municípios do Estado já estão sucateados, e o repasse que vem do Governo é pouco. Se entregar o Sesai para os municípios vai afetar negativamente nossos gastos com a saúde. Será uma ameaça à nossa cultura, à saúde dos nossos idosos e crianças”, afirma.

Roberto não descartou a ideia de se comprometer a enviar as reivindicações para Brasília através do Congresso Nacional. “Já que fomos ignorados, o que podemos fazer é mobilizar os deputados federais eleitos na região para defender nossos direitos no Congresso”, disse.

por Eduardo Lima | eduardolima@drd.com.br

 

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