FMI diz que final da crise é visível e melhora projeção de crescimento do Brasil

O FMI (Fundo Monetário Internacional) revisou a projeção de crescimento da economia mundial em 2021 de 5,5% para 6% e ajustou a estimativa para o Brasil de 3,6% para 3,7%, de acordo com o Relatório Economic Outlook, divulgado nesta terça-feira (6).

As projeções anteriores foram feitas em janeiro. Em outubro do ano passado, o FMI estimava crescimento de 2,8% para o Brasil e 5,2% para a economia mundial.

A projeção do Fundo para o Brasil é mais otimista do que a dos economistas consultados na pesquisa Focus do Banco Central (3,17%). O próprio BC projeta crescimento de 3,6%.

Ainda assim, o Brasil deve crescer menos do que a média dos países da América Latina e Caribe (4,6%), das economistas avançadas (5,1%) e dos países emergentes (6,7%). O Fundo prevê que a inflação no Brasil fique em 4,6% (2021) e 4,0% (2022).

A taxa de desemprego, por sua vez, iria de 13,2% no final de 2020 para 14,5% neste ano, voltando ao patamar do ano passado apenas em 2022.

O FMI afirma que, embora ainda haja grande incerteza sobre a evolução da pandemia no mundo todo, uma saída da crise econômica e de saúde é cada vez mais visível.

A instituição cita não só o desenvolvimento de vacinas, mas também adaptações de diversos setores que permitiram uma recuperação mais forte do que a prevista anteriormente em várias economias.

Segundo o Fundo, o apoio fiscal adicional em algumas economias, especialmente nos Estados Unidos, eleva ainda mais as perspectivas econômicas. O FMI estima que a contração de 3,3% da economia global em 2020 poderia ter sido três vezes maior sem essas medidas de apoio.

Entre as mudanças nas projeções, destaca-se no relatório a revisão do crescimento dos EUA, de 5,1% para 6,4%. O país aprovou neste ano um Plano de Resgate da Economia e anunciou um programa de infraestrutura de US$ 2 trilhões em oito anos.

“Estamos agora projetando uma recuperação mais forte em 2021 e 2022 para a economia global, em comparação com nossa previsão anterior, com crescimento projetado em 6% em 2021 e 4,4% em 2022. No entanto, há desafios assustadores, relacionados a divergências na velocidade de recuperação tanto entre como dentro dos países e os potenciais danos econômicos permanentes decorrentes da crise”, diz Gita Gopinath, conselheira econômica e diretora de pesquisa do Fundo.

O FMI destaca que a China já voltou ao patamar pré-crise, os EUA devem voltar neste ano, mas vários países só vão alcançar essa retomada em 2023. O PIB per capita deve recuar cerca de 20% de 2020 a 2022 nos países emergentes, ante 11% nos desenvolvidos.

A crise atual provavelmente vai reverter os ganhos na redução da pobreza, na avaliação do FMI, com um adicional de 95 milhões de pessoas que devem ter entrado nas fileiras da extrema pobreza em 2020 e mais 80 milhões de subnutridos.

“A desigualdade de renda dentro dos países provavelmente aumentará, porque os jovens trabalhadores e aqueles com habilidades relativamente inferiores permanecem mais afetados, não apenas nos mercados avançados, mas também emergentes e economias em desenvolvimento. No último grupo de países, as taxas de emprego feminino permanecem abaixo dos homens, agravando essas disparidades”, diz o Fundo no relatório.

“Como a crise acelerou as forças transformadoras da digitalização e automação, muitos dos empregos perdidos não devem ser recuperados, exigindo a realocação de trabalhadores entre os setores.”

No documento, o Fundo também destaca a importância das políticas de distanciamento social, que no Brasil têm sido criticadas pelo governo federal, para reduzir os problemas causados pela pandemia.

“Distanciamento social, vacinas e tratamentos têm ajudado a desacelerar o progresso do vírus e salvado vidas”, diz o relatório.

O Fundo diz ainda que, em algumas economias, principalmente as desenvolvidas, é esperada uma ampla disponibilidade de vacinas em meados de 2021. Na maioria dos países, no entanto, isso só será alcançado no segundo semestre de 2022.
A instituição trabalha com um cenário em que uma proteção eficaz combinada com testes e rastreamento aprimorados vão reduzir as transmissões locais a níveis baixos em todos os lugares até o final de 2022.

“Dentro deste quadro global, a implantação da vacina será escalonada entre as regiões, com alguns países saindo da crise muito mais cedo e com novas cepas forçando ocasionais e localizados bloqueios antes que as vacinas se tornem amplamente disponíveis”, diz o Fundo.

“Essas restrições devem ter menos impacto na atividade do que nas ondas anteriores por causa de sua natureza mais direcionada.”

Segundo o FMI, a América Latina é uma das regiões em que, com algumas exceções (Chile, Costa Rica e México), a maioria dos países não garantiu vacinas suficientes para cobrir suas populações. EDUARDO CUCOLO/FOLHAPRESS

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