Decisão sobre retorno presencial das escolas em Valadares será definida nesta quarta (28)

Prefeito André Merlo se reuniu com diretores de escolas para debater retorno das aulas presenciais no município, e disse que nesta quarta (28) sairá um decreto oficial

Havia uma expectativa entre as instituições de educação de Governador Valadares sobre o retorno das atividades presenciais. Inclusive, diante da informação de que escolas de Belo Horizonte e cidades vizinhas já anunciaram o retorno presencial. Entretanto, a Prefeitura Valadares publicou um novo decreto nesta segunda-feira (26) que suspende o retorno das aulas presenciais. A decisão também suspende o funcionamento dos serviços de transporte escolar na cidade.

Uma reunião foi realizada nesta terça feira (27) com representantes das escolas, a fim de discutir a situação e definir uma nova data para que essa retomada aconteça. De acordo com a Prefeitura, amanhã sairá um decreto com a decisão sobre o retorno ou não as atividades presenciais nas salas de aula.

No dia 12 de fevereiro, o prefeito André Merlo (PSDB) havia autorizado o retorno das aulas presenciais em 58 instituições de ensino particular. Para isso, cada instituição teve de apresentar um plano de retomada das atividades presenciais, obedecendo todas as normas sanitárias. Mas, após o governador Romeu Zema decretar onda roxa em todo o estado, no dia 17 de março, as aulas foram suspensas novamente.

Prefeito se reúne com diretores de escolas para debater retorno

A definição sobre a reabertura das escolas em Valadares foi debatida hoje no 5º andar da prefeitura de Valadares. A reunião foi transmitida ao vivo pelo Facebook e contou com a presença do prefeito André Merlo (PSDB), do vice prefeito David Barroso, do secretário municipal de Educação, Geraldo Lemos Prata, e da secretária municipal de Saúde, Carol Sangali.

O debate foi amplo. De um lado, diretores de escolas particulares pediam o retorno imediato das aulas presenciais; do outro lado, os sindicatos pediam a continuidade do ensino online, até que todos os professores sejam vacinados. A decisão ficará nas mãos do Poder Executivo.

“Estamos sempre à procura de equilíbrio em todas as situações. Amanhã (27) sairá um decreto sobre as definições do retorno das aulas presenciais. Mas já adianto que no fim desta semana não haverá aulas presenciais”, disse André durante a live.

O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Nordeste Mineiro – Sinepe/NE-MG, Samuel Lara de Araújo, afirmou ser a favor do retorno presencial. “Apoiamos o retorno presencial o mais rápido possível, dentro do protocolo estabelecido pela Prefeitura. Quero desabar que em nenhum momento a escola privada pode ser taxada de mercantilista, que só pensa no dinheiro. Nós temos escolas tradicionais em Governador Valadares que pensam muito além do comercial, principalmente os colégios religiosos, que nasceram de um ideal muito diferente do comercial, mas zelando pelo compromisso com a educação e a cidadania”, disse.

Representantes de escolas de idiomas em Valadares também pediram o retorno imediato das atividades em sala de aula. Rúbia Socorro Coelho Menezes, diretora do Colégio Rúbia Coelho, também defendeu o retorno. “Sabemos que o momento é delicado. Mas não podemos permitir a educação de portas fechadas. O maior caminho da educação é a socialização. Não é conteúdo que educa, mas sim estar presente com os pares. E como isso vai acontecer diante de uma tela? Os órgãos de saúde orientam que crianças e adolescentes não devem ficar diante de uma tela por tanto tempo. Escola não tem covid, não é lá que a doença aparece. Somos fiscalizados duas, três ou quatro vezes na semana e tomamos todos os cuidados. O retorno precisa ser anunciado imediatamente. Professores estão chorando com essa situação”, afirmou.

Escolas particulares tradicionais em Valadares, o Colégio Ibituruna e o Instituto Imaculada Conceição foram procurados pelo DRD, mas preferiram não emitir nenhum pronunciamento a respeito no assunto.

Sindicatos são contra o retorno e pedem agilidade na vacinação de professores

Embora o governo do estado já tenha solicitado ao Ministério da Saúde que professores e profissionais da área da educação tenham prioridade no Plano Nacional de Imunização (PNI), a vacinação desse grupo ainda não se iniciou.

Para Hélcia Quintão, ex-professora e diretora do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro/GV), ainda não é o momento para o retorno presencial. “Continuamos na mesma posição de antes. Queremos vacinas para todos os profissionais de educação. Lembramos também que Valadares, mesmo fora da onda roxa, ainda tem fila de espera nos leitos de UTI-COVID nas redes pública e particular. Portanto, creio que ainda não é seguro voltar”, defende.

Hélcia Quintão afirma que o retorno também envolve um jogo de interesses das instituições particulares, que pressionam o retorno híbrido. “É um jogo de interesses. O próprio prefeito de Valadares entende que nem todas as escolas conseguem cumprir os protocolos sanitários, só as particulares. Se ele liberar o retorno presencial só das particulares, estará ainda mais evidente a exclusão e desigualdade do nosso sistema”, opina.

A presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Governador Valadares (Sinsem-GV), Sandra Perpétuo, também pediu agilidade na vacinação dos profissionais de educação. “Destacamos que o Sinsem-GV é a favor das aulas presenciais na rede de ensino, mas somente quando garantidas as questões de segurança, que perpassam pela vacinação e condições sanitárias das escolas, salas de aulas, banheiros, testagem em massa. Defendemos o trabalho das pessoas, mas em primeiro lugar priorizar a segurança desses trabalhadores”, disse.

Recentemente, o Sinsem-GV e outros sindicatos educacionais visitaram algumas escolas do município. “Em uma comissão que reuniu cinco sindicatos da cidade, avaliamos 17 escolas estaduais e municipais de acordo com os protocolos de saúde e constatamos que nossas escolas não têm condições de funcionamento presencial. Para esse enfrentamento iremos buscar diálogo com a Secretaria Municipal de Educação e o prefeito”, destacou.

O professor do ensino médio público Wellington também se posiciona contra o retorno presencial e ainda alerta para a chegada do inverno, que pode piorar e aumentar os casos de doenças respiratórias em ambientes fechados. “Abrir as escolas quando estamos nos aproximando do inverno, período com histórico de maior transmissão de doenças respiratórias em nosso país, e ainda em um momento que o número de mortes esta altíssimo, será um genocídio, que não será representado através de um numeral, mas sim de um substantivo próprio pertencente a uma família”, afirmou.

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