O suposto caso de estupro que levou à prisão de Gabriel Monteiro ocorreu, de acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro, após a divulgação das primeiras denúncias de crimes sexuais envolvendo o ex-vereador e durante o processo de cassação de seu mandato na Câmara Municipal.
De acordo com a denúncia oferecida pelo MP-RJ, o vereador agrediu e estuprou uma mulher em 15 de julho deste ano, quando já havia sido acusado formalmente por importunação e assédio sexual contra uma ex-assessora. As primeiras denúncias contra ele surgiram em março.
O fato de ele ter supostamente cometido novo crime após as acusações foi uma das razões para a prisão preventiva decretada pelo juiz Rudi Loewenkron, da 34ª Vara Criminal da capital.
O ex-vereador é acusado de estapear uma mulher, contra sua vontade, durante o ato sexual, e manter relação sexual sem preservativo sabendo estar contaminado por HPV.
Monteiro foi cassado em agosto por 48 votos a 2, por quebra de decoro parlamentar.
Eleito em 2020, o ex-policial militar e youtuber é investigado sob suspeita de praticar sexo com uma adolescente e de forjar vídeos para seu canal no YouTube. Em junho, foi denunciado por suspeita de assédio e importunação sexual contra uma ex-assessora de seu gabinete.
Na sessão que determinou sua cassação, Monteiro usou o tempo reservado à defesa para afirmar que não há laudo que comprove que ele estuprou alguém. Ele também afirmou que não pode ser acusado apenas a partir do depoimento de uma vítima.
Ao se entregar nesta segunda-feira (7) à polícia, ele voltou a negar as acusações. “Assim que fiquei sabendo, vim imediatamente me entregar para a Justiça porque acredito nela. Sei que a minha inocência vai ficar comprovada, não só tecnicamente, mas para todo o Brasil, de forma que fique incontestável qualquer acusação contra mim.”
A defesa do ex-PM disse que “utilizará dos mecanismos legais para restabelecer a liberdade de Gabriel Monteiro”.
A denúncia oferecida em 26 de outubro afirma que Monteiro conheceu a suposta vítima numa boate. Após trocarem beijos e carícias, os dois foram para a casa de um amigo do ex-vereador no Joá, zona sul do Rio de Janeiro.
Segundo o MP-RJ, Monteiro e a mulher entraram numa suíte da casa. O ex-vereador foi ao banheiro e, quando saiu, viu a vítima saindo do cômodo. Foi quando, segundo a Promotoria, as ameaças e agressões começaram.
O ex-PM, de acordo com a denúncia, trancou a porta, retirou uma arma que tinha na cintura, passou no rosto da vítima e começou a rir. Em seguida, começou a tirar a roupa da mulher de forma violenta, que interrompeu afirmando que se despiria sozinha.
Nua, ela foi empurrada por Monteiro de forma violenta para a cama. Nesse momento o ex-vereador começou a relação sexual sem o uso de preservativo, apesar dos apelos da mulher para que fosse usado.
Durante a relação, ele passou a fazer perguntas para ela, que era agredida com um tapa qualquer que fosse a resposta. Ao tentar tirar suas mãos presas pelas do ex-PM, a mulher ouviu, segundo o MP-RJ: “Se você continuar assim, vai ser pior. Eu vou lhe espancar.”
A Promotoria afirma que a suposta vítima, após a ameaça, desistiu de se defender e permaneceu chorando durante todo o ato sexual. Ao fim, segundo a denúncia, o ex-vereador disse à mulher que seria uma honra caso ela tivesse um filho dele.
Exame médico realizado após o suposto crime demonstrou fissuras na parte interior da vagina da mulher, ferimentos sugestivos de infecção por HPV, segundo a Promotoria.
Monteiro registrou candidatura para deputado federal pelo PL-RJ, mas desistiu da disputa após a cassação do seu mandato. Contudo, conseguiu eleger para o cargo o pai, Roberto Monteiro (PL-RJ), e a irmã, Giselle Monteiro (PL-RJ), como deputada estadual.
Apesar das investigações e da publicidade negativa, o ex-vereador participou ativamente da campanha do pai, que conquistou 94 mil votos, mesma quantidade da irmã. FOLHAPRESS