RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Uma mulher grávida morreu na tarde dessa terça (8) após ser baleada durante um tiroteio entre policiais militares e criminosos na comunidade do Lins, na zona norte do Rio de Janeiro. A designer de interiores Kathlen de Oliveira Romeu, 24, chegou a ser levada ao hospital, mas faleceu logo em seguida.
Segundo a versão da Polícia Militar, agentes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da região foram atacados a tiros num local conhecido como Beco da 14. Houve confronto e, “após cessarem os disparos, os militares encontraram uma mulher ferida”. Ainda de acordo com a corporação, foram apreendidos um carregador de fuzil, munições de calibre 9 mm e “material entorpecente a ser contabilizado”.
A polícia afirmou também que o local da morte foi preservado, a perícia foi acionada e a Delegacia de Homicídios da Capital investiga o caso. Em paralelo à apuração da Polícia Civil, que foi procurada mas não respondeu, a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) vai averiguar as circunstâncias do ocorrido.
Após a morte, moradores fizeram um protesto fechando a Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá. Eles levaram faixas com escritos como “Lins pede paz” e atearam fogo em objetos. Equipes da PM acompanharam o ato junto ao Corpo de Bombeiros e a Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana).
Ao jornal Voz das Comunidades uma moradora identificada como Érica contou que Kathlen Romeu, que era negra, não morava na favela e estava indo visitar parentes. “Ela estava entrando na rua Cabuçu para visitar parentes dela, os policiais entraram atirando”, disse ela.
“Ela estava grávida, ela era modelo. Os polícia [sic] entra na favela assim, diariamente, atirando. Eles não querem saber se tem morador, se tem criança. A gente não tem direito de ir e vir. Nem todo mundo que está na favela é bandido”, criticou.
Kathlen foi ao menos a 15ª grávida baleada na região metropolitana do Rio desde 2017, segundo a plataforma colaborativa Fogo Cruzado, sendo que oito delas morreram. Do total, quatro foram atingidas quando ocorriam ações policiais.
A jovem estava grávida havia cerca de 14 semanas, conforme anunciou nas redes sociais. “Estou me descobrindo como mãe e fico assustada pensando em como vai ser… Dou risada, choro e tenho medo. Um misto de sentimentos. Talvez os mais doidos do mundo, mas vou dar risada lá na frente disso tudo… Obrigada Senhor por abençoar meu ventre e me permitir gerar o amor da minha vida!”, escreveu.
Ela se identificava como designer de interiores e trabalhava como modelo e vendedora da loja de roupas Farm. Sua última postagem foi uma foto segurando a barriga, com a legenda “Bom dia, neném”. O bebê se chamaria Maya ou Zayon.