WhatsApp-2.png

Governos precisam agir rápido para evitar crise longa com coronavírus, diz FMI

por ANA ESTELA DE SOUSA PINTO AMSTERDÃ, HOLANDA (FOLHAPRESS)

Países precisam agir rapidamente para impedir que uma crise temporária, como a epidemia de coronavírus, provoque danos permanentes para famílias e empresas, afirmou nesta segunda a diretora de Pesquisa do FMI (Fundo Monetário Internacional), Gita Gopinath.

Para Gita, professora de economia da Universidade Harvard e conselheira econômica do FMI, é preciso evitar que se rompa “a rede de relações econômicas e financeiras entre trabalhadores e empresas, financiadores e tomadores de empréstimo, fornecedores e consumidores” em todo o mundo.

Programas temporários de transferência de renda, subsídios e isenções de tributos são algumas das medidas defendidas.

Ela cita, como exemplo, a decisão da Itália de adiar prazos de recolhimento de tributos em setores mais afetados pela epidemia (montadoras e laboratórios, por exemplo) e reforçou o orçamento do programa de seguro-desemprego.

Coreia do Sul e China também lançaram programas para ajudar pequenos negócios, com suspensão temporária de tributos e compensação de perda de receita.

A diretora do FMI recomenda que os governos reforcem a proteção tanto a desempregados quanto a trabalhadores afastados por problemas de saúde, aumentando a duração de benefícios ou relaxando as exigências para obtê-los.

Em nível mais amplo, “bancos centrais devem estar preparados para ampliar a liquidez a bancos e companhias financeiras não bancárias, principalmente, para os que atendem a pequenas e médias empresas”, diz o texto publicado por Gita no site do FMI.

Para evitar uma crise de crédito, ela sugere, também, que os reguladores do sistema financeiro estudem a possibilidade de alongar prazos de empréstimos.

Programas mais amplos de investimento público podem ajudar a elevar a demanda agregada, mas apenas depois que as operações das empresas estiverem estabilizadas, afirma ela.

A economia está sendo afetada tanto do lado da demanda quanto da oferta, escreve a economista.

Do lado da demanda, insegurança de consumidores e empresas paralisadas reduziram as compras. No lado da oferta, a redução do número de trabalhadores (por doença, restrição de mobilidade ou pelo fechamento de creches e escolas) e a quebra da cadeia de suprimentos, prejudicaram a produção em grande parte dos setores industriais.

Nos setores de serviço, o impacto é significativo em turismo e transportes.

Para Gita, os governos devem reagir para evitar um ciclo vicioso, em que empresas antecipam mais queda de demanda e cortam seus planos de produção, levando a mais desemprego e falências.

No mercado financeiro, a insegurança começa a provocar um aperto no crédito e empréstimos mais caros, com subsequente alta da inadimplência, segundo Gita, e mais impacto negativo na oferta e na procura.

“O efeito pode ser amplificado pelo comércio internacional e os fluxos financeiros, derrubando o crescimento global e os preços de commodities”, escreve a diretora da FMI, atingindo países que dependem de exportações, como o Brasil.

Os dados do FMI mostram que os setores industrial e de serviços da China caíram a níveis historicamente baixos naquele país. A queda da atividade industrial é comparável à da crise global de 2008, mas a do setor de serviços é ainda maior, por causa das medidas de restrição de mobilidade.

Em ambos os casos, a redução de atividade foi muito mais abrupta que as de crises anteriores.

Fretes para transporte de commodities e material de construção, também, caíram a níveis semelhantes aos da crise global, afirma a economista, refletindo as quedas tanto de demanda como de oferta.

A economista também afirma que países mais ricos devem ajudar os que têm sistemas de saúde mais frágeis, sob risco de um “desastre humanitário”. O FMI anunciou uma linha de US$ 50 bilhões (mais de R$ 200 bilhões) para países vulneráveis.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

[the_ad_placement id="home-abaixo-da-linha-2"]

LEIA TAMBÉM