Frango é mais um alimento da cesta básica que sofre aumento nas últimas semanas

As alterações no preço do frango fazem parte dos ciclos da economia. A lei de oferta e demanda não é novidade para quem trabalha no segmento de avicultura, como é o caso do Cléber Teixeira. Mas, desta vez, o empresário avalia que o aumento foi bem significativo.

“Uma sucessão de fatores [contribuiu com o aumento no preço do frango]; nós temos a guerra, que impactou o aumento dos combustíveis, o que exonera muito os nossos fretes. Valadares não produz frango e temos que buscar fora daqui. Então, isso também incide no aumento de preço”, conta Cléber.

Cléber é dono de um aviário em Governador Valadares e conta que a procura pela carne de frango tem diminuído – Crédito: Igor França/ DRD

Segundo dados da Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig), no estado, o frango abatido comercializado para os avicultores, só neste mês de março, teve um reajuste no preço do quilo em 15%. Em Governador Valadares, o quilo do filé de frango está variando de R$ 14,00 a R$ 17,90.

O efeito do reajuste no preço do frango já chega ao consumidor. Marco Aurélio Pereira trabalha há mais de 10 anos vendendo frango assado e teve que repassar o aumento para os clientes, de R$ 38,00 para R$40,00 o frango assado. Ele conta que nunca tinha visto um aumento tão grande no preço do produto.

“O frango sempre foi aquela válvula de escape quando a carne sobe; aí o pessoal migra para o frango. Mas agora não está tendo muita saída, não. Tá difícil lidar com o frango justamente por causa do preço. O nosso representante da região, que atende tanto a gente que assa quanto o supermercado, já alertou que vai ter aumento”, disse Marco Aurélio.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo site Mercado Mineiro, entre a variação de preços das carnes, a alta mais significativa foi no frango. O levantamento foi feito em 39 estabelecimentos de Belo Horizonte e Região Metropolitana, entre 16 e 18 de março.

Para a economista Beatriz Pereira de Almeida, o aumento no preço do frango está ligado a três fatores importantes: “Nós temos, primeiro, um aumento de demanda. O frango ele é uma carne substituta da carne vermelha, e que esta carne já havia sofrido aumentos no ano passado. A inflação de outros produtos também fizeram que o brasileiro consumisse mais o frango. Então, se aumenta a demanda, você tem uma pressão sobre os preços para eles aumentarem”.

“Além disso, o aumento dos insumos e das commodities, farelo de soja, o milho, que faz parte da ração/alimentação do frango subiu muito o preço desses produtos no mercado internacional, e tudo isso é repassado na cadeia de produção do consumidor final”, explica a economista.

Em terceiro lugar, Beatriz destaca que a busca de outros países pela carne de frango tem sido mais atraente para os produtores de granjas. “Outra questão foi o aumento da demanda internacional. Então, fica mais interessante para o produtor exportar, o que faz que tenha menos disponibilidade do produto no Brasil”.

Segundo Beatriz, o aumento na cadeia de produção de frango é uma dos fatores para o aumento no preço do produto – Crédito: Igor França/ DRD

No meio do aumento de tantos produtos e alimentos, as expectativas em relação ao preço do frango ainda não são animadoras. “Como a gente vê pressões por vários lados, tanto do lado da demanda quanto do lado da oferta, tanto do lado da cadeia de produção, desde a energia elétrica aos insumos, tudo pressionando para um aumento dos preços, infelizmente não tem um cenário de retorno desses preços a níveis historicamente mais baixos”, concluiu Beatriz Pereira de Almeida.

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