O general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo de Jair Bolsonaro afirmou ontem, que só dará explicações sobre acusações de espionagem de bispos à Câmara se for convocado. “Se fosse convidado, não. Se for convocado, sou obrigado a ir”, disse.
Deputados da oposição já falaram em levar o ministro para prestar explicações das atividades de inteligência sobre o chamado “clero progressista”. Como revelou o jornal O Estado de S. Paulo, o Planalto recebeu relatórios com detalhes das reuniões de preparação do Sínodo da Amazônia, que reunirá em Roma, em outubro, bispos de todos os continentes.
O governo quer conter o que considera um avanço da Igreja Católica na liderança da oposição. O alerta ao governo veio de informes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e dos comandos militares. Heleno nega espionagem.
“A preocupação com o Sínodo é uma preocupação real porque algumas pautas são de interesse da segurança nacional. Então acaba preocupando a Abin e o GSI, mas em nenhum momento (tem a ver com) espionar alguém, monitorar alguém, algo com essa conotação”, disse Heleno. “Quem cuida da Amazônia brasileira é o Brasil, não tem que ter palpite de ONG estrangeira, de chefe de Estado estrangeiro. O Brasil não dá palpite no deserto do Saara, no Alaska.”
Na avaliação da equipe do presidente, a Igreja é uma tradicional aliada do PT e está se articulando para influenciar debates antes protagonizados pelo partido no interior do País e nas periferias.
Durante 23 dias, o Vaticano vai discutir a situação da Amazônia e tratar de temas considerados pelo governo brasileiro como uma “agenda da esquerda”. O debate irá abordar a situação de povos indígenas, mudanças climáticas provocadas por desmatamento e quilombolas. “Estamos preocupados e queremos neutralizar isso aí”, disse o ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, que comanda a contraofensiva.
por Gilberto Amendola (AE)