Dia do Trabalhador para quem trabalha todos os dias

O primeiro dia do mês de maio é dedicado aos trabalhadores. É feriado nacional. Mas nem todos podem desfrutar do dia de folga. Neste data, alguns órgãos públicos, casas lotéricas e vários setores do comércio não funcionarão. Outros segmentos priorizam o “chamado horário especial” nos feriados que caem no meio de semana. Entretanto, tem setores que não permitem tempo para folga. Nesta reportagem, o DIÁRIO DO RIO DOCE ouviu profissionais que dedicam a maior parte do seu tempo ao trabalho.

Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, hospital, call center e portaria são alguns exemplos de que o feriado do Dia do Trabalhador é apenas mais um dia qualquer de serviço. Vanessa Pedro Nunes vive três rotinas de trabalho e estudos quase todos os dias: durante a noite atua como técnica de enfermagem na UTI Neonatal no Hospital Municipal; durante o dia estuda na Faculdade de Direito do Vale do Rio Doce (FADIVALE); e na parte da tarde vai para o estágio, em um escritório de advocacia no centro de Valadares. “Desde 1998 trabalho na área da saúde. Eram dois hospitais no início. Hoje trabalho apenas no Hospital Municipal. Mas, mesmo assim, tem dias em que nossa jornada precisa de dois extras, às vezes por necessidade do próprio hospital ou da gente mesmo. Todos os setores que envolvem vida, a gente tem que ter muita atenção, principalmente com crianças prematuras. É um cuidado especial”, conta.

Perto de completar o último período de direito, Vanessa relata como é passo a passo de sua rotina até chegar em casa. “Eu já saio do Hospital e vou direto para a Faculdade, depois passo em casa, dou uma olhada nos filhos e venho para o escritório. Depois volto para cobrir plantões no hospital. Mas já me acostumei com esse ritmo. Lá no escritório é supertranquilo, porque todos me dão suporte para os estudos”. Questionada que hora dorme, Vanessa brinca: “Eu durmo uma noite sim, uma noite não. Às vezes é preciso um café forte, passar uma água no rosto. Mas, a partir do ano que vem, se Deus quiser, estarei mais tranquila com a minha rotina. Vou apenas estudar para a prova da Ordem dos Advogados (OAB). Mãe de três filhos, Vanessa ainda precisa encontrar tempo para cuidar da casa. “Às vezes a gente precisa explicar para eles o motivo de trabalhar tanto. Mesmo assim, sinto deles uma falta de carinho e a presença de mãe. Eu paro tudo que estou fazendo e dou atenção para eles”, conta.

Vanessa Nunes concilia a vida de técnica de enfermagem e escritório de advocacia. FOTOS: Eduardo Lima/Divulgação

Rotina também pesada para quem trabalha na Polícia Militar. No Sexto Batalhão, em Governador Valadares (6ºBPM/GV), por exemplo, a aspirante Alice Almeida conta que hoje é dia de trabalho. “Durante o feriado do Dia do Trabalhador, a Polícia Militar irá funcionar normalmente, uma vez que sua função de preservação da ordem pública se trata de um serviço essencial. Assim, as viaturas do turno serão lançadas normalmente, atendendo a todos os serviços do nosso portfólio, como policiamento preventivo, patrulha de trânsito, policiamento ambiental, policiamento rodoviário, atendimento 190, patrulha de prevenção à violência doméstica, patrulha rural, monitoramento das câmeras do Olho Vivo, Bases de Segurança Comunitária, motopatrulha, além da segurança dos nossos quartéis”, explicou. Orgulhosa da profissão, Alice afirma que, assim que entrou para segurança pública, deu adeus à vida social. “Nós abdicamos de folgas nos finais de semana; muitas vezes somos escalados em horários noturnos; abdicamos de passar aniversários e outros momentos em família, bem como de feriados e outros eventos. É uma escolha que fazemos em prol de servir à sociedade. Nosso serviço exige de nós abnegação em benefício de algo maior, que é garantir o bem-estar das pessoas, através da preservação da ordem pública”, diz.

A aspirante Alice Almeida conta como é a rotina no Sexto Batalhão em Governador Valadares.

Outro que não tem tempo para descanso é Gerson Alves. Ele trabalha na portaria de um edifício no centro de Governador Valadares desde 2004. Apesar de não ser um serviço que exija esforço físico, até porque passa grande parte do tempo sentado, Gerson afirma que sofre com cansaço e solidão nos feriados. “Meu trabalho consiste em abrir o portão, filtrar as visitas, separar correspondências, ficar atento durante as entradas e saídas de visitantes. Parece fácil, mas essa vida tem trazido problemas para minha saúde. Ficar muito tempo no trabalho, de domingo a domingo, essa é a vida de quem trabalha como porteiro”, conta.

Gerson Alves trabalha como porteiro em um edifício no centro de Valadares

DIA DO TRABALHO OU DIA DO TRABALHADOR?

A expressão “Dia do Trabalho” ou “Dia do Trabalhador” passou a ser muito utilizada em referência à data comemorativa do dia 1º de maio. Muitas pessoas consideram ser mais adequada a segunda opção, pois faz referência ao trabalhador. Para a maioria, chamar a data de “Dia do Trabalho” não é o mais adequado, pois enfatiza o trabalho, ato de criar e produzir bens e serviços em troca de uma remuneração. Porém, no Brasil, as duas opções ainda são válidas.

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